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Vt.🥷🏻

   Comecei no crime, eu era novão.

Meu pai sempre me disse que a minha mãe era uma vagabunda, que morreu com a cara, mergulhada no pó.

  Tenho a impressão de que ele só fala isso, porque ela me abandonou com ele e foi embora.

Viciada, maldita!

Mas ele mesmo quase não tinha tempo para mim. Deixou eu ser criado por uma branquela safada, outra que amaldiçoava a minha mãe de todas as formas que podia, mas na primeira oportunidade trocou meu coroa por um gringo; e meteu o pé.

Outra vagabunda!

Estourou uma guerra na comunidade, pegaram meu pai na covardia. Picotaram ele todinho, deixaram por uns dias os pedaços em frente a minha casa.

Tive que sair, saindo. Se não, o próximo corpo a ser picotado, seria o meu. Meti o pé para a comunidade vizinha, mas infelizmente eu "herdei" um vício.

Maconha.

Era ela, ou eu não dormia. Era ela, ou eu não sentia fome. Menor novão, fiquei sem pai e mãe novinho.

  A maior covardia com o sujeito.

Fui pego na entrada da favela com o bolso cheio de maconha e cola. Os caras me esculacharam, brincaram com a cara do sujeito mermo. Até cuspida na cara, eu tomei.

  Fui parar lá no reformatório.

Mas não pense que aquele cenário lindo que passa na tv, não. Lá é completamente diferente!

  No reformatório você faz serviços de limpeza, tem uma área de estudos, campo de futebol e comida.

  Mas também tem os abusos. Se tu não fizer o que um grande de lá mandar, tu apanha de cassetete, ganha corte no corpo e ainda fica trinta dias na solitária, de castigo.

  Na minha visão é a pior parte.

Tu fica igual cachorro lá dentro. Só tem uma cama, uma privada solitária e um buraco na porta, que é trancado; e só é aberto para comida ou quando um deles quer tirar onda com a tua cara.

Também tem os menores que são piores que a gente, mas quer meter moral de grandão porque estão lá a mais tempo.

Se não fosse meu pai, conhecido por todo mundo. Eu tinha virado bucha ou viado na mão deles, porque ainda tem isso.

È uns manos que estão há anos sem ver mulher, tudo na faixa etária dos quinze, com o tesão lá nas alturas. Aí ver um menor quietinho, acuadinho, já quer logo fazer de mulher.

Doideira.

Mas foi lá também que conheci meu melhor amigo, hoje meu braço direito no morro.

Davi Lima.

O menor chegou todo errado, cheio de marra, querendo dormir sozinho. Sendo que lá tu só dorme sozinho, se for na solitária. Se for dormir nas celas, dorme amontoado mermo; e torcer para cair na cela dos menores que são bonzinhos, porque se cair na dos com a mente maliciosa, tu se ferra lá mermo.

Sorte dele que caiu na minha cela.

  Depois de uma semana, ele se acalmou e eu conversei com ele. Já estava ligado que tinha uns menores que queriam fazer covardia com ele, porque ele só vivia pelos cantos chorando pela mãe.
Tirando ele para menor fraco.

Era para eu ter deixado, mas alguma coisa dizia para defender aquele menor com toda a minha força; é assim que fiz.

Armamos uma fuga.

Refém Where stories live. Discover now