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Davi Lima.

Nunca mais peço ajuda, papo só.

Nego aqui brinca muito!

  Conversei com o VT. Já que eu estava bolado com a situação da Inara. Mesmo mostrando as fotos da caixa, ela não conseguia acreditar em mim. Foi para casa e me bloqueou até no PIX. Falou que não quer me ver nem com reflexo alinhado, cheio de ouro maciço, trajado de Hugo Boss. O bagulho ali ficou de verdade.

Eu crente que ele ia me dar uns conselhos, tipo: "Conversa com ela" "dá flores" esses bagulhos.

Hãm!

Que nada.

O doidão me tirou o celular do bolso, digitou e me colocou para falar com uma doidona. A mulher já atendeu gemendo, me chamando de "meu amor". Mandei os dois irem dar meia hora com o relógio parado, a doidona falou que, se fosse para mim, não precisava nem consertar o "relógio".

Ó, os papos dessa mina, cara... Meti logo o pé.

VT brinca mais que a brincadeira.

Tive que fazer o que meu coração mandou.

Esperei alguns segundos, toquei mais uma vez a campainha. Nada! Quando eu me virei para ir embora, a mãe dela abriu.

Inaraí: Oi, Davi! Quanto tempo eu não te vejo. —A mulher pretinha, de cabelos cacheados bem curtos, em um black redondo. Me recebeu na porta com o maior sorrisão.

Davi: Eu não venho pela tua filha, mermo. Falou que eu só posso vir aqui quando pedir ela em namoro. — Inaraí deu risada e balançou a cabeça em negação, me dando espaço para entrar. Assim fiz, parando perto de um quadro branco com uma foto das gêmeas.

Inara com um espaço grandão no meio dos dentes, cheia de bagulho colorido no cabelo, usando uma roupa da Barbie.

Minha princesa banguela.

Abri um sorriso de lado, olhando aquela foto.

Inaraí: Ela ama essa foto. — Comentou e eu olhei para ela. — Foi no dia em que vocês se conheceram. Lembra?

Davi: Lembro mermo... O cabelo cheio de bagulho colorido, maior espação nos dentes. — Comentei, Inaraí deu risada e balançou a cabeça em negação, me analisando.

Inaraí: Ela passou o dia inteiro reclamando dos dentes, depois que tu falou isso. Foi um trabalhão para fazer ela aceitar os dentes dela. Depois eles cresceram e toda vez que ela passa por essa foto, ri falando que você nunca se esqueceu dos dentes dela.

Davi: No nosso primeiro beijo, eu falei disso para ela. Fazia por mal, não, tá ligado? Era apelido carinhoso. Até para a minha mãe, eu a chamava assim. — Passei a mão no meu reflexo recém-cortado, pensando naquele dia que nunca saíra da minha mente.

Engraçado que todas as noites, eu sonho com isso.

Inaraí: Você chama ela de sapo também? — Me olhou, apertando os olhos e eu dei risada, passando a mão na minha nuca.

Davi: Não, aquilo ali foi gastando mermo.

Inaraí: Sei... — Ela disse rindo, mas depois a sua expressão mudou, tomando espaço a uma bem séria, enquanto me analisava e se aproximava. — Como você, cresceu, Davi... Conseguiu se erguer mediante a uma situação tão complicada mesmo sendo apenas um menino.— Passou a mão carinhosamente pelo meu rosto e, por alguns segundos, eu me permiti receber um carinho de uma mulher sem ser a Inara.

Com os meus olhos fechados, sentindo o carinho daquela mulher, com cheiro de perfume de baunilha. Abri um sorriso mínimo sem mostrar os dentes e ela parou me fazendo olhar para ela.

Refém Where stories live. Discover now