44.

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Menor t.

A proposta era boa, mermo.

Parecia que eu estava sonhando acordado.

O Ezequiel de anos atrás já estaria separando chuteira, roupa, se virando para pintar o cabelo.

Mas, o menor t está ligado, que esse bagulho é furada.

Ezequiel: Pô, indiazinha. Eu te agradeço pela proposta, de coração, mermo. – Ela abriu um sorriso tão lindo, marcando as covinhas que ela tinha nas bochechas. Fiquei até com pena de continuar. — mas, eu não quero, não. — Na mesma hora, a Bruna desfez o sorriso e me olhou com uma expressão que eu não sabia se era de dúvida, tristeza ou decepção.

Bruna Isabelly: Por quê? Será bom para você. Conversarei com o meu pai. Em poucos meses, você já está jogando fora.

Ezequiel: Estou ligado em tudo isso. Mas, eu não quero.

Bruna Isabelly: Você pode me dizer o motivo? — Perguntou nitidamente irritada.

Ezequiel: Posso, sim, claro. Eu não posso sair da vida em que estou para jogar futebol fora. Fiz uma promessa para o comando. Só saio morto. — Bruna me olhou como se eu fosse um maluco. Eu era mermo. Ela já entrou ligada nisso.

Bruna Isabelly: E essa promessa vale mais que a sua vida? Você ficou em coma por uma semana e eu não vi o "comando" aqui para te ajudar. — Fez aspas com os dedos e eu respirei fundo.

Ezequiel: Não fala merda, não, Bruna. O Vt ficou o tempo todo aqui me vigiando. Tenho certeza que ele moveu vários bagulhos para que eu pudesse acordar.

Bruna Isabelly: E eu acho que ele não se importaria em te tirar disso tudo, se você dissesse que você recebeu uma oportunidade que vai mudar a sua vida.

Ezequiel: "Tirar disso tudo..."— Repeti e dei risada. Essa garota é muita ingênua. Vive no mundinho rosa dela, então acha que o mundo todo funciona dessa cor também.— Tu acha que isso aqui é o que, Bruna? Um jogo? Que eu entro, faço as missões e depois saio para jogar um melhor? Aqui é vida real. Acorda! Não é porque no teu mundo os bagulhos funcionam fácil, que no meu, as coisas vão funcionar também.

Bruna Isabelly: Não precisa falar assim comigo. Eu estou tentando te ajudar! Em momento nenhum, eu disse que o meu "mundinho cor de rosa" como você tanto diz, vai funcionar da mesma forma que o seu. Que por sinal, não é um mundinho cor de rosa, mas tudo bem.— Respirou fundo e continuou falando. — Mas, a partir do momento que eu vejo que posso tirar alguém que eu gosto tanto da morte. Eu vou tentar sim tirar.

Ezequiel: Eu agradeço por você ter esse coração grandão, mas eu não quero.

Bruna Isabelly: É incrível como você não consegue perceber que esse é o seu recomeço. Estou te oferecendo uma vida nova, muito melhor que a que você está vivendo. Pensa, por favor!

Tive a sensação de que já tinha vivido essa "cena" uma vez.

A palavra "recomeço" ficou fazendo eco na minha mente.

Despertei, ouvindo a Bruna me chamar.

Ezequiel: A minha resposta eu já te dei.

Bruna Isabelly: Gosto muito de você, mas eu não ficarei com alguém que quer jogar a vida fora.

Ezequiel: Não tem ninguém te segurando aqui, não, indiazinha. Tu fica se tu quiser.— Falei sério e ela olhou para mim, toda boladinha.

Bruna Isabelly: Você tem certeza disso? Quer que eu vá embora?

Ezequiel: Eu não quero que tu vá embora, não. Quero tu aqui comigo, até o fim. Mas, se tu merma não quiser ficar, eu não vou te prender. — Comigo é assim. Gosto muito dela, me amarro mermo. Mas, de onde vem uma, vem dez. Se ela não me quer do jeito que eu sou, última forma para ela. Mó paz total.

Refém Where stories live. Discover now