37.

0 0 0
                                    



Davi Lima.

Davi: Fazia o que com a Camila, cara? Olha as coisas que tu tá falando. Me tirando para manipulador.

Inara: Em momento nenhum eu te "tirei" para manipulador. Simplesmente não tenho mais cinco aninhos e nem sou adolescente para cair em chantagem emocional. Ou você dá o papo reto, ou não fala nada! — Falou toda decidida.

Fiquei até tonto.

Davi: JAE. Meu papo, eu já te dei. Abraça se quiser! Vou ganhar. — Ela levantou o polegar, mandando um "joia" para mim, balancei a minha cabeça concordando.

Dez a zero ela.

Última forma, mermo.

  Meti o pé da casa dela. Sem tempo para as ideias tortas dessa mina.

...

Davi: Tudo pronto? — Todos responderam em uníssono "sim". — Seguinte. Menor, vai render o motorista. Usa a touca ninja e esconde esse cabelo roxo, não dá vacilo, hein! — Ele balançou a cabeça em concordância, concentrado. Gosto assim. — Patatá vai chegar por trás..— Ele fez uma careta e na minha mente veio um "lá ele". Acho que na dele também, por morder os beiços, segurando a risada, e eu me mantive na postura. — Vai fazer isso e vai conferir se a carga está certa. As armas estão no fundo do caminhão. O resto é Coca Cola, mermo. Ficará para os moradores.

Menor t: Quando é bagulho assim de roubo de carga, não chama atenção da polícia, não?

Davi: Chamar, até chama. Por isso que vai geral mascarado.

Menor t: E o caminhão?

Davi: O caminhão não entra na favela. Tem os menor que vão descarregar e dá o jeito deles para trazer as cocas para cá sem chamar atenção da polícia. Já não é mais problema meu.

Kn: Sempre tem um novato que se ferra, marola. — Deu risada e eu balancei a cabeça, rindo.

Davi: É a vida, fiel. Daqui a pouco eles fazem o mesmo com outros menores que eles e assim vai, sucessivamente.

Kn: Papo reto.

Davi: Dispia, não, rapaziada. Kn vai com o Patatá conferir. JAE? Todo mundo entendeu? — Eles disseram em uníssono "sim."

Olhei as horas no meu Rolex, nove e meia. Respirei fundo, guardei a minha touca ninja, coloquei a minha arma no coldre e olhei para cima, fazendo uma oração pedindo proteção.

Depois nos juntamos e rezamos o pai nosso.


Descemos para a pista, cada um em um carro para não chamar muita atenção.

Davi: VT falou que o motorista acabou de jantar, está indo agora com o caminhão para a fábrica. Atividade, atividade! — Falei no rádio, transmissor, enquanto Menor t estava no volante. — Virou piloto, né, menor? Quero só ver se na hora do caô tu larga o volante. — Falei irônico e ele riu, negando com a cabeça.

Menor t: Jamais, patrão. Sou invicto. Não largo, nunca! — Falou convicto e eu sorri, balançando a cabeça em concordância. Olhei no retrovisor, o carro do patatá estava um pouco mais atrás do nosso.



Estacionamos o carro um pouco afastado da fábrica. Desci, colocando a minha touca ninja. Menor t fez o mesmo, depois colocou um boné preto, escondendo o cabelo de beterraba. Nos olhamos, fiz um sinal para ele ir para o mesmo lado que eu, porque eu já tinha avistado o cara mijando ali na parede.

Destravei a minha pistola e andei devagarinho na direção dele. Maluco estava tão concentrado mijando, que nem escutou o som que a mata fazia, conforme os nossos tênis, pisavam nela.

Refém Where stories live. Discover now