1 Skyfall - Adele

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Pov. Mikaela.

Uma flecha desliza pelo ar silencioso de Paris e o homem dobra a esquina se esquivando dela.

Três e meia da madrugada de sábado. Garotas de dezessete anos normais estariam em suas camas quentes a esta hora.

E desde quando eu, Mikaela Jones, sou normal?

Desde...bem...

Nunca?

Já que desde os meus 12 anos, tia Adelle me criou para ser uma assassina. Passei pelos mais bruscos testes: luta corporal, lançar facas, atirar, me defender e saber me soltar de amarras.

Basicamente ela me transformou numa máquina de matar.

Pego mais uma flecha da aljava e a posiciono no arco, ao soltar ela crava no ombro da criatura. O homem grunhiu e continuou fugindo, mas dessa vez desacelerando.

Duas flechas fincadas em seu corpo, uma no ombro e o restante da outra no braço, elas estavam banhadas em verbena, o que ocasionou a diminuição da velocidade do vampiro.

Sim, um vampiro.

Teria que ser rápida, meu tempo estava acabando, se ele entrasse nas catacumbas eu não conseguiria pegá-lo. Nenhum caçador é louco de entrar em um covil de vampiros sozinho. Tá, eu era uma pessoa que faria isso, mas eu precisava estar viva para meu objetivo, e entrar naquele covil sozinha é suicídio, por mais que uma pontada de audácia circulasse em meu sangue.

Corro pela Rue Mouton-Duvernet, Paris dormia àquela hora, um silêncio assustador, a capa vermelha balançava com o vento.

O Vampiro estava a poucos metros de mim, outra flecha não funcionaria se eu não o acertasse no coração, o deixaria mais lento e gastaria mais flechas. Por impulso coloquei a mão na aljava não me importando, só não contava que ela estaria vazia.

Merde!

Xingo mentalmente e levo a mão em minha coxa pegando o revólver com balas de madeira do cinto de armas, atiro no joelho e a criatura cai urrando como um animal.

Chego perto e bato com a arma na cabeça do vampiro, ele mostra os dentes e tenta alcançar meu pescoço, mas logo recua ao ver o talismã em formato de cruz banhado em verbena que balançava acima de meu peito.

Ele era forte, mas eu era treinada, me esquivo de suas mãos e fecho a mão direita socando seu maxilar, já a esquerda leva a arma em seu peito, meu dedo aperta o gatilho.

Um tiro, o barulho ecoa pela rua desértica, por longos segundos minha audição desliga, como uma interferência atrapalhando a conexão de rádio, logo em seguida meus ouvidos voltam ao normal e só é possível escutar minha respiração.

Saio de cima do corpo frio da criatura guardando o revólver no cinto, estico minha coluna e a ouço estalar, coloco o arco em minhas costas.

Estico a mão até minhas botas de salto, na direita sinto em seu interior uma adaga e um isqueiro. Pego-me analisando-o, ele era de prata, gravado com as minhas iniciais MC. Abro a tampa e o acendo quando fricciono o polegar. Jogo no corpo da criatura que arde em chamas rapidamente.

O calor me abraça no meio de toda aquela neve.

Um minuto depois o fogo cessou, não deixando nenhum vestígio, agacho-me e pego meu isqueiro com um lenço, guardando-o novamente na bota.

Mais uma caçada concluída e outra vez eu saio viva.

Limpo o suor da testa com as costas da mão esquerda.

Começo uma caminhada árdua de volta para casa.

Chego na 37 Rue d'Auteuil, parada em frente ao edifício da Academia Chasseur, no térreo as duas lojas de conveniência já estavam abertas, uma de cada lado da porta de madeira dupla.

A Caçadora VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora