15 Pacify Her - Melanie Martinez

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Pov. Mikaela.

Noah tinha feito a coisa certa quando cercou a gente com pó de freixo e sal. Eu não me liguei que esta noite poderia nublar e o resquício de luar que existia poderia se extinguir.

Chegamos em um consenso que ninguém seguiria sozinho. Rick e Thomas ficaram com o andar debaixo e eu e Noah com o de cima. Estava segura novamente, lanterna em uma mão e revólver na outra.

O piso de madeira rangia a cada passo, teias de aranha se instalavam nos cantos da parede, a cada passo uma pegada no chão empoeirado era desenhada. Somente meus passos que rangiam, Noah era o mais silencioso possível.

– Por que você anda com eles? – pergunto quebrando o gelo.

Noah suspira.

– Cresci com eles, Rick pode parecer que vai te matar, mas não vai, ele só tá ali impedindo o Thomas de se machucar – ele passa a mão no cabelo – e o Thomas, às vezes dá uma crise nele de falar o que não deveria, uns picos de raiva incontroláveis e aí ele desconta nas palavras, sem a raiva ele é uma ótima pessoa.

Rio-me sarcástica.

– Uma boa pessoa que assassinou outras boas pessoas.

– Olha Mikaela eu sinto muito, sinto mesmo, Thomas não queria ter feito aquilo, ele não queria ter causado a morte dos seus pais, ele não queria ser assassino. Foi um acidente.

– É, e se eu simplesmente escorregar, acionar o gatilho e a bala entrar no meio da sua cabeça, eles entenderão como acidente?

Noah suspira.

– É óbvio que não.

– Exatamente!

– Mikaela. – Noah parou de andar e me encarou sério. – Sinceramente, você é uma pessoa muito legal. Mas reze para que nós não estejamos lá, mas reze muito, principalmente pro Rick porque ele vai te caçar no inferno se for preciso. Se for matar o Thomas, desapareça do mapa.

– Eu perdi tudo, Noah.

– Não, você só perdeu seus pais, Thomas perdeu a família inteira e continua de pé, ele não foi atrás da sua avó por isso, ele não vai matar a sua tia ou você por isso. Ele aguentou, não sei como, mas aguentou.

Barulho de vidro quebrando interrompe a conversa, minhas costas e as de Noah se colam, giramos passando a luz da lanterna em tudo.

– NOAH! – Rick grita lá embaixo e ele corre me deixando sozinha.

Óbvio que ele correria, foi o Rick e eu era a intrusa.

O medo me assombra novamente, acho que esqueceram o lance de ninguém ficar sozinho. Comecei a andar olhando os cômodos no andar de cima, eu estava atenta a tudo, pisava com cautela, minha respiração acelerava.

A luz da minha lanterna começou a piscar. Ah não, pelo amor... a luz apagou. MERDA. Escuro. Sentia os pelos do meu braço eriçarem, meu coração começa a martelar minha caixa torácica.

Escuro, era um dos meus medos. Hipócrita para uma caçadora, ou talvez não. Os monstros se escondem no escuro.

O Bicho Papão mexia com meus sentimentos.

Sinto a parede atrás de mim, pelo menos não seria atacada pelas costas, minha visão naquele escuro só funcionava 10%. Engulo seco, o revólver tremia em minha mão, abaixo-me pegando o isqueiro na minha bota, ele não acendia. Passei o dedo mais uma vez e a chama se formou, um pingo de felicidade passou nas minhas veias.

Conseguia ver um metro à minha frente, era melhor que nada. Eu estava numa sala, havia duas poltronas posicionadas em formato de L e no centro uma mesinha com um lampião, fui correndo até ele, o acendi com o isqueiro. A sala se iluminou um pouco, havia quadros nas paredes, pinturas a óleo e fotos.

A Caçadora VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora