13 Monster - Lady Gaga

2 1 0
                                    

Pov. Mikaela.

Não recebi notícias de Thomas, mas também não apareci em nenhum outro show. Dei um tempo em tudo isso. Ele me assustou ao entrar em meu quarto na madrugada que eu estive fora. Fenrir é mais astuto do que eu pensava e meu plano não poderia ter erros.

Mesmo depois da Lua Cheia ele não deu sinal de vida, fazendo minha vida ser um tédio. Não contava com o fato de Thomas Fenrir ser um lobisomem tão controlado. Nenhuma tentativa de assassinato, nenhuma morte suspeita.

Nada.

Apenas o mórbido silêncio.

Tive que me concentrar na escola para conseguir passar de ano. Minhas notas caíram um pouco por causa da mudança repentina, mas eu consegui deixar tudo sob controle. Adeus segundo ano do ensino médio! Finalmente férias de verão.

Não me contento em ir bem na escola, ou em ser convidada para dançar no baile. Todas essas coisas são bobagens. Quero viver, caçar e ver o sobrenatural com minhas próprias mãos, mas parece que tudo isso parou de existir no momento que li aquela maldita carta.

Seja muito bem vinda a minha cidade, Pesadelo.

As rosas murcharam ao passar dos dias e o papel já estava tão amassado de tantas vezes que o li.

Tia Adelle mal voltou do Texas e já teve que embarcar no próximo voo para as terras francesas. Uma parte de mim queria ir com ela. Ridgeville não era minha casa, mas Paris...é o meu lar.

– Não se esqueça do que conversamos – proferiu Adelle após beijar a minha testa e sair correndo com a mala de rodinhas pelo aeroporto de Atlanta.

Mas isso também faz algumas semanas. Sentada à mesa do café, enquanto tomava suco de laranja folheava o jornal do condado e alguma coisa me chamara atenção.

Crianças assassinadas em seus próprios quartos, um Serial Killer solto em Summerville, quinta morte consecutiva em 1 ano.

Finalmente!

Isso me cheirava a sobrenatural, peguei meu computador e pesquisei a respeito. Cinco crianças assassinadas de forma brutal em seus próprios quartos, encontradas sem alguns órgãos. Os pais disseram ter escutado um barulho no telhado na noite anterior ao acharem as crianças mortas em seus quartos.

Lobisomem?

Pesquisei o calendário lunar e não havia nada de Lua Cheia. Pelo contrário, todos os ataques aconteceram em noites sem luar. Mas isso não significava que lobisomens não poderiam atacar. A criatura provavelmente estava se refugiando em algum lugar da cidade enquanto esperava uma noite sem luar.

Durante o almoço passei o tempo que pude na internet revisando sites, procurando livros sobre mitologia e sobrenatural.

Bicho papão.

Pelo visto não é só mais uma historinha para aterrorizar crianças.

Existem várias lendas e culturas ao redor do mundo. Segundo a crença ele se esconde no quarto de crianças e as estripa durante a noite, são normalmente metamorfos que só saem em noites sem luar. A luz da lua e os raios solares queimam sua pele, nos tempos de luar a criatura se refugia em construções abandonadas, faminta por órgãos novos, normalmente fígados e corações.

Olhei para o calendário, este mês teria uma noite sem luar e ela aconteceria em uma semana. Em 6 dias estaria em Summerville caçando a coisa antes de mais uma criança ser morta.

. . .

No feriado de quatro de julho todo mundo estava festejando, mas eu caí de cara em pesquisas, ao longo da semana havia pego mais informações sobre a criatura, nada em nenhum lugar me dizia como matá-la. Meu quarto nessa altura do campeonato se transformara em um arsenal particular.

Flechas, balas, revólver, adagas, arco, tudo e muito mais que um caçador precisaria. Coloquei mais algumas coisas, que talvez precisasse, dentro de uma mochila marrom.

Visto o cinto de armas carregado de munições, minhas adagas gêmeas na parte de dentro da coxa, a aljava nas minhas costas, o revólver com balas de prata e ferro fundido no cós da calça.

Olho para os papeis em cima da minha escrivaninha, uma casa abandonada em Summerville e a localização dela no mapa. Jogo as folhas na mochila e a coloco nas costas, parando em frente a porta, respiro fundo. Pego o talismã em meu pescoço, uma cruz de madeira benzida, e a beijo.

– São Bento, água benta, Jesus Cristo no altar. Arredai bicho mau, filha de Deus vai passar. São Humberto, protegei minhas costas, e que à minha frente eu me livre de todo o mal.

Abro a porta descendo as escadas, já estava escuro, minha avó estava na sala, apenas olhou para mim e sorriu. Caçadores nunca se despediam antes de uma caçada, se fizessem isso, a caçada já estaria perdida.

Subo na moto, escuto seu motor rugir. Olho para o céu, somente é possível notar o sorriso de Cheshire, o gato de Alice. A Lua Nova era apenas um traço no manto escuro e cheio de purpurina.

A estrada até Summerville estava movimentada, porém a cidade era tão calma quanto um campo de margaridas. Estacionei no meio de algumas árvores, onde já era possível ver a casa abandonada. 121 Alpine Rd.

O breu tomava a rua, o poste de iluminação não era perto da construção e a Lua não iluminava nada. Pego a lanterna na mochila. Pisando no assoalho da casa, a madeira rangeu e a adrenalina corria em minhas veias, coloquei a mão na maçaneta empoeirada, trancado.

Levo minha mão na nuca, retiro um grampo de cabelo e o encaixo na tranca virando, ouço um click e a porta se abre. Quando entrei na casa, o cheiro de mofo me atingiu, ligo a lanterna e pego o revólver. A cada passo que eu dava era um rangido diferente.

Alguns móveis velhos e empoeirados constituíam a sala, lâmpada quebrada no teto, algumas folhas de jornal soltas pelo chão, datavam de 2009.

Revistada a sala inteira passo para a cozinha. O lugar era frio, na pia um restante de louça, abro a geladeira velha e fecho no mesmo instante segurando o vômito, comida apodrecida.

Passo a lanterna pelo resto do cômodo, uma prateleira cheia de teias de aranha trazia consigo taças de vinho imundas, me aproximo mais para olhar de perto e escuto um barulho no andar de cima.

Aí está você.

Meu coração dispara, saio da cozinha lentamente e subo as escadas tentando ser o mais silenciosa possível no meio daqueles rangidos do inferno.

No segundo andar, vou em direção a um dos quartos e pressinto algo passando atrás de mim. Giro meu corpo e meu antebraço tromba em alguma coisa fazendo com que minha lanterna despenque da minha mão e desligue ao tocar o chão.

Merde!

Começo a sentir medo, o que poderia levar à minha morte. Eu mal enxergava naquele lugar, meus pulmões não trabalhavam o suficiente para me manter calma. Se não me acalmar, ele virá atrás de mim.

Viro-me novamente e vejo algo negro no chão, algo grande. Puta merda, ele já está aqui. Aperto o gatilho, uma, duas, três vezes e não acerto a coisa.

Ela segura o braço da arma e o direciona para cima. Eu não conseguia me mexer já que a criatura era sobrenaturalmente forte. Jogou-me contra a parede e me segurou firme. Minha visão foi pro caralho, eu não enxergava um palmo à minha frente. Somente pressentia vultos. Ela tapou minha boca, eu me debati, mas a criatura era forte demais. Seus olhos brilham em vermelho.

– Shhh – sussurrou em meu ouvido.

Senti seu hálito na minha bochecha. Sua garra coloca uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. Eu vou morrer.

– Sou eu, Jones – aquela voz fez um relâmpago percorrer minhas veias e arrepiar meus pelos, não sei se agradecia aos céus por não ser o Bicho Papão ou se xingo por ser quem era.

A Caçadora VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora