Pov. Mikaela.
O sonho da Mikaelinha de dez anos vai se realizar essa noite.
Fútil?
Claro.
Suicida?
Talvez.
Je m'en bat les couilles!
Adrenalina?
Com toda certeza do mundo.
Que garota no mundo nunca desejou ser uma estrela?
Levanto-me da mesa.
– Onde você vai? – Isabela questiona.
Ignoro voltando para o balcão onde outrora eu havia visto um microfone. O objeto não é tão leve quanto eu esperava. Verifico a bateria. Totalmente carregado.
Perfeito.
Levanto os olhos, Thomas sorria de olhos fechados enquanto cantava o último verso de Can't Help Falling in Love quase beijando o microfone no centro do palco.
É agora.
Volte para o caixão Presley, é hora da Gaga brilhar.
Bad Romance sempre foi minha música preferida.
Ligo o microfone, por causa do som da interferência que não era audível aos ouvidos humanos Thomas abriu os olhos, não tinha mais volta.
– Oh-oh-oh-oh-oh, oh-oh-oh-oh, oh-oh-oh – brilharei com a melhor de todas. – Caught in a Bad romance – o bar fica em silêncio, as pessoas viram a cabeça na minha direção. Todos olhavam para mim, inclusive ele.
Richard e Noah me encararam assustados, ninguém estava esperando por isso. Eu os peguei desprevenidos. O som da guitarra se inicia, Thomas dedilhava o instrumento tentando entrar no ritmo. Seus dois amigos estão perdidos, então Fenrir inclina a cabeça de uma maneira que instrui eles começarem a tocar também.
Cameron não pesava suas baquetas na bateria deixando a minha voz se sobressair. Richard fazia poucos acordes complementando Thomas.
Nós quatro fizemos uma versão rock de Bad Romance.
– I want your ugly, I want your disease – começo andar pelo bar em direção ao palco. Os saltos das minhas botas ecoavam pelo piso ainda mais altos que a bateria. Sentia o olhar de todos em minhas costas queimando como picadas de abelha, principalmente do cara da tequila. – I want your everything as long as it 's free. I want your love Love, love, love. I want your love.
A altura do palco dava no meu quadril. Virei de costas sentando no solado de madeira para conseguir subir no palco apoiando minha mão esquerda no chão. Richard me ofereceu a mão, mas seus olhos escondiam uma fúria tão grande capaz de me fulminar inteira, tudo questão de performance, aceitei sua ajuda.
A mão do ruivo era bem quente, ele me colocou de pé, equilibrei-me no salto e percebi o quão alto ele era. Menor que Noah, do mesmo tamanho que Thomas, mas ainda sim alto.
– I want your drama, the touch of your hand. I want your leather-studded kiss in the sand – coloco as mãos nas costas de Richard com apenas uma sentindo os músculos definidos de seus ombros fortes. Olhei para o lado, Thomas manuseava as cordas e não tirava os olhos de mim nem por um segundo.
Deixo Richard e vou até Noah, ele me fita, eu pisco e seu rosto cora por um momento. Fecho os olhos na frente da bateria, mexendo meus quadris de forma lenta e sensual enquanto os versos deixavam meus lábios.
Respiro devagar sentindo a adrenalina correr pelas minhas veias. Abro os olhos e sigo até o de cabelos pretos. Encosto minhas costas nas suas. Consigo sentir a tensão dos seus músculos através do couro da jaqueta.
– I want your horror, I want your design – passo a mão pelo meu corpo rebolando meus quadris e descendo alguns centímetros sensualmente. – 'Cause you're a criminal as long as you're mine.
A plateia nos assistia com olhos vidrados.
Passei a mão pelas costas de Thomas e com poucos passos fiquei cara a cara com um predador.
– ... you know that I need you – olho no fundo de seus olhos. Ah aquela cor, o mar do Caribe me chamando.
Para não perder a cabeça, Thomas ocupava suas mãos com as cordas de sua guitarra, fazendo acordes melodiosos.
Nossa diferença de altura era mais do que dez centímetros.
– I want it bad, your bad romance. I want your love, and I want your revenge. – Aponto para o peito dele, mordendo o lábio de leve como se estivesse suplicando. – You and me could write a bad romance.
Não havia medo. Não havia ódio. A única coisa que havia nos lindos olhos de Thomas Fenrir era um desejo escuro como uma noite sem lua no meio de uma floresta escura e desconhecida. Um labirinto sem saída.
– I want your love and all your lover's revenge.
Eu estava a dois palmos de Thomas, quando dou um passo para frente ele dá um para trás, seu sapato enrosca no fio da caixa de som. Fenrir se desequilibra e acaba caindo, apoiando uma mão no chão para não ser uma queda ridícula.
Ele não levanta. O cara simplesmente continuou tocando como se nada tivesse acontecido. O guitarrista estava sentado no assoalho, então eu coloco meu pé sobre seu peito fazendo-o chocar com as costas no chão.
A plateia foi à loucura.
Pude ver um lampejo em seus olhos. Os olhos de um Alpha. Não era mais o mar do Caribe caloroso e convidativo. Não, aquele era o Rio Nilo banhado a sangue, mostrando-me quem ele realmente é.
Levo o microfone à boca, não conseguindo desviar o olhar e ele muito menos quebra essa conexão estranha.
– I want your love, and I want your revenge. – Sentia seu coração pulsar abaixo da sola da bota. – I want your love, I don't wanna be friends.
Nunca seremos amigos.
– J'veux ton amour, et je veux ta revanche.
Olhando para a plateia vejo de relance um lampejo de sorriso em seus lábios.
– I want your love and all your lover's revenge. – Estava completamente extasiada, quando voltei a olhar aqueles olhos um arrepio passou pela minha espinha. – You and me could write a bad romance.
Resta um silêncio avassalador por poucos segundos e depois uma salva de palmas e assobios. Olho para Thomas pela última vez, tiro meu pé de seu peito e sai correndo pela multidão.
– Ei, espera! – ouço-o chamar, mas já tinha saído pela porta da frente.
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A Caçadora Vermelha
RomancePara todos aqueles que redescobriram a magia dos contos de fadas e se apaixonaram por 'Enemies to Lovers', este livro é dedicado para vocês. Mas antes de mergulharem novamente nesse universo, eu tenho um recado muito importante: A netinha nunca cheg...