3 Judas - Lady Gaga

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Pov. Mikaela.

Naquele mesmo domingo às onze da noite embarcamos com o destino à Atlanta. No avião a fileira que pegamos era só nossa, o voo não estava cheio por ser domingo.

Sentada as minhas longas pernas ficavam espremidas na poltrona do avião, com os fones de ouvido, escutando a rainha, a perfeita, a cantora que idolatro, a maravilhosa Lady Gaga.

Fecho os olhos e não consigo dormir, eu estava ansiosa demais, tento me lembrar do ano novo de seis anos atrás quando eu encontrei ele, a memória não me ajuda, estava desfocado.

Tia Adelle nunca me mostrou nenhuma foto dele, então eu teria que descobrir sozinha, liguei meu celular e abri o Instagram, procurei pelo seu nome e era o primeiro que apareceu, sua conta era pública.

A primeira coisa que entrei foi em um vídeo, três garotos em cima de um palco, um loiro atrás de uma bateria, um ruivo tocando uma guitarra com detalhes em fogo e um de cabelo preto tocando uma guitarra com raios azuis.

Os dois guitarristas não se contentavam em só tocar no palco, eles iam e interagiam com a plateia, o ruivo foi e sentou em uma cadeira, já o de cabelo preto subiu em cima da mesa e dançava enquanto dedilhava o instrumento, suas mãos eram ligeiras e precisas.

O vídeo termina e passo para as fotos, os dois estavam presentes, pude ver melhor suas características. Eu pegava os três, do loirinho de olhos azuis ao ruivo que parecia um anjo de tanta beleza. Afasto meus pensamentos indecentes.

Passei pra foto debaixo e quase engasguei com o ar, aquele era o assassino de meus pais, ele não parecia um monstro, ele parecia um deus, nórdico? Grego? Não sei dizer.

... Jesus is my virtue. And Judas is the demon I cling to, I cling to – Judas de Lady Gaga tocava em meu fone.

Cabelo preto, olhos azuis mar do caribe, sorrisinho debochado, barba por fazer. Fecho os olhos. Ele é o assassino de meus pais e não um príncipe encantado. Talvez um vilão bonito. Como diabos vou matá-lo...?

Olho novamente para a foto, bom... ele deve ser cobiçado pela sua beleza na cidade. Por que não ser mais uma menina do ensino médio louca de amor por um guitarrista de olhos azuis?

Fecho os olhos novamente.

– Quem é a hipócrita ? – questiona Adelle em meu ouvido e eu abro os olhos. – A beleza no mundo selvagem quer dizer perigo, tudo nele é convidativo para você se apaixonar e no fim ser encontrada morta nos lençóis ensanguentados dele.

– Quem será encontrado frio e apodrecendo na própria cama será ele! – digo friamente.

. . .

Desembarcamos em Atlanta quando o sol já estava alto no céu, toda a burocracia de entrega de malas, eu estava louca para ir ao banheiro.

Quando voltei Adelle já estava com todas as malas do lado de uma mulher de cabelos grisalhos curtos, de um jeito elegante, já cheguei a abraçando.

– Oi, Vovó.

– Minha querida... – Colocou a mão em meu rosto. – Está tão linda!

Eu sorrio.

– Minha princesinha cresceu!

Saímos no estacionamento do Aeroporto Internacional de Atlanta Hartsfield-Jackson, Vovó tinha um carro SUV, eu não era muito boa com nomes de veículos, mas era um carro grande e cinza.

Sentei no banco de trás e ela começou a dirigir em direção a Ridgeville. Estava cansada da viagem e apaguei no carro mesmo.

Acordo assustada, com um pesadelo que eu não tinha há anos. O mesmo sonho ruim. Eu sozinha na mata escura, com vários barulhos e olhos vermelhos saindo do meio das folhagens.

Olho para a janela do carro, ele já estava estacionado, com o porta malas aberto.

– Finalmente acordou – comenta Vovó.

Levanto-me, estava toda torta, o que causou dor no pescoço, coço os olhos e saio do carro.

– Bem vinda a sua nova casa – Vovó beija minha testa.

Uma casa de madeira amarela clara, um caminho de pedregulhos levava até a porta da frente. No quintal, uma árvore grande com folhas verdes, e outra do lado da casa, já estava seca, morta. O endereço era 228 S Main St.

Pego duas malas e ando pelo caminho de pedregulhos, subo os degraus com uma mala de cada vez. As cercas na entrada eram brancas.

Abro a porta, era uma casa decorada, tenho vagas lembranças, mas a decoração era a mesma pelo o que pude reparar.

– Seu quarto é lá em cima – comenta Adelle.

Subo as escadas e abro uma porta de madeira, meu quarto tinha um espaço bom, uma cama de casal, um grande guarda-roupa, escrivaninha e algumas prateleiras, estava completamente sem decoração, tinha um banheiro, e uma janela que dava para fora, vi que do lado direito ficava a árvore morta.

Desço para pegar mais uma mala que faltava. Vovó me entrega um porta-retratos.

– Aquele no sótão, era o quarto do Jacob.

Jacob Jones Chasseur era meu pai, encaro a fotografia. Um homem alto de cabelos escuros e cacheados, olhos castanhos de terno preto segurando uma mulher loira, de olhos verdes e vestido branco. Marlene Black, minha mãe, que resolveu ficar com o nome de solteira mesmo depois de casada.

Era a foto do casamento deles, foram mortos tão jovens.

– A vingança está chegando, Papai.

A Caçadora VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora