Dominada por Eles - Série Milionários 03

Capítulo 24

LEON GUTTOMERSEN

Os dias que se seguiram foram uma montanha-russa de emoções, mas agora, finalmente, estávamos indo para um lugar que me trazia certa paz: a casa dos meus pais. A casa onde eu cresci, onde tinha lembranças felizes e, especialmente, onde sabia que Talita podia encontrar um pouco de tranquilidade. Assim que o carro parou em frente à casa de meus pais, eu virei para Talita e segurei sua mão.

— Pronta para encarar minha mãe? — perguntei, sorrindo.

Ela sorriu de volta, aquele sorriso que me fazia esquecer tudo o que havia de ruim no mundo, nem que fosse só por um momento.

— Pronta. Estou até com saudade dela — respondeu, sua voz suave.

Saímos do carro, e assim que entramos pela porta da frente, minha mãe, Mariana, já apareceu com aquele brilho no olhar e um abraço caloroso.

— Talita! Você finalmente veio! — ela exclamou, puxando-a para um abraço apertado.

Mariana sempre foi assim, calorosa e acolhedora. Ela tratava Talita como se fosse parte da família desde o início, o que fazia meu coração se encher de um orgulho que eu mal podia explicar. Minha mãe era uma das pessoas mais gentis que eu conhecia.

— Oi, Mari — Talita respondeu, abraçando-a de volta, os olhos fechados, quase como se estivesse absorvendo todo o carinho de minha mãe.

— Leon, venha aqui! Não vai me dar um abraço também? — minha mãe me olhou, sorrindo. Eu a abracei, e a senti rir suavemente contra meu peito. Ela se afastou, passando as mãos pelo meu rosto, como fazia desde que eu era criança.

— Vocês estão magros, os dois. Precisam comer direito — ela disse, o tom de preocupação genuíno. — Onde está Lukas?

— Trabalhando com Thomas — respondeu Talita.

— Estamos bem, mãe. Prometo — respondi.

Antes que ela pudesse dizer algo mais, Erik apareceu no corredor, com um sorriso brincalhão nos lábios.

— Ah, lá vêm eles. Vocês não se cansam de monopolizar a atenção da mãe Mari? — ele provocou.

Eu ri, e Talita fez o mesmo, um riso leve que parecia aliviar o peso dos últimos dias.

— Estou tentando roubar a atenção dela, mas acho que é impossível competir com Leon — ela brincou, e Erik colocou a mão no peito, fingindo estar ofendido.

— Ah, isso é um golpe baixo, Talita. Eu não sou páreo para o "queridinho" da mamãe — Erik disse, fazendo aspas com os dedos. — Isso porque Lukas e Sara não estão aqui.

Minha mãe balançou a cabeça, reprovando as provocações, mas eu sabia que ela gostava desse tipo de interação. Era como se fôssemos todos crianças de novo, sem preocupações no mundo.

— Ah, Erik, deixe de ser bobo. Todos sabem que você é meu favorito — minha mãe respondeu, piscando para ele.

— Ei, isso não é justo — brinquei, rindo, e todos riram junto comigo.

A leveza daquele momento era algo que eu precisava desesperadamente. E ver Talita rindo, brincando com Erik, fazia tudo valer a pena. Eu sabia que os últimos meses tinham sido difíceis para ela, mas ver aquele sorriso verdadeiro no rosto dela me dava esperanças de que as coisas poderiam melhorar.

Foi então que meu pai, Isaac, entrou na sala, segurando um envelope.

— Vocês chegaram na hora certa — ele disse, olhando para mim e Talita. — Acabamos de receber um convite importante.

— Convite? — perguntei, franzindo o cenho.

— Um baile de gala — ele respondeu, entregando-me o envelope. — Acontecerá daqui a uma semana, na mansão do presidente.

Peguei o convite e o abri, lendo rapidamente. Meu pai não parecia muito animado, o que era um pouco estranho.

— Um baile na mansão do presidente? — perguntei, um pouco desconfiado.

Talita olhou para mim, e eu vi a faísca de determinação em seus olhos. Ela sabia o que isso significava — uma chance de conseguir mais informações sobre o tráfico de mulheres, especialmente agora que tínhamos uma pista sobre os envolvidos. Nós precisávamos estar lá.

— Vamos, Leon — ela disse suavemente. — Pode ser a nossa chance. Precisamos avisar Lukas.

Eu assenti, olhando para meu pai.

— Estaremos lá, sem problemas — disse.

Minha mãe pareceu se animar com a ideia do baile.

— Eu estou ansiosa para ir às compras com a Liv e a Talita. Temos que encontrar os vestidos perfeitos para esse baile! — disse minha mãe, empolgada.

Ela já estava saindo da sala, falando sobre ligar para Liv e ir imediatamente à mansão para que as três pudessem ir ao shopping. Eu e meu pai trocamos um olhar — a empolgação de Mariana não era surpresa.

Assim que minha mãe saiu, meu pai se aproximou de mim, o olhar preocupado.

— Leon, precisamos conversar — ele disse, e fez um gesto para que o seguisse até o canto da sala.

— O que foi, pai? — perguntei, percebendo o tom sério em sua voz.

Isaac olhou para mim, a expressão carregada.

— Eu sei que algo está acontecendo, filho. Eu posso ver nos seus olhos, e nos da Talita também. Vocês estão diferentes, tensos. Não posso deixar de me preocupar. Principalmente Lukas! Nele eu nem falo.

Eu suspirei, passando a mão pelo cabelo, tentando encontrar as palavras certas. Eu queria que meu pai soubesse, mas ao mesmo tempo, quanto menos pessoas soubessem sobre os detalhes, mais seguro seria.

— Pai, há muita coisa acontecendo agora. É complicado, mas estamos lidando com isso. Só preciso que confie em nós, ok?

Ele ficou em silêncio por um momento, observando meu rosto, e então assentiu.

— Eu confio em vocês, Leon. Sempre confiei. Só quero que saibam que, se precisarem de ajuda, estarei aqui. Eu e sua mãe, nós dois estamos aqui para vocês.

Aquelas palavras mexeram comigo mais do que eu esperava. Eu sabia que tinha o apoio deles, mas ouvir isso era diferente. Senti um nó se formar em minha garganta, e apenas assenti.

— Obrigado, pai. Isso significa muito para mim — consegui dizer, a voz um pouco rouca.

Meu pai colocou a mão no meu ombro e apertou levemente.

— Só não se esqueça disso, ok? Vocês não estão sozinhos.