Capítulo 12

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LUKAS GUTTOMERSEN

A madrugada avançava, e o silêncio do quarto era quase opressor. Eu estava sentado na poltrona ao lado da cama de Talita, observando sua respiração suave, enquanto minha mente vagava entre raiva e preocupação. Leon tinha ido à mansão dos nossos pais, ver como nossa mãe estava e levar notícias sobre Talita. Eu, por outro lado, não conseguia sair do lado dela. Como poderia? Depois de tudo que descobrimos, eu não a deixaria sozinha.

Ela começou a se mexer levemente, um gemido fraco escapando de seus lábios. Em poucos segundos, seus olhos se abriram devagar, confusos. Talita piscou algumas vezes, tentando entender onde estava. Seu olhar vagou pelo quarto até encontrar o soro que pingava lentamente em sua veia. Ela franziu a testa, o que só reforçou a fragilidade dela naquele momento.

— O que... o que eu estou fazendo aqui? — Sua voz saiu baixa, rouca, quase um sussurro.

Eu senti um aperto no peito. Não sabia exatamente como começar a explicar. Levantei-me da poltrona e comecei a andar pelo quarto, evitando encará-la de imediato. Mantive as costas voltadas para ela, incapaz de esconder minha inquietação.

— Você... desmaiou quando o bispo veio visitá-la — murmurei, minha voz pesada de tensão.

Houve um momento de silêncio antes que eu ouvisse o som da agulha sendo arrancada de sua pele. Virei-me a tempo de ver Talita se levantar da cama, instável, puxando o soro com uma expressão de pânico no rosto. Ela se aproximou de mim lentamente, com dificuldade, seus passos hesitantes e sua respiração acelerada.

Antes que eu pudesse reagir, senti suas mãos tocarem minhas costas, agarrando minha camisa como se eu fosse a última coisa que a mantinha no chão. Ela estava tremendo, e cada toque dela me fazia sentir um peso que eu não sabia como suportar. Respirei fundo, tentando encontrar as palavras certas, mas não havia como suavizar o que estava prestes a ser dito.

— Nós... descobrimos algo, Talita. — Senti seu corpo enrijecer contra o meu, e então ela se afastou devagar, os olhos me encarando com uma mistura de medo e expectativa.

Meu coração apertou. Quando olhei para seu rosto, percebi o quão frágil ela realmente estava, e quase desisti de contar. Mas não podia mentir, não para ela.

— Você está grávida.

As palavras saíram com dificuldade, e vi sua expressão mudar instantaneamente. Um sorriso nervoso e confuso surgiu em seus lábios.

— Isso é impossível — ela murmurou, sua voz entrecortada. — Eu... sou virgem.

Mas então, algo dentro dela travou. Seu olhar se perdeu em algum ponto distante, e, em seguida, vi o horror tomar conta de seus olhos enquanto as memórias vinham como flashes. Sem dizer nada, ela se virou e correu para o banheiro. Segui-a imediatamente, sem saber o que fazer, apenas sabendo que não poderia deixá-la sozinha.

Ela entrou no banheiro e, com uma rapidez desesperada, arrancou a blusa do corpo. Não se importava com a nudez, estava completamente focada em seu reflexo no espelho. Seus olhos percorreram o próprio corpo, observando seus peitos, agora ligeiramente maiores, e a barriga, que tinha uma leve saliência. Era quase imperceptível, mas ela sabia. E eu sabia.

Ela não gritou, não chorou. Apenas ficou ali, olhando para si mesma com uma expressão vazia, como se estivesse processando tudo o que estava acontecendo.

— Eu... eu não queria acreditar. — Sua voz saiu baixa, quase um sussurro. — Ignorei o espelho porque... eu não queria confirmar o que já sabia.

Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, fui até ela e a puxei para um abraço apertado. Sentir seu corpo tremer contra o meu foi como um golpe. Ela começou a chorar, agarrando-se a mim como se sua vida dependesse disso.

Dominada por Eles - Série Milionários 03Onde histórias criam vida. Descubra agora