LUKAS GUTTOMERSEN
O crepúsculo já tingia o céu com tons de roxo e laranja quando estacionei na frente da mansão. Aquele dia havia sido longo e cheio de reuniões, nada que eu não estivesse acostumado. Mas havia uma sensação de ansiedade no ar, algo que eu não conseguia nomear. Talvez a constante movimentação no submundo que eu e Leon éramos obrigados a lidar.
Enquanto entrava pela porta da frente, uma onda de risadas suaves chegou até meus ouvidos. Curioso, segui o som até a sala de jantar. Ao cruzar o portal, me deparei com uma cena que imediatamente suavizou a tensão em meus ombros: Talita, Leon e Erik estavam à mesa, envoltos em uma conversa leve e animada.
— Ah, então é assim? Vocês nem me esperam mais pra jantar? — brinquei, fingindo ofensa, enquanto me apoiava no batente da porta, de braços cruzados.
Erik, que sempre tinha uma resposta afiada na ponta da língua, não perdeu tempo.
— Primo, pra você reclamar que não te esperamos, primeiro teria que lembrar como é jantar aqui, né? — Ele riu. — A mesma cozinheira por anos e você nunca conseguiu aproveitar uma refeição dela.
Leon balançou a cabeça, rindo, enquanto Talita olhava para mim com um sorriso que me desarmava todas as vezes.
— Ele tem razão, Lukas — provocou Leon. — Parece que você esqueceu o caminho até a mesa de jantar.
— Muito engraçado vocês dois — retruquei com um sorriso, me aproximando e puxando uma cadeira ao lado de Talita. — Acho que vou precisar começar a jantar mais por aqui, então.
A cozinheira, sempre eficiente, logo me trouxe um prato. Enquanto me serviam, lancei um olhar curioso a Talita, que parecia muito mais relaxada do que quando saí pela manhã. A mudança nela era evidente, e isso me intrigava.
— E então, como foi o dia, amor? — perguntei, minha mão pousando casualmente sobre a coxa dela por debaixo da mesa.
Ela desviou os olhos do prato e me olhou com aquele sorriso que só ela sabia dar, suave e cheio de intenções.
— Foi bom. Fui ao shopping com sua mãe e Liv. Precisávamos escolher vestidos para o baile de máscaras. — Ela disse, deslizando a mão suavemente sobre a minha. — E Hulda ficou na mansão, mas Leon já providenciou ajuda para ela. O psicólogo começa na semana que vem.
— Isso é ótimo — respondi, dando uma leve apertada na coxa dela. — Hulda precisa de toda a ajuda possível depois do que passou.
Os olhos de Talita brilharam quando ela se inclinou um pouco mais perto de mim, a voz dela agora mais baixa, mais íntima.
— E você? Onde esteve o dia todo? Não te vi pela manhã.
— Assuntos da organização, nada interessante — respondi de forma casual, mas mantive minha mão onde estava, sentindo o calor da pele dela sob o tecido fino da calça. Antes que a conversa entre nós se aprofundasse mais, Leon interrompeu o momento com uma pontada de ironia.
— Lukas, você lembra que daqui a quatro dias tem o baile de máscaras, certo?
Eu bufei, minha expressão fechando no mesmo instante. Já sabia onde isso ia dar, e o simples pensamento me dava preguiça.
— Não vou mentir, não estou com a mínima vontade de ir — falei, e Talita imediatamente me olhou com curiosidade, como se quisesse saber o porquê.
— E por que não? — ela perguntou, franzindo a testa levemente. Foi então que Leon decidiu me ajudar a explicar o motivo, inclinando-se para perto dela e beijando suavemente seu pescoço, como se tentasse desviar o assunto.
— Porque a família Vinter, os anfitriões, são insuportáveis. As mulheres são soberbas, e os homens... medíocres — disse ele, com um tom de desgosto evidente.
Erik, que não costumava deixar as piadas passarem, deu uma risada curta e complementou:
— Talita, quando você estiver lá, erga o queixo e mantenha a pose. Se a esposa do presidente, Elina, abrir a boca para te dar oi, seja rude antes que ela te engula viva.
Eu não consegui segurar o riso com o comentário de Erik, mas acrescentei, mantendo o tom sério:
— Ele não está brincando, Talita. Elina é uma cobra, assim como todas as outras.
Talita levantou uma sobrancelha, claramente intrigada.
— Como assim, "as outras"? Quantas mulheres o presidente tem?
Leon não conseguiu segurar a risada dessa vez, e respondeu por mim.
— O presidente tem três esposas. Três. E todas são igualmente insuportáveis.
Talita soltou uma gargalhada, seus olhos brilhando de diversão.
— Bem, parece que não estou tão mal, então. Afinal, tenho dois homens.
Eu a observei com admiração, minha mão ainda em sua coxa, enquanto a conversa fluía com naturalidade. Ela sabia exatamente como transformar qualquer momento tenso em algo leve, algo que nos conectava de um jeito especial. Mesmo com todos os perigos e desafios ao nosso redor, ali, naquela mesa, as coisas pareciam estar em ordem, pelo menos por um instante.
— E você está reclamando disso? — perguntei, provocando-a.
— De jeito nenhum — ela sorriu, me encarando com aquele olhar que me desarmava toda vez. — Tenho sorte de ter vocês dois ao meu lado.
— Então vamos subir, terminamos o jantar na nossa cama. — disse Leon, fazendo Erik emitir um barulho de vômito.
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Dominada por Eles - Série Milionários 03
RomanceVol3 - Homens Milionários - Terceiro Livro Talita, uma devota no que acredita, está no monastério há anos após ser abandonada por sua família quando recém-nascida. Mas tudo que ela acreditou foi apenas ilusão, quando percebe que seu destino não será...