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Iolanda Aguiar.

Tudo bem em casa, graças a Deus. Agora minha mãe vive mais feliz, e a gente faz programa de família como antes, sem sair de casa, meus pais não saem do morro, mas assistimos filmes, tomamos banho de piscina juntos e tudo mais.

Mas como minha vida sempre está cheia de problemas, eu estou com suspeita de gravidez. Na verdade eu não sei se eu já devo considerar como suspeita. Posso tá sendo exagerada.

Mas minha menstruação está atrasada há uma semana. E se eu tiver grávida? Vou fazer o que da minha vida?

To fazendo faculdade de medicina, tenho 18 anos e os pais do Gabriel e meus pais nunca iriam aceitar isso.

Hoje eu ia comprar um teste de gravidez, ontem eu dormi na casa do Gabriel e hoje de manhã a gente veio pra faculdade juntos. Só queria saber como eu ia comprar isso sem ele ver.

A sorte é que tem uma farmácia aqui perto. Eu posso ir comprar sozinha, e fazer no banheiro, ele não vai ver. Não quero que ele saiba disso.

A gente não tava em aula agora, estávamos no refeitório e eu não estava afim de comer nada, tava só esperando ele comer.

Gabriel: por que você não quer comer?

- tô sem fome, amor.

Gabriel: Comeu alguma coisa de manhã?

- comi.

Gabriel: de boa então.

- vou na farmácia comprar remédio pra dor de cabeça, tá bom?

Gabriel: espera eu terminar pra eu ir com você.

- é rápido, amor. Termina aí, já eu venho.

Gabriel: tá bom. - eu peguei minha bolsa e vim até a farmácia que era na frente da faculdade, comprei um teste, o melhor que o farmacêutico me indicou, vim pro refeitório novamente e depois eu e o Gabriel viemos pra sala.

As 12:00 enquanto nós estávamos indo pra casa, Gabriel tava procurando a carteira dele que ele tinha perdido. Ele tem essa mania de perder as coisas.

Gabriel: eu jurava que tinha pedido pra você segurar.

- você me entregou, mas depois pegou de volta.

Gabriel: não tá na sua bolsa? - pegou minha bolsa que estava ao nosso meio e eu peguei da mão dele de uma vez.

- deixa que eu procuro...

Gabriel: o que foi? - me olhou. - tá me escondendo alguma coisa?

- claro que não, amor. Só vou procurar pra você.

Gabriel: eu consigo procurar. - tentou pegar a bolsa de volta e se eu não deixasse, ele ia ficar pensando várias besteiras. Soltei a bolsa e passei a mão no cabelo respirando fundo, ele estava prestes a descobrir tudo.

Abriu a bolsa e a primeira coisa que ele viu foi o teste.

Eu tentei não olhar pra ele, mas a voz dele chamou minha atenção.

Gabriel: tava me escondendo isso? - engoli seco e concordei com a cabeça. - você acha que está grávida?

- minha menstruação tá atrasada há duas semanas, nunca atrasou. - eu falei com a voz embargada já querendo chorar.

Gabriel: ia me esconder isso mesmo, Iolanda?

- se desse positivo eu ia te contar!

Gabriel: mas por que você não me avisou isso antes? Falou o que tava acontecendo, eu mesmo tinha comprado pra você e ia fazer com você.

- Eu não quero que der positivo, Gabriel! Vai ser o fim da minha vida.

Gabriel: claro que não, garota! Olha o que tá falando...

- eu não sei se meus pais iriam me aceitar assim, e os seus pais muito menos! Você é o garoto que mora com os pais e é filho único. Vai da logo um neto?

Gabriel: e daí se eles não aceitarem? Nós que vamos criar.

- Vamos criar como? Você não trabalha e eu muito menos. Íamos sustentar essa criança como? - eu já estava começando a me tremer, quando não sei lidar com uma situação eu fico desse jeito.

Gabriel: se acalma, eu tô aqui do teu lado. Não vou deixa você sozinha. - ele me abraçou e beijou meu cabelo.

- vamo pra casa. Preciso fazer esse teste pra ver no que vai da. - a gente veio pra casa dele e os pais dele trabalhando como sempre.

Pai dele é empresário e a mãe dele é médica pediatra então passam o dia fora. 

A gente veio pro quarto dele e ele olhou uma mensagem no celular.

Gabriel: minha mãe pediu pra eu ir no mercado comprar umas coisas pra ela e deixar lá na clínica, ela vai passar a noite lá. Você vai comigo?

- posso ficar ? To com dor de cabeça.

Gabriel: tá bom amor, eu volto logo. Qualquer coisa, a Rafa tá lá pela cozinha. - Rafa é a mulher que faxina a casa dele.

- tá certo.

Gabriel: quando eu chegar a gente faz o teste. - ele me beijou na boca e saiu. Eu deitei na cama dele e fiquei olhando pro teto.

O que eu ia fazer da minha vida se eu realmente estivesse grávida? Eu não podia estar.

Meus pais iam brigar muito comigo, como ia ficar meu pai então? E os pais do Gabriel? A mãe dele até aceitaria, mas o pai dele já não vai muito com a minha cara, ele ia mandar o Gabriel pra fora do país de vez!

Ele tava demorando muito. Peguei o teste dentro da minha bolsa e vim pro banheiro. Fiz xixi em um copinho que tinha e coloquei a ponta do teste dentro. Passou uns minutos e eu vi dois riscos vermelhos. Positivo.

Eu comecei a chorar descontroladamente, me tremia e tentava me acalmar.

- não pode ser... - depois de um tempinho que eu sentei no vaso e fiquei pensando no que tava me acontecendo, peguei o teste e coloquei dentro da minha bolsa, eu não ia jogar no lixo da casa dele, a Rafa podia ver e contar para os pais dele.

Eu jogava no meio da rua, porque lá em casa eu também não ia jogar.

Depois de uns minutos ele chegou, veio até mim e me olhou.

Gabriel: vamo fazer o teste?

- Eu já fiz. - falei olhando ele no olho, já tava querendo chorar de novo, mas eu não poderia parecer preocupada.

Gabriel: por que não me esperou, amor?

- você tava demorando.

Gabriel: pela sua cara já devo imaginar o que deu.

- relaxa, deu negativo, eu tava chorando antes de fazer, tava nervosa, mas não deu nada.

Gabriel: tem certeza que olhou direito?

- sim.

Gabriel: cadê o teste?

- já joguei no lixo lá de fora.

Gabriel: beleza, vem almoçar, depois a gente toma banho e dormimos a tarde inteira, pode ser?  - afirmei com a cabeça e viemos almoçar.

Nova geração.Where stories live. Discover now