Capítulo 21

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Jung Wooyoung


- To preso em uma armadilha. Na sua armadilha.

Sinto um arrepio na nuca ao ouvir essas palavras. O que caralhos ele quiz dizer com isso?

- Ei - dou um sorriso sem graça quando me afasto das testas coladas. - O que quer dizer com isso? - pergunto o fazendo me olhar estranho.

- Porque tem que significar alguma coisa? - pergunta San com um tom pouco irritado tentando colocar a mão no meu rosto e falhando quando recuo.

Acho que o clima estável e bom acabou de acabar.

- Porque a gente tem um combinado.

Fizemos um combinado pouco tempo atrás que só transaríamos e mais nada. Corpo com corpo, sem sentimentos, apenas sexo. 

- E daí? Não é porque eu disse isso que significa que eu não lembre desse combinado de merda. Até porque tu não me deixa esquecer essa porra.  - San está irritado. Sinto isso no tom de sua voz. E o fato dele ter ficado irritado está começando a me deixar irritado. Que merda!

- Não sei porque você está falando nesse tom irritado então. - me levanto da areia ficando de frente para ele que me olha com o rosto fechado. - Até parece que você está mesmo sentindo algo por mim.

Sua expressão muda completamente de fechada para uma sem reação e meu coração vacila. Não isso não pode acontecer. Não tem cabimento isso, nem se nascêssemos em corpos, vidas diferentes. 

- V-Você não está sentindo algo por mim, está? - gaguejo.

Ele não responde nada apenas olha para as mãos. Mano, isso não pode estar acontecendo, era apenas sexo. Quando ele começou a sentir algo por mim?

- Porra cara! - digo em um tom não muito baixo - A gente tinha um combinado!

Levo minha mão para o cabelo desacreditado.

- Não era a minha intenção, ou você acha que eu ia querer gostar de ti? Mesmo sabendo o tanto que tu me odeia?

Meu rosto torce. Odiar? Calma ae, isso é uma palavra muito forte, eu nunca odiei ele, só o que ele fazia, como pode ter essa convicção de que eu o odeio?

- Pera lá. - digo eufórico - Eu nunca disse que te odiava!

San da uma risada anasalada se levantando.

- Não precisa dizer pra saber, suas atitudes sempre demonstraram que você nunca gostou de mim.

Minha memória volta para  o dia em que nos conhecemos lá no ensino médio, a forma como o tratei e venho tratando até agora. Admito que nunca fui muito receptivo com ele mas tenho os meus motivos.

Quem em hipótese alguma seria amigo de alguém tendo o pai dele como um dos "reis" do tráfico? Ainda mais sentir algo a mais por ele? Eu perdi meus pais cedo por causa de drogas, drogas vendidas pelo pai de San, como acha que vou me sentir quando ele chega perto? Não é justo comigo.

- Eu tenho meus motivos para ser assim com você.

- Então diga os seus motivos. Cansei de ser o único a não saber.

- Não.

Ele sorri desacreditado me fazendo começar a perder a paciência. Fecho os olhos para ver se consigo me acalmar, mas está cada vez mais difícil.

- Covarde pra caralho você. - aponta o dedo em meu rosto.

Franzo o cenho assim que ouço essa frase sair de sua boca.

ArmadilhaOnde histórias criam vida. Descubra agora