Operação 10 Desejos - Chaennie

26.

"Nós aceitamos o amor que achamos que merecemos."

-J

O estúdio de fotografia estava em seu auge. Luzes montadas em cada canto, o som constante do clique da câmera ecoava, enquanto eu dava instruções para Rami entre uma pose e outra. Ela estava impecável como sempre, e a sessão de fotos para a nova campanha de nossa marca estava indo muito bem, mas minha cabeça, como de costume, estava em outro lugar.

Eu mal tinha dormido na noite anterior, e não era só por causa do trabalho. Era Rosé. A quimioterapia estava começando, e embora ela estivesse lidando com tudo de uma forma que eu só poderia chamar de incrível, eu sabia que era uma luta diária. Cada vez que eu a via, por mais que ela tentasse esconder, eu podia ver o cansaço em seus olhos. E isso me corroía por dentro.

– Jennie? – a voz de Miyeon, minha secretária, me tirou dos pensamentos.

Ela estava ao meu lado, segurando uma prancheta com a programação do dia.

– Desculpa – disse rapidamente, focando de volta no trabalho. – O que foi?

– A próxima troca de roupa para a Rami já está pronta. E o fotógrafo quer saber se você quer adicionar mais alguma pose antes de seguirmos com a campanha.

Eu observei Rami, que estava posando com a elegância de sempre, a câmera capturando cada detalhe. Ela era uma profissional, sem dúvidas, e tinha o dom de entender o que a marca precisava transmitir. Mas, mesmo assim, meu foco continuava escapando.

– Não, vamos seguir como está. Acho que já conseguimos o que precisávamos com essas primeiras fotos. – Minha voz soou automática, mas minha mente já estava longe novamente.

Miyeon assentiu e se afastou, deixando-me em meio à barulheira do estúdio. Eu observava Rami, mas na minha cabeça, só conseguia pensar em como Rosé estaria naquele momento. Ela sempre dizia que estava bem, sempre com aquele sorriso de quem não queria me preocupar. Mas eu sabia que o tratamento era difícil, mesmo para alguém como ela.

Eu suspirei, ajustando o fone no ouvido para coordenar com a equipe de produção, quando, de repente, a porta do estúdio se abriu.

Me virei para ver quem era, e meu coração parou por um segundo.

Rosé.

Ela estava ali, de pé na porta, com aquele olhar de surpresa misturado com timidez, como se soubesse que sua aparição era inesperada. Seu cabelo estava preso de forma despreocupada, e embora o cansaço estivesse evidente no rosto dela, o sorriso que ela deu ao me ver era mais brilhante do que qualquer luz do estúdio.

Imediatamente, o ambiente ficou tenso. Todos no estúdio sabiam o que Rosé estava passando, então sua presença ali, de surpresa, fez com que todos congelassem por um momento, provavelmente imaginando que algo estava errado.

– Rosé? – minha voz saiu mais aguda do que eu pretendia, enquanto dava um passo em sua direção.

– Eu atrapalhei? – ela perguntou, com aquele sorriso gentil que sempre conseguia desarmar qualquer preocupação.

– Claro que não! – me apressei em responder, indo até ela. – Só fiquei surpresa. O que você está fazendo aqui?

– Eu... queria te ver – ela disse, encolhendo os ombros de forma tímida. – Sei que você está lotada de trabalho, mas senti sua falta.

O aperto no meu peito se soltou um pouco com essas palavras. Eu sorri de volta, mais aliviada, mas ainda assim, não conseguia evitar a preocupação.

– Você está bem? Não deveria estar descansando? – perguntei, meus olhos automaticamente buscando qualquer sinal de cansaço extremo ou desconforto nela.