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"Enquanto houver amor, não importa o que enfrentemos, sempre voltaremos para casa, onde o coração repousa."

-R

- Alô? - minha voz saiu baixa, ainda rouca do sono.

Do outro lado da linha, ouvi a voz calma e grave de meu pai.

- Bom dia, Rosie. Como você está se sentindo hoje?

Respirei fundo, olhando para o horizonte cinzento de Seul, onde a chuva ainda caía levemente. Senti o frio da varanda acariciar minha pele, um contraste com o calor que vinha do quarto onde Jennie ainda dormia. Tentei encontrar palavras para responder a pergunta que parecia simples, mas estava carregada de uma preocupação que eu não queria alimentar.

- Estou... - hesitei por um instante. - Estou lidando com isso, pai. Vai ser um dia difícil, mas eu tenho Jennie ao meu lado.

Meu pai ficou em silêncio por alguns segundos, e eu sabia que ele estava escolhendo suas palavras com cuidado. Ele sempre foi um homem pragmático, mas desde que minha doença progrediu, havia uma doçura em sua voz que eu não estava acostumada a ouvir. Como se, de repente, todas as palavras dele tivessem se tornado preciosas, e ele tivesse medo de que alguma delas fosse a última.

- Eu sei que será um dia difícil, minha filha - disse ele por fim. - Só quero que saiba que estou aqui. Sua mãe e eu estamos com você, em pensamento, o tempo todo.

Fechei os olhos, tentando conter as lágrimas que ameaçavam cair. A ideia de deixar meus pais para trás, de não ser capaz de vê-los envelhecer, de não poder construir a vida que todos imaginavam para mim, era um peso que eu carregava em silêncio.

- Eu sei, pai. E isso me dá forças.

Houve mais uma pausa antes de ele continuar.

- Vamos nos ver logo. E quando esse tratamento passar, quando você estiver mais forte, vamos planejar uma viagem em família, como nos velhos tempos. Eu prometo.

Sorri fracamente, sabendo que ele queria me dar algo em que acreditar. Mesmo que o futuro fosse incerto, meu pai sempre se agarrava à ideia de que tudo poderia voltar ao normal. De que, de alguma forma, o câncer não teria a última palavra.

- Eu adoraria isso - respondi suavemente.

Despedimo-nos em silêncio, com palavras de amor que pareciam insuficientes, mas que carregavam todo o peso das emoções que não ousávamos expressar completamente. Quando desliguei, fiquei um momento na varanda, observando a cidade desperta lá embaixo, antes de voltar para o quarto.

Jennie já estava acordada, sentada na cama com Hank deitado ao lado dela. Seu olhar encontrou o meu, e um sorriso pequeno surgiu em seus lábios, embora seus olhos estivessem cheios de preocupação.

- Você falou com seu pai? - ela perguntou, estendendo a mão para mim.

Assenti, cruzando o quarto e sentando ao lado dela. Hank imediatamente se aninhou no meu colo, como se soubesse que eu precisava de conforto. Jennie segurou minha mão, traçando círculos suaves com o polegar sobre minha pele, como fazia sempre que queria me acalmar.

- Ele está preocupado - murmurei, olhando para Hank, que agora descansava a cabeça nas minhas pernas. - Mas tenta me manter esperançosa.

Jennie se inclinou para beijar o topo da minha cabeça, seus lábios quentes contra o meu cabelo.

- Assim como eu - ela sussurrou. - E você sabe que eu vou estar ao seu lado em cada etapa, não é?

Olhei para ela, sentindo o aperto em meu peito suavizar um pouco. Havia algo no olhar de Jennie, na firmeza de sua voz, que me fazia acreditar que, talvez, de alguma forma, eu poderia passar por isso.

Operação 10 Desejos - ChaennieOnde histórias criam vida. Descubra agora