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"Aquele que ama se importa sem esquivas, cuida sem cobranças e protege sem reticências."

-J

(...)

Acordei no meio da noite com o coração acelerado, como se algo estivesse errado. Estiquei a mão para o lado, encontrando o vazio. Rosé não estava ali.

Levantei rapidamente, tentando não fazer barulho, e a encontrei na sala, sentada no sofá, olhando pela janela. Ela parecia tão pequena naquela imensidão da noite, a luz da lua iluminando seus traços delicados. Por um momento, eu quase me convenci de que tudo estava normal. Quase.

- Não consegui dormir - ela disse, sem me olhar, percebendo minha presença antes que eu pudesse falar qualquer coisa.

- O que houve? - me aproximei devagar, sentindo o frio percorrer minha pele. - Está tudo bem?

Ela virou o rosto, me oferecendo um sorriso leve, mas havia uma tristeza escondida nos seus olhos.

- Só... pensando em tudo - Rosé suspirou e olhou para o céu novamente. - Tem sido dias difíceis, não é?

Sentei ao seu lado, sem saber exatamente o que dizer. Havia algo diferente nela. Talvez fosse o cansaço, ou talvez... algo mais.

- Tem, sim - respondi, pegando sua mão e a apertando levemente. - Mas você tem sido tão forte, Rosé.

Ela deu um sorriso melancólico, sem desviar o olhar da janela.

- Eu me sinto mais fraca a cada dia, Jennie - murmurou. - Hoje... o médico me ligou. Ele disse que os exames não estão bons. O tratamento... talvez não esteja funcionando como esperávamos.

Meu coração apertou. Eu sabia que algo estava errado, mas ouvir isso em voz alta... era diferente. A realidade caía sobre mim como uma tempestade.

- Não - minha voz tremeu, e tentei segurar as lágrimas. - A gente ainda tem tempo, Rosé. Tem que ter.

Ela se virou para mim, e vi algo nos seus olhos que me deixou ainda mais confusa. Ela não parecia abalada, pelo menos não como eu esperava. Rosé sempre foi uma rocha, mas desta vez havia uma leveza nela, uma aceitação que me assustava.

- Não vamos focar nisso agora, Jennie - ela sussurrou, aproximando-se de mim. - Ainda temos momentos para viver. E eu quero viver cada um deles ao seu lado, como se fosse o último.

- Rosé... - tentei falar, mas ela me interrompeu com um beijo suave. Foi um beijo cheio de carinho, quase desesperado, como se quisesse me fazer esquecer do medo que crescia dentro de mim.

Quando ela se afastou, seus olhos brilhavam com uma mistura de amor e determinação.

- Não quero que a gente viva com medo - disse ela, sua voz mais firme agora. - Eu ainda estou aqui, Jennie. Ainda podemos ser felizes. E eu vou aproveitar cada segundo que temos, seja quanto tempo for.

Eu a olhava, sem saber o que responder. Como ela conseguia ser tão forte, mesmo quando o corpo dela estava cada vez mais frágil? Eu queria protegê-la de tudo isso, mas sabia que não podia. O câncer estava avançando, e eu me sentia impotente.

, Eu te amo tanto - sussurrei, encostando minha testa na dela. - Eu só quero que você fique bem.

- Eu estou bem - Rosé sorriu, seus dedos acariciando meu rosto com tanta doçura que me fez esquecer por um instante de todo o resto. - Estou bem, porque estou com você.

Ela sempre teve essa habilidade de me acalmar, de transformar os momentos mais sombrios em algo bonito. E, naquele momento, percebi que, mesmo que a doença estivesse piorando, Rosé não ia se abalar. Ela viveria cada momento com intensidade, e eu faria o mesmo. Não deixaria o medo roubar o que ainda tínhamos.

Operação 10 Desejos - ChaennieOnde histórias criam vida. Descubra agora