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"O mundo empurrou essas pessoas para a beira do precipício. Não menospreze as escolhas delas."

-R

Jennie foi para o apartamento dela e logo em seguida buscaria as Kim's, eu ainda tenho algum tempo para raciocinar qualquer coisa que eu vá dizer nesse jantar.

Desde que acordei fiz dezenas de pesquisas sobre esse câncer, li vários relatos, pesquisei tratamentos e vários lugares e até escrevi algumas coisas para não enlouquecer. Mas a grande verdade é que eu queria chorar tanto quanto Jennie chorou ontem, queria vomitar e desmaiar pra ver se eu consigo sentir algo realmente forte sobre essa notícia, mas até então eu sinto apenas um nervoso... Mas um nervoso de tipo será que vou conseguir essa vaga e não do tipo eu tenho meses de vida. E eu não consigo dizer se isso é bom ou ruim, mas eu queria poder sentir algo mais forte, pois tenho medo desse baque me pegar em um momento que não deveria. Queria sentir frustação, raiva e dor agora no começo e não daqui dois meses quando eu estiver em um momento importante e do nada eu entrar em um colapso nervoso, seria mais doloroso do que sentir agora. Sinto que meu cérebro não processou a informação suficientemente para eu reagir e isso está mexendo comigo.

Estou sentada na beira da pisicina, ja estou bem vestida com um vestido de seda na cor creme, meus pés estão descalços já que os coloquei dentro da psicina, queria sentir alguma sensação de paz por alguns minutos. A taça sobre minha mão mal tinha sido tocada, estava com medo de beber muito e perder o juízo sendo que às pessoas mal chegaram.

Nesse momento eu me encontro pensando nas coisas e nos anos que eu irei perder por um maldito câncer. Por que? Tinha que ser exatamente eu ou olharam pra mim e falaram "ai ela tem que sofrer, pode ser ela". Por que eu não vejo razão nehuma para isso acontecer, sempre me cuidei e na minha família não tem nenhum histórico de câncer. Então eu realmente não vejo sentido.

Sinto meu rosto queimar, as lágrimas caíram sem aviso. Mas não as limpei, eu tenho direito de chorar. Meu corpo precisa liberar alguma coisa, qualquer coisinha que seja.

Tomo um pequeno gole do vinho e observo meus pés se mexerem dentro da água que estava refletindo a grande lua, é tão lindo. Então começo a chorar mais ainda.

É completamente normal ter a idéia de que todos vamos morrer algum dia, mas sempre pensamos nisso como algo distante, bem longe. Longe o suficiente para vivermos o suficiente.

Olho para cima afim de suspirar e me controlar, eles devem estar chegando. Largo a taça no chão e limpo meu rosto, levanto do chão e vou até a toalha que eu tinha deixado sobre a espreguiçadeira e assim me seco e retorno para sala da minha casa, deixando o copo para trás. Pego meu celular e confiro as notificações.

"Estamos subindo, a Lisa ta INSUPORTÁVEL!!!!"

Dou uma risada sincera com a mensagem deixada por Jennie. Minha melhor amiga está carregando um anjinho, mas deve ser tão cansativo ao mesmo tempo. As duas mamães devem estar de cabelo em pé.

E assim que largo o celular escuto a campainha. Vou até a porta e abro encontrando as pessoas mais especiais que apareceram na minha vida.

Lisa deu uma corridinha tão fofa para me abraçar que senti meus olhos marejarem.

- Rosieeee, eu estava sentindo tanto sua falta. - ela disse no meu ouvido, abraçar ela com a barriga tão grande é engraçado. - A pequena Minji também sabia? - nos soltamos e abaixei para abraçar apenas a barriga.

Operação 10 Desejos - ChaennieOnde histórias criam vida. Descubra agora