""Deamhan mòr" -

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"O grande Thomas Shelby, Vazio e solitário. O dinheiro lhe abençoe, depois do sangue e das lágrimas" — 

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O som das botas de Thomas ressoava nas escadas enquanto ele subia do porão. Seu corpo estava pesado, coberto de sangue e sujo de suor e fuligem. Nas mãos, o martelo ensanguentado e o cigarro mal aceso. Seus olhos estavam vazios, sombrios, o cheiro de álcool o rodeava. Ele caminhava com passos pesados e trôpegos, sua mente girando entre a raiva, o luto e a embriaguez.

Quando alcançou o topo das escadas, ele parou ao ver Violett parada na cozinha. Ela estava de camisola, seu corpo pequeno e pálido envolto em tecido leve, os cabelos soltos caindo em ondas sobre os ombros. Ela segurava um copo de água, o olhar ainda sonolento, mas agora tomado por uma preocupação evidente.

"Thomas, o que aconteceu?" ela perguntou, sua voz quebrando o silêncio da madrugada. Seus olhos varreram a figura dele, percebendo o sangue, o martelo, o cigarro, o olhar devastado. Era uma visão que trazia inquietação, mas também pena.

Ele deu de ombros, a tragada no cigarro apenas uma desculpa para não responder de imediato. "Negócios," respondeu, sua voz arrastada e rouca. "Só... negócios."

Mas não eram apenas negócios. Thomas estava devastado, preso na dor da perda de John e na raiva insuportável que o corroía. Torturar o homem que causou a morte do irmão deveria tê-lo trazido algum alívio, mas tudo o que sentia era um vazio ainda maior. Ele afogava-se em álcool, em violência, em desespero.

Violett, sem se importar com o sangue, com o cheiro, com o perigo que o rodeava, deu um passo à frente. "Eu sinto muito por John," ela sussurrou, suas palavras carregadas de compaixão. Ela conhecia a dor da perda. Sabia o que era perder alguém tão próximo, tão amado. E sabia que, por mais que Thomas escondesse, ele estava em pedaços por dentro.

Antes que ele pudesse reagir, Violett o abraçou pelas costas, aconchegando o corpo delicado dela contra o dele, ignorando o sangue que manchava sua camisola. Foi um gesto simples, mas poderoso. Um ato de amor e compaixão que quebrou algo dentro de Thomas. Ele permaneceu imóvel por um instante, surpreso pelo toque, sentindo o calor dela contrastando com o frio que dominava sua alma.

Então, lentamente, ele se virou. Sem dizer uma palavra, ele envolveu Violett em seus braços, apertando-a contra seu corpo, o rosto enterrado nos cabelos dela. O cheiro doce e suave dela misturava-se ao odor acre de sangue e álcool, mas de alguma forma, isso o acalmava. Pela primeira vez naquela noite, ele sentiu-se... humano.

Ele abraçou-a como se ela fosse seu último ponto de apoio, como se soltar fosse deixá-lo cair em um abismo sem fim. O toque suave dos dedos dela nos seus cabelos trazia um conforto que ele não sabia que precisava, mas que o fazia se sentir um pouco menos sozinho, um pouco menos perdido. Ele apertou-a com mais força, como se o contato físico pudesse segurar os pedaços quebrados de si mesmo juntos.

Mas, ao mesmo tempo, a dor de saber que ela iria embora em poucas horas o atingia com a força de um golpe. Aquela seria a última vez que ele a teria tão perto, que sentiria o calor dela, o consolo que apenas Violett parecia ser capaz de oferecer. Ela o deixaria, seguiria em frente com sua vida ao lado de outro homem. Um homem que não era ele.

Violett podia sentir o peso do desespero de Thomas enquanto ele a apertava, e seu coração doía por ele. Ela sabia que ele estava destruído, mas também sabia que não podia ficar. O destino deles sempre fora marcado por complicações, por um mundo de violência e segredos que ele carregava, e que ela nunca poderia abraçar por completo.

"Eu não vou ficar," Violett murmurou, sua voz suave, mas firme. Ela sabia que tinha que partir, mas naquele momento, ela queria dar a ele qualquer conforto que pudesse. "Mas agora... agora eu estou aqui."

Pecado Ambicioso - Fic - Thomas Shelby Onde histórias criam vida. Descubra agora