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O silêncio da biblioteca da cidade de Birmingham era interrompido apenas pelo som ocasional de páginas viradas e pelo eco distante da rua. Randall, um oficial da coroa britânica, estava imerso em seu livro, mas sua mente divagava. O cigarro entre seus dedos soltava uma fumaça lenta, que se dissolvia na grandiosa sala, com suas estantes de mogno que pareciam infinitas.
Deitado confortavelmente em um sofá de couro, o nobre estava isolado do mundo em seu refúgio de palavras e pensamentos, mas a tranquilidade foi levemente perturbada quando ouviu a porta pesada da biblioteca se abrir com um rangido. Ele ergueu os olhos, quase por reflexo, e viu uma figura que ele já começava a reconhecer: Violett, a babá do filho de Thomas Shelby.Ela caminhava com graça entre as estantes, as longas prateleiras formando corredores quase labirínticos de conhecimento. Randall observou-a, imóvel, sem se anunciar. A jovem, de vestido azul claro que abraçava suas formas com uma elegância natural, parecia completamente alheia à sua presença. Sua figura delicada e o modo como seus passos soavam abafados no chão de mármore tornavam a cena quase hipnótica para ele.
Randall tragou o cigarro lentamente, deixando a fumaça encher seus pulmões enquanto os olhos a seguiam. Ela parou diante de uma estante, hesitando por um momento antes de inclinar a cabeça para ler os títulos gravados em dourado nas lombadas de couro envelhecido. A concentração em seu rosto era evidente, enquanto seus dedos finos percorriam a fileira de livros como se estivessem escolhendo um tesouro escondido.
"Grandes pesadelos," ela murmurou suavemente, sem perceber que estava sendo observada. Havia algo naquele sussurro que o fez arquear uma sobrancelha, como se cada palavra que ela pronunciava fosse uma pequena chave para abrir o que estava oculto por trás de sua compostura serena.
Randall não pôde deixar de sorrir de lado. A fascinação dele por Violett estava crescendo a cada encontro, e o contraste entre ela — tão simples e dedicada à sua função — e o mundo sombrio dos Shelby, ao qual ele agora estava de certa forma ligado, apenas aumentava seu interesse.
Ele apagou o cigarro no cinzeiro ao lado, enquanto ainda a observava. Havia algo no jeito de Violett que mexia com ele, talvez fosse a naturalidade dela em um mundo repleto de intrigas e ambições. Enquanto muitos, como Thomas, buscavam poder através de controle e medo, ela parecia pertencer a um universo mais puro, mais despretensioso. Era esse contraste que o prendia.
Randall permaneceu imerso em seus próprios pensamentos, observando a cena à sua frente com uma expressão que misturava curiosidade e um leve incômodo. A fumaça do cigarro subia em espirais lentas enquanto ele seguia Violett com o olhar, silenciosamente admirando a leveza com que ela percorria as estantes, em busca de um livro.Era uma cena simples, mas algo nela o atraía, algo na forma como ela parecia completamente alheia ao fato de que estava sendo observada. Ele havia repetido as palavras dela — "grandes pesadelos" — como se estivesse saboreando o peso que elas carregavam. Era como se a frase tivesse revelado uma pequena parte da vida dela que ele queria compreender melhor, talvez até aliviar.
Mas seus pensamentos foram interrompidos quando ele viu Michael Gray aproximar-se. O Shelby mais jovem carregava consigo uma aura de confiança, o que não surpreendia Randall. Michael era conhecido por sua habilidade com números e pela frieza calculada com que lidava com os negócios da família. Diferente de Thomas, que comandava com o punho de ferro, Michael parecia mais inclinado a usar a cabeça — algo que Randall, embora relutante, respeitava.
Quando Michael tocou o braço de Violett de maneira suave e íntima, mostrando-lhe um livro e fazendo-a rir, um desconforto cresceu dentro de Randall. Ele observava a interação, percebendo a leve familiaridade entre os dois. O riso de Violett parecia cristalino, e a maneira como Michael a olhava revelava algo mais profundo, uma conexão que Randall começava a temer.
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Pecado Ambicioso - Fic - Thomas Shelby
Novela JuvenilViolette Dubhghaill - Seus cabelos ruivos eram capazes de brilhar sobre o sol. Violet era como uma brisa fresca em um dia abafado, uma presença que iluminava o ambiente com sua energia e seu sorriso doce e simpático. Suas roupas eram sempre comport...