- "Tartach airson cumhachd"

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—"Dois anos em puro silêncio."

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A sala de jantar estava elegantemente decorada, com luzes suaves que refletiam em talheres brilhantes e copos de cristal. O cheiro de carne assada pairava no ar, misturando-se com o aroma fresco dos legumes. Violett ocupava a ponta da mesa, sentada ao lado de Thomas, que parecia absorvido em seus pensamentos. A atmosfera era tensa, marcada por um silêncio desconfortável, enquanto cada membro da família enfrentava seus próprios demônios.

Anne-Grace, com seus cinco anos e cabelos ruivos cacheados, estava sentada do outro lado da mesa, comendo os legumes em silêncio. Havia algo inquietante em seu olhar, uma sombra que parecia pairar sobre ela. Charles, de dez anos, a observava com desdém, os olhos escuros refletindo uma frustração que Violett não conseguia compreender completamente. O garoto, que sempre foi tão cheio de vida, agora parecia afundado em um mar de descontentamento.

Finn, ao lado de Aline, a órfã de 16 anos que Violett havia adotado, estava com a cabeça baixa, mexendo na comida. A tensão entre ele e Aline era palpável, o jovem claramente apaixonado por ela, mas incapaz de encontrar as palavras para expressar seus sentimentos. Aline, por sua vez, evitava olhar para Thomas, como se ele fosse uma sombra em sua vida, a presença dele a fazendo sentir-se deslocada.

Violett, com um sorriso gentil, tentava manter a conversa fluindo, mesmo que a presença de Thomas ao seu lado fosse uma constante lembrança da barreira que havia entre eles. Nos dois anos de casamento, ela nunca permitiu que ele a tocasse, uma decisão que parecia consumir Thomas de dentro para fora.

Então, no meio do silêncio, Anne-Grace quebrou a tensão com uma pergunta inocente, a voz pequena ressoando na sala.

— Vamos ter outro irmãozinho? — Ela olhou para Violett, seus olhos brilhando de curiosidade, enquanto mexia em seus cachos ruivos com um garfo.

A pergunta pairou no ar, e Violett sentiu o mundo ao seu redor congelar por um instante. Ela não sabia o que dizer. O que poderia responder? O desejo de proteger a criança da realidade da situação a fazia hesitar.

— Não, querida — Violett disse finalmente, tentando manter a voz suave, mas a firmeza que buscava não se concretizava. — Não por agora.

Os olhos de Anne-Grace se iluminaram de curiosidade, mas uma sombra de desapontamento rapidamente passou por seu rosto.

— Por que não? — insistiu a menina, franzindo a testa, sua inocência contrastando com a complexidade das emoções ao redor da mesa.

A pressão aumentava. Violett desviou o olhar, buscando um lugar seguro em meio à tempestade emocional. Thomas observava tudo com um semblante imperturbável, mas sua tensão era visível. Havia uma mistura de raiva e tristeza em seu olhar, uma frustração por não conseguir entender a dinâmica da família que agora chamava de sua.

— Porque… às vezes é melhor assim — Violett tentou suavizar a situação, mas suas palavras soaram vazias, quase como um eco de suas próprias inseguranças.

Anne-Grace não se deixou enganar, seus olhos perscrutando Violett em busca de respostas. O silêncio na mesa se tornou opressivo, e todos os olhares se voltaram para Violett e a criança.

— A gente precisa de mais irmãos! — afirmou Anne-Grace, sua voz cheia de determinação, mas o olhar de Violett se firmou.

— Às vezes, o que precisamos é apenas de amor, não de mais irmãos — Violett respondeu, sentindo o peso da responsabilidade que carregava. Cada palavra era um lembrete do que havia perdido e do que ainda não conseguira recuperar.

Pecado Ambicioso - Fic - Thomas Shelby Onde histórias criam vida. Descubra agora