Ohana 🦋

XVIII 🦋

Maiara

O sol entrava pela janela da sala de estar, criando um ambiente acolhedor que se preenchia com risadas e vozes animadas. O cheiro do café fresco misturava-se ao aroma dos biscoitos que Luísa havia feito mais cedo, e eu não conseguia evitar o sorriso que se formava em meu rosto. Era um dia especial: o dia da primeira aula de leitura de Maraisa. Eu me sentia nervosa e animada ao mesmo tempo, uma mistura de expectativa e responsabilidade.

— Está pronta, Isa? — perguntei, sentando-me ao lado dela no sofá. Ela estava segurando um livro novo, um presente de Luísa, com uma capa colorida e ilustrações divertidas. Era um conto de fadas, e eu sabia que a história a prenderia desde o começo.

— Hum... não sei. — Ela olhou para mim com um misto de insegurança e curiosidade. — E se eu não conseguir ler?

Pude ver que ela estava nervosa. Maraisa sempre foi cheia de energia e sorrisos, mas agora, ao falarmos sobre algo novo, a insegurança começava a surgir. Eu puxei-a levemente para mais perto.

— Isa, a leitura é como um jogo, e a gente vai se divertir muito! Lembre-se, você não precisa se preocupar. Vamos fazer isso juntas, passo a passo. Você só precisa ser você mesma.

— Eu só quero ser boa nisso! — ela respondeu, apertando o livro contra o peito.

Isso partiu meu coração. Eu queria que ela soubesse que não havia necessidade de se sentir pressionada. A leitura era uma habilidade que todos nós aprendemos em nosso próprio tempo. Olhei para Luísa, que estava organizando alguns materiais na mesa ao lado. Ela se virou e sorriu, animada.

— Vamos lá, Maraisa! Primeiro, vamos nos divertir com isso! — disse Luísa, acenando com um livro em suas mãos. — E se você não entender algo, só me pergunte, tudo bem?

— Tudo bem, Lu! — respondeu Maraisa, finalmente sorrindo.

Nesse momento, Marília entrou na sala, com o cabelo bagunçado e um olhar sonolento. — O que está acontecendo aqui? — perguntou ela, enquanto se espreguiçava.

— Estamos começando a aula de leitura da Maraisa! — anunciei, fazendo um gesto dramático.

— Sério? E eu não sou convidada? — Marília respondeu com um sorriso travesso, sentando-se no chão perto de nós.

— Claro que é! — disse Luísa, com entusiasmo. — Quanto mais gente, mais divertido!

— Então, sou oficialmente a plateia mais bonita deste show! — Marília brincou, piscando para Maraisa.

E assim começamos. Eu me acomodei no sofá, Maraisa ao meu lado, e Luísa se sentou na frente, em uma posição que lhe permitia ver tanto nós quanto o livro. Luísa começou a ler em voz alta, as palavras fluindo de seus lábios como música. Eu sabia que a entonação dela, cheia de entusiasmo e animação, ajudaria Maraisa a se sentir mais à vontade.

Maraisa estava completamente absorvida, os olhos brilhando enquanto ouvia a história. Quando Luísa terminou o primeiro parágrafo, Maraisa olhou para nós, com um brilho de expectativa.

— Posso tentar agora? — perguntou, segurando o livro com firmeza.

— Claro, Isa! — respondi, encorajando-a.

Maraisa respirou fundo e começou a ler. A princípio, suas palavras saíam hesitantes, mas eu a interrompi.

— Calma! Você está indo muito bem. Se precisar, podemos ir devagar. O importante é que você se divirta.

Ela assentiu, mordendo o lábio inferior enquanto tentava focar nas palavras. Comecei a ver a confiança dela crescer a cada frase que passava. Era incrível como o livro parecia abrir um novo mundo para ela. Quando chegou à parte em que a princesa estava presa na torre, sua voz ficou mais animada.