continuação

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Ela começou a evitar espelhos, cobrindo-os ou retirando-os de sua casa. Mas mesmo assim, os pesadelos continuavam – sonhos onde se via presa novamente na mansão, cercada por ecos de Victor Blackwood.

Determinada a encerrar aquele ciclo de uma vez por todas, Sofia resolveu voltar para Hollow Creek. Acreditava que a única forma de se livrar definitivamente da influência de Victor era encontrar o espelho original que o aprisionava e destruí-lo por completo. Com informações de antigos registros e lendas locais, descobriu que havia uma passagem secreta na mansão que levava a uma sala subterrânea, onde Victor realizava seus rituais mais sombrios.

Sofia entrou novamente na mansão, com uma sensação de déjà vu inquietante. A atmosfera estava ainda mais densa, e o ar parecia vibrar, como se a própria casa soubesse que ela havia voltado. Seguindo as pistas dos registros, encontrou uma porta oculta atrás de uma estante de livros antigos. A passagem estreita descia em espiral até uma sala fria e úmida, iluminada apenas pela luz fraca que escapava por rachaduras nas paredes.

No centro da sala, havia um pedestal com um espelho coberto por um véu escuro. Sofia sabia que aquele era o espelho original, o que havia aprisionado Victor. A superfície do vidro parecia líquida, ondulando levemente, como se algo se movesse por trás dele. Quando se aproximou para remover o véu, ouviu uma voz familiar – a voz de Victor – sussurrando de dentro do espelho.

“Você não pode me destruir, Sofia. Nós estamos conectados agora. Cada vez que olha para um reflexo, você me alimenta. Eu nunca deixarei você em paz.”

Sofia sentiu um calafrio percorrer seu corpo, mas não se deixou abalar. Pegou o martelo que havia trazido e, com toda a força, quebrou o espelho. O som do vidro se estilhaçando ecoou pela sala, mas, para seu horror, o espelho não se despedaçou como o esperado. Em vez disso, os fragmentos começaram a se mover e se rearranjar, formando uma imagem de Victor. Ele agora estava do lado de fora do espelho, com um sorriso sombrio no rosto.

A realidade ao redor de Sofia começou a distorcer, e ela sentiu-se sendo arrastada de volta para o interior da mansão, para o mundo dos reflexos. Quando se deu conta, estava de novo presa do outro lado, mas desta vez não estava sozinha. As outras vítimas de Victor, aquelas sombras sem rosto que vagavam pelos corredores, começaram a cercá-la, como se a esperassem há muito tempo.

Sofia percebeu que Victor havia planejado tudo. Ele precisava de alguém que completasse o ritual por ele, quebrando o espelho original para que pudesse sair. Agora, ela estava presa no lugar dele, e ele estava livre no mundo real.

Enquanto Victor caminhava para fora da mansão, sentindo o ar fresco pela primeira vez em décadas, Sofia, do outro lado do espelho, sentia o desespero crescer. Ela agora era apenas mais uma sombra sem rosto na Mansão Blackwood, aguardando o próximo visitante incauto que poderia, sem saber, libertá-la – ou condená-la para sempre.

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