o encontro com as sombras

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A sombra se ergueu diante deles, mais alta do que qualquer humano, com uma forma fluida e contorcida. Seus olhos vermelhos brilhavam como brasas, fixando-se em Clara com uma intensidade quase sufocante.

"Vocês não deveriam estar aqui," a criatura disse, sua voz um eco que parecia vir de todos os cantos da igreja ao mesmo tempo.

Leo se colocou entre Clara e a entidade, sua faca reluzindo na pouca luz que a lanterna de Sofia conseguia proporcionar. "Nós viemos acabar com isso."

A sombra riu, um som baixo e reverberante que fez o ar ao redor parecer mais pesado. "Acabar? Vocês não sabem o que começaram. Libertaram o primeiro, mas há muitos outros. E agora, vocês estão marcados."

Clara deu um passo à frente, ignorando o instinto de recuar. Sua voz saiu trêmula, mas firme. "Se estamos marcados, então por que não acabar com isso agora? Por que falar em enigmas?"

A criatura inclinou-se, ficando perigosamente perto dela. "Porque vocês são peças no jogo. Nós os observamos desde o momento em que entraram naquela mansão. E vocês ainda não entenderam o verdadeiro propósito."

Sofia, até então calada, interrompeu, segurando o mapa em mãos como se fosse uma arma. "E qual seria esse propósito, hein? Por que essas maldições, esses portais? O que vocês querem?"

O sorriso na sombra parecia crescer, mesmo sem um rosto definido. "Vocês descobrirão. Mas será tarde demais."

De repente, a criatura avançou. Leo reagiu instintivamente, golpeando com sua faca. A lâmina atravessou a sombra, mas parecia não causar dano algum. A entidade gargalhou, sua forma distorcendo-se como fumaça.

"Usem isso!" Sofia gritou, jogando algo para Clara — um pequeno frasco de vidro contendo um líquido prateado que ela havia encontrado em suas pesquisas. "É água consagrada! Dizem que funciona contra essas coisas!"

Sem pensar duas vezes, Clara arremessou o líquido contra a sombra. Um grito agudo ecoou pelo local quando o frasco se quebrou e o líquido atingiu a criatura. A forma sombria começou a se dissolver, retorcendo-se em uma mistura de luz e escuridão antes de desaparecer completamente.

O silêncio tomou conta da igreja, quebrado apenas pelas respirações ofegantes do trio.

“Conseguimos?” Sofia perguntou, ainda segurando a lanterna como se sua vida dependesse disso.

“Não sei,” Leo respondeu, olhando ao redor, atento a qualquer movimento.

Clara se aproximou do altar no centro da igreja, onde símbolos mais intricados estavam gravados. Sua mente foi invadida novamente por flashes: imagens de pessoas sendo sacrificadas, portais sendo abertos, e a mesma sensação de que algo muito maior estava à espreita.

“Isso não foi tudo,” Clara disse, sua voz carregada de certeza. “Eles estão tentando nos enfraquecer, nos testar. Esse lugar… é só mais uma peça do quebra-cabeça.”

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A Revelação

Enquanto voltavam ao carro, a sensação de serem observados não desaparecia. Sofia permaneceu olhando para o mapa, seus olhos se movendo rapidamente de um ponto a outro.

“Há algo que não contei a vocês,” ela finalmente admitiu, quebrando o silêncio.

Leo olhou pelo retrovisor, franzindo o cenho. “O que seria?”

Sofia respirou fundo, como se precisasse reunir coragem. “Eu encontrei um diário na biblioteca local enquanto pesquisava. Ele menciona algo sobre os Marcados. Pessoas escolhidas para fechar os portais… ou abrir o último.”

Clara sentiu um calafrio. “Abrir o último?”

Sofia assentiu, virando o mapa para que todos pudessem ver. “Há cinco portais principais espalhados pelo mundo. Cada um é guardado por uma força diferente. Se todos forem abertos, algo muito pior do que essas sombras será libertado. Algo que esteve preso por séculos.”

“E onde entramos nisso?” Leo perguntou, a tensão evidente em sua voz.

“Pelo que o diário dizia, os Marcados são aqueles que entram em contato com os portais. Eles se tornam... conectados. Vocês, nós, fomos escolhidos de alguma forma. E agora, ou ajudamos a fechar esses portais, ou nos tornamos parte do plano deles.”

Clara sentiu o peso da revelação cair sobre ela. As visões, a ligação inexplicável com o espírito na mansão, tudo fazia sentido agora. “Então, precisamos encontrar os outros portais antes que eles sejam abertos.”

“Isso,” Sofia confirmou. “Mas vai ser perigoso. Cada portal terá algo nos esperando. Algo pior do que o que vimos até agora.”

Leo apertou o volante com força, sua expressão determinada. “Então, vamos nos preparar. Não importa o que vier, não vamos deixar que abram esse último portal.”

O carro seguiu pela estrada escura, cada um deles perdido em seus próprios pensamentos. O que tinham enfrentado até agora parecia apenas o começo de uma longa e perigosa jornada.

Enquanto as luzes da cidade apareciam ao longe, Clara olhou para o mapa mais uma vez. O próximo local estava marcado com um círculo vermelho: uma floresta densa e remota, conhecida por desaparecer com aqueles que se aventuravam em suas profundezas.

“Uma floresta,” ela murmurou. “Claro que seria uma floresta.”

E assim, o destino os puxava novamente para a escuridão.

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