continuação

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Noite Adentro

Leo chegou à casa de Clara em questão de minutos. O som de sua moto parando no portão a fez suspirar aliviada, embora seu coração ainda martelasse no peito. Ele entrou sem hesitar, os olhos fixos nos dela, buscando qualquer sinal do que poderia estar acontecendo.

“Você tá bem?” ele perguntou, segurando suas mãos.

Clara assentiu, mas sua voz tremia. “Eu o vi de novo, Leo. No reflexo da janela. Ele disse que eles estão vindo.”

Leo franziu o cenho, claramente tentando entender o que aquilo significava. “Quem são eles? Mais espíritos?”

Antes que Clara pudesse responder, Sofia chegou. A porta se abriu com um estrondo, revelando-a com uma pilha de livros e papéis. “Eu sabia que deveria continuar pesquisando!” ela exclamou, ofegante, enquanto jogava os materiais sobre a mesa da sala.

“Você sabia disso?” Leo perguntou, incrédulo.

Sofia revirou os olhos. “Não exatamente. Mas depois de tudo o que aconteceu, eu não ia simplesmente fingir que a vida voltou ao normal.”

Ela abriu um dos livros, apontando para uma ilustração antiga de um espelho semelhante ao que haviam destruído na mansão. Ao redor dele, figuras sombrias se contorciam, como sombras vivas. “Aquele espelho era um portal. Algo o usava para manter o espírito preso lá, mas ele não era o único. Esses portais… conectam nosso mundo a algo muito pior. E quando vocês o quebraram, pode ter liberado mais do que imaginavam.”

Clara sentiu o sangue gelar. “Você tá dizendo que libertamos essas coisas?”

Sofia balançou a cabeça. “Não exatamente. O espírito foi libertado, sim, mas o portal… ele pode ter sido apenas o primeiro de muitos. E agora que sabemos da existência deles, parece que eles também sabem sobre nós.”

Leo olhou para Clara, sua expressão endurecendo. “Então, isso significa que estamos marcados? Esses… portais, ou seja lá o que for, vão nos perseguir?”

Sofia deu de ombros, claramente incomodada. “Ainda não sei o suficiente. Mas se o espírito apareceu para você, Clara, ele pode estar tentando nos avisar. Talvez saibam que somos os únicos que podem detê-los.”

“Detê-los como?” Clara perguntou, sua voz mais alta do que pretendia. “Nós mal conseguimos lidar com o que aconteceu naquela mansão!”

Sofia suspirou, afastando o cabelo do rosto. “Se queremos respostas, precisamos investigar. E não vamos conseguir isso ficando aqui. Há outras histórias como essa, outros lugares onde coisas estranhas aconteceram. Talvez isso nos leve a entender o que estamos enfrentando.”

Leo assentiu lentamente, como se o peso da situação estivesse finalmente se assentando. “Então, por onde começamos?”

Sofia puxou um mapa antigo que encontrara durante suas pesquisas e o abriu sobre a mesa. “Eu fiz uma lista de lugares que têm registros de eventos semelhantes ao da mansão. O mais próximo fica a algumas horas daqui, uma vila abandonada no interior, chamada Santa Rosália.”

Clara olhou para o mapa, seu coração dividido entre medo e uma estranha sensação de propósito. “Você acha que vamos encontrar outro espelho lá?”

Sofia deu um sorriso tenso. “Talvez. Mas seja o que for, acho que não temos escolha. Se eles estão vindo, precisamos estar prontos.”

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Uma Jornada de Incertezas

Poucas horas depois, os três já estavam a caminho. O silêncio no carro era interrompido apenas pelo som do motor e pelo farfalhar dos papéis que Sofia lia freneticamente no banco de trás. Clara observava a paisagem mudar pela janela, tentando ignorar a sensação constante de estar sendo observada.

“Você acha que isso é uma boa ideia?” ela perguntou a Leo, que dirigia com as mãos firmes no volante.

Ele lançou um breve olhar em sua direção. “Não sei. Mas sei que não vou deixar você enfrentar isso sozinha.”

Ela tentou sorrir, mas a preocupação era evidente em seu rosto. “E se não for só sobre mim? E se estivermos nos metendo em algo muito maior do que podemos lidar?”

Leo apertou sua mão, uma firmeza protetora em seu toque. “Então enfrentamos juntos. Seja o que for.”

Ao chegarem à vila de Santa Rosália, o cenário era desolador. Casas em ruínas, ruas cobertas de poeira, e uma sensação de abandono que parecia impregnada no ar. O grupo desceu do carro e olhou ao redor, cada um sentindo um calafrio diferente.

“Esse lugar parece morto,” Sofia murmurou, segurando a lanterna como se fosse um escudo.

“Ou talvez esteja apenas esperando por nós,” Leo respondeu, tirando sua faca da mochila.

Clara respirou fundo, tentando reunir coragem. “Vamos acabar com isso rápido. Quanto menos tempo passarmos aqui, melhor.”

Eles começaram a explorar a vila, cada som ecoando como um aviso na escuridão crescente. A sensação de serem observados ficou mais forte a cada passo, até que, finalmente, encontraram o que parecia ser o centro da vila — uma antiga igreja, cujas portas estavam entreabertas, revelando uma penumbra perturbadora em seu interior.

“É aqui,” Clara disse, sentindo um arrepio percorrer sua espinha.

Sofia iluminou o interior com a lanterna, revelando símbolos gravados nas paredes, semelhantes aos que haviam visto na mansão. “Definitivamente, estamos no lugar certo.”

Antes que pudessem dar mais um passo, um som baixo e gutural ecoou pela igreja, fazendo o trio congelar. Uma sombra enorme se moveu entre os bancos, os olhos brilhando em um tom vermelho intenso.

“Eu acho que encontramos eles,” Leo disse, sua voz baixa, mas cheia de tensão.

Clara sentiu o medo tomar conta, mas, ao mesmo tempo, uma força inesperada emergiu dentro dela. Ela sabia que não poderiam recuar. Ali, naquele lugar esquecido pelo tempo, a batalha contra as sombras estava apenas começando.

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