10.Permanent marks

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Love to think you'll never forget
Handprints in wet cement
Slut! - Taylor Swift


Para muitas pessoas, o auge da vida é atingir grandes marcos: conseguir o emprego perfeito, encontrar a alma gêmea, criar uma família.

Mas para Helena sempre foi a pintura.

Não era algo que ela fazia apenas em momentos de confusão ou de tristeza. Seus pincéis e tintas sempre estavam lá, como uma constante em meio ao caos.

Em uma realidade paralela em que tudo era perfeito, a ruiva passaria 80% do seu tempo pintando —ou desenhando. A arte fazia parte de todos os momentos de sua vida, não importava o quão triste ou o quão feliz se sentia, ela com certeza passaria aqueles sentimentos para uma tela —ou uma folha em branco, ou um guardanapo, ou um saco de pão.

O material em que pintaria não tinha muita importância, a única coisa com a qual se importava era em liberar todos aqueles sentimentos.

Veja bem, quando você é uma pessoa que não sabe se expressar com palavras precisa aprender a fazê-lo de alguma outra maneira. E aquela era a de Helena. Todo o turbilhão de sua mente se transformava em imagens, as vezes cheias de cores e extremamente complexas, outras vezes apenas rabiscos feitos com carvão.

Mas ela considerava todos os seus trabalhos importantes, mesmo aqueles que mal poderiam ser chamados de arte. Alguns ficavam arquivados nas prateleiras de seu ateliê, outros eram quadros empilhados pelos cantos de sua casa. A questão é que tudo ali contava a história de sua vida, mesmo que as vezes não fosse algo bonito de se ver.

Quando ela se inscreveu em um curso de desenho em Roma não tinha a menor esperança de que de fato fosse ser chamada. Eram vagas extremamente limitadas, e seu portfólio não era lá um dos mais fortes naquela época. Seria uma oportunidade única, passar um ano na Itália absorvendo todo o conhecimento possível dos melhores professores que poderia ter.

De qualquer maneira já haviam se passado meses desde que havia se inscrito aquela vaga e não havia recebido nenhuma resposta, nem ao menos para dizer que não havia conseguido.

Ela se quer pensava mais no assunto, sua vida nunca estivera melhor. Havia se passado um mês desde sua primeira exposição de arte —que tivera muitas vendas para uma artista ainda desconhecida. Passava seus dias trancada em seu ateliê, trabalhando em qualquer coisa que surgisse em sua mente. Desde que conhecera Nicholas suas obras haviam se tornado surpreendentemente mais otimistas.

Ela começava a perceber que, de certa forma, a arte que criava também refletia essa nova fase. Havia mais luz em seus quadros, mais ousadia nas cores que escolhia. Seus pincéis antes precisos agora se moviam com mais liberdade, como se a alma dela tivesse encontrado um novo ritmo.

Ele havia trazido uma nova perspectiva para sua vida, estar apaixonada daquela maneira nunca havia acontecido com ela. Seu relacionamento com Aaron era preto e branco, desprovido de sentimentos e distante como só ele sabia ser. E com Nicholas era dourado, como a luz do sol em um dia quente de verão, resplandecente e vivo.

Os dias passavam em um borrão de cores, calor e risadas compartilhadas. Nicholas era tão diferente de tudo que ela conhecia que parecia, às vezes, irreal. Com ele, Helena havia aprendido a rir mais, a abrir mão do controle e a permitir que os sentimentos fluíssem de forma mais livre. Finalmente começava a sentir que era seguro se apaixonar.

O ar daquela tarde estava fresco com a chegada eminente do inverno, com um aroma suave de terra molhada após uma breve chuva que havia cessado horas atrás. Helena e Nicholas caminhavam pela calçada de um bairro tranquilo, onde o ritmo da cidade parecia desacelerar. Desde que as coisas entre eles haviam ficado mais sérias, havia se tornado um hábito que fizessem uma caminhada diariamente. Nicholas insitia que, com um pouco mais de esforço, a ruiva conseguiria acompanhá-lo em uma corrida.

THE SHARPEST TOOL - NICHOLAS ALEXANDER CHAVEZ Onde histórias criam vida. Descubra agora