15. Cry Baby

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I can taste it, my heart's breakin',
please don't say
That you know.
Cry Baby - The  neighbourhood

Naquele dia faziam exatos 9 meses desde que Helena havia partido seu coração. Não que ele estivesse contando, a data simplesmente parecia pular em sua cara todos os meses. Esfregando em seu rosto a realidade amarga. Ao menos ele finalmente conseguia passar mais de que alguns minutos sem pensar nela.

Estava tão ocupado pulando de set em set que mal tinha tempo para pensar em nada que não fosse suas falas. Padre Charlie Meyhew e Lyle Menendez estavam o levando ao limite emocional. Eram papéis muito diferentes, mas ambos exigiam uma entrega que ele nunca havia experimentado antes.

A manipulação de Charlie e a raiva de Lyle. As vezes, quando estava atuando, era quase como se estivesse vendo a cena acontecer fora de seu próprio corpo. Ele estava dissociando, sabia disso.

Então era fácil manter Helena fora de sua mente por dias. Era fácil manter qualquer sentimento longe, quando tudo que ele conseguia sentir era exaustão — tanto física, quando mental. Mas ele adorava aquilo. Adorava atuar, adorava estar na pele de outra pessoa, sentir o que seus personagens sentiam, por mais desconfortável que fosse em alguns momentos.

Mas também haviam os dias em que chegava em causa exausto da rotina intensa de gravações e treinos. Caminhava pelo apartamento no automático, indo cegamente até seu quarto. Deixava que seu corpo cansado caísse sobre a cama, com os lençóis ainda bagunçados daquela manhã. Então os olhos dele procuravam os dela e finalmente de permitia descansar, com o quadro dela velando seu sono.

Naqueles dias sempre sonhava com ela. Via flashes avermelhados contra a luz do sol, ouvia a risada dela e finalmente conseguia vê-la. Sentada na grama com as mãos sujas de tinta. Ela sempre estava feliz em seus sonhos, congelada em uma imagem de perfeição quase divina. Então ele acordava naquela cama vazia, naquele apartamento vazio. Sozinho.

Era sexta-feira quando Nicholas decidiu que seria uma ótima ideia sair com seus amigos. Tudo que queria era encher a cara até não conseguir ter mais nenhum pensamento coerente. Talvez acabasse transando com Emily, como sempre acabava fazendo quando bebia demais.

Caminhou despreocupado pelo bar lotado, a mesa ocupada por seus amigos já visível em seu campo de visão. A conversa do grupo parecia animada,  e quando Nicholas chegou mais perto entendeu o motivo das risadas.

Sabrina e Mia estavam lá. Porquê? Ele não fazia ideia. A loira contada alguma de suas histórias mirabolantes, sendo interrompida por Mia para fazer observações pontuais sobre a história. Ele gostava das garotas, mas ainda assim era estranho sair com as melhoras amigas de sua ex namorada. Apenas em olhar para elas sentia falta do terceiro elemento. O grupo não parecia completo sem Helena.

— Nick! — Liam gritou para que conseguisse ser ouvido, fazendo com que o restante dos amigos virassem em sua direção. — Estava começando a pensar que você tinha se perdido, cara.

Nicholas abriu um de seus grandes sorrisos charmosos e deu de ombros, indo sentar-se na cadeira vazia entre Ryan e Emily.

— Alguns de nós são ocupados, cara. — disse em tom de brincadeira, seus olhos voando na mesma hora para as duas garotas a sua frente. — É bom ver vocês duas.

Sabrina abriu um grande sorriso, os lábios pintados de vermelho fazia com que seus dentes parecessem branquissimos. Mia, por sua vez, apenas deu um leve aceno de cabeça.

— Vocês se conhecem? — a expressão de Tessa era confusa, afinal fora ela quem havia chamado as garotas.

— É, temos alguns...amigos em comum, eu acho. —ele deu de ombros, não queria fazer alarde sobre aquilo. —A grande questão é como vocês se conhecem.

THE SHARPEST TOOL - NICHOLAS ALEXANDER CHAVEZ Onde histórias criam vida. Descubra agora