13. Fake it 'til you make it

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How dare you think it's romantic
Leaving me safe and stranded?
'Cause fuck it, I was in love
Down Bad - Taylor Swift

 

Nicholas estava sentado sem seu trailer enquanto esperava que a maquiagem fosse feita. Soltou um suspiro cansado para a imagem que o espelho refletia.

As roupas típicas dos anos 80, o bronzeado artificial que buscava realçar seus músculos. Era difícil ter que interpretar uma pessoa real, com emoções e motivações reais. E era ainda mais difícil ter que fazer aquilo quando ele se sentia tão destroçado emocionalmente.

Lyle Menendez era o maior papel, e mais importante, que havia conseguido em sua carreira. Não podia deixar que seu estado mental momentaneamente fragilizado estragasse tudo.

Vinha sentido tanta raiva desde que ela havia ido embora. Raiva por ter simplesmente aceitado a decisão dela, poderia ter batido o pé e se recusado a terminar. Sentia raiva de todos os momentos naqueles dois meses em que não conseguia dormir pensando nela. Sentia ainda mais raiva quando olhava para o autorretrato pendurado na parede de seu quarto, com todos aqueles tons de azul e olhos tristes, e sentia falta dela.

A raiva corroía Nicholas em ondas, misturando-se com a saudade amarga e insuportável. Cada detalhe do rosto de Helena no autorretrato parecia sussurrar uma história que ele queria desesperadamente esquecer, mas que, ao mesmo tempo, temia apagar. Sentia-se dividido entre a dor de tê-la perdido e a revolta por ter deixado que ela fosse embora tão facilmente. Ele podia ter insistido, podia ter lutado mais. Em vez disso, havia simplesmente aceitado, como se não houvesse alternativa.

Ele queria gritar com ela, dizer que ainda estava apaixonado, que sentia a falta dela em cada segundo de seus dias, que não estava nem um pouco “seguro” ou “bem” com tudo aquilo. Queria expressar o quanto aquela decisão havia sido covarde, simplesmente desistir dos dois pelo medo das dificuldades que surgiriam no caminho. Ele teria esperado por ela, caramba. Teria esperado por anos se fosse preciso.

Levantou-se e foi até o espelho, não suportando mais a energia caótica e agressiva dentro de si, quanto mais encarava o reflexo no espelho sua raiva só aumentava. Era isso que ela queria? Que ele seguisse em frente, enquanto ela vivia o sonho deles em outro lugar? Tentava se convencer de que o sacrifício havia sido por um bem maior, mas, no fundo, se sentia enganado.

Ele achava que ela, especialmente, entenderia. Que lutaria por eles, para que ficassem juntos de alguma forma, mas ela fora a primeira a abandonar o barco. E ele odiava o fato de ter permitido que ela o deixasse daquela maneira, destroçado por algo que poderia ter sido resolvido. As vezes se pegava fantasiando que algum dia eles se encontrassem de novo, que as coisas simplesmente... se resolveriam.

Mas sabia que nutrir essa esperança era perigoso. Quanto mais tempo ele passasse esperando esbarrar com ela em uma rua aleatória, mais tempo levaria para se curar daquilo.

Talvez devesse tirar aquele quadro da parede, talvez vendê-lo ou guardar em um depósito. Olhar para os olhos dela todas as noites antes de dormir era como jogador sal em uma ferida aberta, mas ele gostava de se torturar.

A única vantagem de toda aquela raiva que vinha sentido era que iria ajudá-lo, de certa forma, em sua interpretação. Tornava mais fácil ter os acessos de raiva de Lyle, ele simplesmente deixava fluir toda aquela frustração reprimida e explodia.

As vezes ficava assustado com sigo mesmo,  em como ele realmente parecia outra pessoa enquanto gritava descontrolado com os colegas de elenco. Aquilo provavelmente teria assustado Helena. E ele se odiou por, mesmo que minimamente, aquilo não ser apenas atuação. A ideia de ser alguém que a causaria medo era assustadora.

THE SHARPEST TOOL - NICHOLAS ALEXANDER CHAVEZ Onde histórias criam vida. Descubra agora