11. The break down point

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I don't like that falling feels like flying 'til the     bone crush
Gold rush - Taylor Swift


Os planos para aquele dia não envolviam nada fora do comum. Helena tinha uma rotina que seguia a risca diariamente e, quando alguma coisa mínima fugia de seu controle o desconforto tomava conta dela. Não era uma questão de ser rígida com horários, mas de manter certa ordem em seu próprio caos interno.

A manhã sempre começava com uma ida a academia, depois tomava um café da manhã reforçado e passava algumas horas no ateliê, onde se perdia nas cores e texturas. Era sua forma de meditar, de organizar os pensamentos.

Naquele dia, no entanto, algo parecia diferente. Era apenas uma sensação, um aperto em seu peito que ela se quer compreendia. Voltou a encarar a tela incompleta a sua frente, suas mãos não pareciam dispostas a continuar o trabalho minucioso. Talvez fosse finalmente o peso das novas responsabilidades que surgiam com o sucesso de suas obras, talvez sua mente estivesse cansada de ser usada incansavelmente todos os dias. Ou, quem sabe, o que a perturbava estivesse relacionado a Nicholas.

As coisas estavam ótimas entres eles, como se tudo fizesse parte de um sonho. Nicholas era o homem perfeito em todos os aspectos, mas se tinha algo que ela bem sabia era que homens dificilmente eram perfeitos. Era bom demais para ser verdade e aquilo a assustava. Talvez ela estivesse apenas se autosabotando, procurando por problemas onde não havia nenhum.

Mas para ela era difícil confiar tão cegamente em alguém como vinha fazendo. Era puro e simples medo. Ela odiava que se apaixonar era como voar em um primeiro momento, uma queda livre libertadora e excitante. Mas então você dá de cara com o chão. Osso esmagados, uma dor terrível. Era aquela parte que a aterrorizava.

Helena sacudiu a cabeça para tentar livrar sua mente daquele turbilhão de pensamentos. Forçou suas mãos a voltarem para o quadro, os tons de vermelho e dourado se misturando na tela. Ouviu seu celular vibrar no chão ao lado de sua paleta, ela ignorou no primeiro toque, novamente focada nas cores misturando-se a cada pincelada. Mas quando o telefone vibrou novamente, ela suspirou, largando o pincel.

Ao pegar o celular, viu um e-mail novo na tela, e seu coração deu um salto estranho ao ver o nome do remetente: Accademia di Belle Arti di Roma. Ela prendeu a respiração por um momento, sentindo o coração disparar no peito.

Com as mãos ligeiramente trêmulas, Helena abriu a mensagem.

"Cara Helena,
Temos o prazer de informar que você foi selecionada para participar do nosso curso de desenho e pintura avançada. Sua arte nos tocou profundamente, e estamos ansiosos para tê-la conosco durante o próximo ano..."

Helena piscou, incrédula. Ela leu a mensagem mais uma vez, como se o cérebro estivesse se recusando a processar a informação. Então, soltou o ar de uma vez, a emoção tomando conta dela em ondas.

Ela conseguiu. Aquela oportunidade que parecia tão distante agora era real. Roma. Um ano inteiro em Roma, estudando com os melhores artistas que poderia imaginar.

Mas logo que a euforia começou a se dissipar, a realidade fria a atingiu. Roma significava distância. Significava deixar tudo que ela conhecia e amava por um ano. Incluindo Nicholas.

De repente, a tela que estava à sua frente, cheia de cores quentes e vívidas, parecia carregada de um peso que antes não estava lá. A dor de uma escolha que ela sabia que precisaria fazer.

Seu futuro profissional ou seu coração? Não estava muito animada em ter que escolher entre nenhum dos dois. Fechou as mãos com força ao lado de seu corpo, uma onda crescente de ansiedade ameaçando se instalar por completo.

THE SHARPEST TOOL - NICHOLAS ALEXANDER CHAVEZ Onde histórias criam vida. Descubra agora