04. Saturday morning

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I feel so high school every time I look at you
So high school - Taylor Swift

Helena já havia trocado de roupa pelo menos umas cinco vezes quando finalmente achou que parecia apresentável. A leve camisa de linho branca que vestia a deixava com um aspecto etéreo, mas a jardineira jeans fazia com que parecesse ser alguém descontraída. E era disso que precisava, não transparecer toda a ansiedade que sentia.

Mal podia acreditar que aquilo estava acontecendo, mas lá estava ela: plantada à porta de casa, esperando cheia de expectativa que o carro dele aparecesse. Quando botou os pés naquele bar, sua única expectativa era encher a cara e se divertir com as amigas. Homens estavam totalmente fora da equação. Mas então Nicholas apareceu como uma manifestação corpórea de seus pensamentos e mudou completamente o rumo de sua noite e, bem, de seu final de semana.

Voltou à realidade quando ouviu a buzina de um carro e, quando olhou pela janela, o viu acenando. Suas pernas fraquejaram, mas agarrou a alça da bolsa com força e andou até o veículo. Mal havia aberto a porta e já se sentia completamente bêbada com aquele perfume.

— Você está linda — ele parecia tão extasiado quanto ela. — E bom dia, desculpe pelos meus péssimos modos.

Helena riu, desconcertada. Sentiu as bochechas esquentarem quase que automaticamente e tentou ao máximo evitar que suas mãos tremessem.

— Bom dia e obrigada — falou depressa, esfregando as palmas das mãos no jeans, limpando o suor que se acumulava rapidamente. — Quais suas expectativas?

Nicholas bufou e um sorriso brincalhão surgiu em seus lábios; ele dirigia tranquilamente pelas ruas ensolaradas de West Hollywood.

— Acho que não vou conseguir te impressionar com as minhas habilidades artísticas.

Helena soltou uma risada. Ele não precisava impressioná-la de forma alguma, porque ela já estava completamente fascinada com o pouco que havia vislumbrado.

— Não quero que você me impressione, quero que se divirta — ela deu de ombros.

— Eu me divertiria até olhando para uma pedra, desde que você estivesse comigo.

A garota tentou reprimir todas as coisas autodepreciativas que pensava sobre si mesma, tentou afastar o pensamento de que ele só estava falando aquilo para ser legal. Mas é difícil quebrar um padrão quando ele já está entranhado em sua mente há tanto tempo.

— Vamos ver se você vai continuar pensando assim mais tarde — murmurou, mais para si mesma do que para Nicholas, mas ele ouviu. Ele já havia notado que a garota tinha tendência a se autodepreciar, mas ouvi-la dizer aquilo em voz alta o deixava atordoado. Queria que ela soubesse que não deveria se preocupar em agradá-lo, que não teria problema se aquele encontro não fosse tudo aquilo que esperavam. Estava tudo bem, ele não desistiria tão fácil.

Helena o havia encantado desde o primeiro momento. E ele nem havia entendido bem o porquê. Ela era bonita, isso era óbvio para qualquer pessoa que tivesse olhos, mas não parecia com as garotas que ele estava acostumado a se envolver. Talvez fosse a maneira com que ela sempre ficava extremamente nervosa na sua presença, as bochechas sempre ficando rosadas quando ele lhe direcionava o menor dos olhares. Ou talvez fosse apenas porque ela era linda. Com aqueles olhos castanhos grandes e redondos, as sardas discretas que cobriam seu nariz pequeno, a boca bem desenhada. E tinha os cabelos. Cabelos longos. E ruivos. Com ondas por toda parte.

Nicholas apertou o volante com um pouco de força, obrigando sua mente a parar de divagar. Relaxou um pouco mais quando percebeu que a garota finalmente parecia à vontade no carro, conversando sobre assuntos leves e rindo de todas as piadas bobas que ele fazia. Cogitou dar mais algumas voltas no quarteirão para que não precisassem parar de conversar, mas logo mudou de ideia porque sabia que ela perceberia.

THE SHARPEST TOOL - NICHOLAS ALEXANDER CHAVEZ Onde histórias criam vida. Descubra agora