20. Is it enough?

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But I'll lay in your arms and pretend that it's  love
Yeah, I'll lay in your arms and pretend it's enough
scared of my guitar - Olivia Rodrigo


Quando Nicholas saiu da casa de Mia, estava totalmente fora de si. Seu peito doía, seus olhos ardiam, e sua cabeça parecia prestes a explodir.

“Aquela, maldita mulher!”, ele pensou, batendo as mãos, descontrolado, contra o volante de seu carro. As lágrimas escorriam por suas bochechas, por mais que ele estivesse tentando a todo custo não chorar. Sentia-se fraco, humilhado.

Ele achava impossível que alguém conseguisse partir seu coração novamente; então Helena o dilacerou, pela segunda vez. Tinha que parar com aquilo, com aquele ciclo fodido para o qual estava constantemente voltando. Estava cansado de chorar por ela, cansado de esperar que ela voltasse correndo para os braços dele. Ainda mais depois daquela conversa — se ela não se arrependia de tê-lo deixado, ele sentia-se livre para parar de sofrer.

Apertou o volante até a ponta de seus dedos ficarem brancas, respirando fundo, obrigando sua respiração a voltar ao normal. Dirigiu pela madrugada fria de outono, com um destino certo em sua mente.

Estacionou o carro em frente ao prédio conhecido; talvez aquela tivesse sido uma péssima ideia, mas ele não ligava muito. O porteiro apenas acenou com a cabeça, sem tentar impedi-lo de continuar. Afinal, aquela não era nem de longe sua primeira vez ali.

Sua mente parecia adormecida, o leve movimento do elevador fazendo parecer que a gravidade do planeta havia sido alterada. Não devia ter bebido naquele maldito evento. Se tivesse aparecido sóbrio na casa de Mia, nada daquilo teria acontecido. Mas era bom; ao menos ele tinha cortado o mal pela raiz.

Tocou a campainha algumas vezes, esperando quase entediado que a garota fosse abrir a porta. Não via Emily desde a festa de Halloween, então não sabia ao certo se ela o deixaria entrar.

Talvez aquela realmente fosse uma péssima ideia. Não a culparia se apenas fechasse a porta na sua cara; ele merecia. E também não se importava muito em ser rejeitado por ela — aquela era a graça de ficar com alguém por quem você não tem nenhum sentimento romântico. Seria legal se ela o deixasse entrar? Sim. E se não deixasse? Bem, ele com certeza iria sobreviver.

Mas Nicholas também não podia dizer que ficou surpreso quando Emily abriu a porta e o encarou; o pijama de cetim que usava mal cobria seu corpo. Ela parecia confusa, talvez até um pouco preocupada de vê-lo tão tarde à sua porta.

– O que você está fazendo aqui? – A voz dela parecia com a de alguém que havia acabado de acordar.

Nicholas passou a mão pelo rosto, tentando afastar a confusão que sentia.

— Eu… — Ele hesitou, sem saber exatamente o que responder. Por que ele estava ali? Tudo parecia um borrão desde que saíra da casa de Mia. — Não queria ficar sozinho — acabou dizendo, deixando escapar a sinceridade de quem já não tinha forças para inventar uma desculpa melhor.

Emily o olhou por um momento, e seu semblante suavizou. Ela abriu um sorriso leve, como se entendesse que, por mais bagunçado que ele estivesse, ainda queria sua companhia. Ela deu um passo para o lado, permitindo que ele entrasse.

— Vem, entra — disse ela, fechando a porta atrás dele.

Ele cambaleou pela sala de estar, parando a apenas alguns centímetros de distância do sofá branquíssimo da garota. Emily o encarava com os braços cruzados sobre o peito, esperando que ele começasse a falar o quanto estava arrependido da briga do outro dia. Só que ele não estava; sabia que ainda não podia dar à garota tudo o que ela tanto queria.

THE SHARPEST TOOL - NICHOLAS ALEXANDER CHAVEZ Onde histórias criam vida. Descubra agora