Meu cérebro parou de funcionar por pelo menos cinco segundos, como se eu estivesse embaixo d’água. A presença de Jin ofuscava todo o resto. A minha vontade era que ele me pegasse pelo braço e me chamasse para sumir do mundo real, só nós dois. No entanto, da mesma forma como pouco a pouco, tiramos a cabeça da água, fui voltando para a superfície.Meu corpo respondeu à sua presença como se tivesse sido drogado. De repente eu estava viva, alerta, sentindo tudo com mais intensidade. As buzinas dos carros, sons de sirene, a chuva gelada que molhava o meu cabelo e, principalmente os olhares curiosos dos vizinhos foram o que me fizeram sair
do transe. A rua toda olhava divertida enquanto Jin e Taehyung estavam a ponto de chegar nas vias de fato.– Gata – Taehyung dirigiu-se a mim. Jin soltou um grunhido – não vai na onda desse cara, eu sei que ele vai te fazer sofrer.
Mas esse não era o eufemismo do ano?
– Taehyung, por tudo que você considera sagrado, não se meta mais na minha vida, por favor.
Ele levantou a mão para pegar em meu braço, mas com uma rapidez impressionante, Jin jogou o corpo na frente, posicionando-se entre nós dois.
– Gata – Taehyung disse com a testa praticamente colada na de Jin, isso não ia acabar bem – eu posso partir a cara desse nerd em segundos.
Jin abriu um sorriso sarcástico. Tentei entrar no meio dos dois e coloquei a mão no peito do meu ex-namorado.
– Taehyung é sério, tchau. Eu não te desejo mal, mas vai ser feliz longe de mim, não tenho mais nada para tratar com você.
Muito a contragosto, Taehyung acabou indo embora, com promessas que estaria sempre de olho. Se eu estivesse mais curiosa sobre o que aquele maluco queria, provavelmente estaria me perguntando o que o fez ficar tão
interessado em minha vida de repente. Mas os olhos azuis que queimavam todo o meu corpo, fizeram o meu cérebro entrar em pane mais uma vez. Ele respirava com dificuldade quando quebrou o silêncio que pairou entre nós.– Entre no carro, Jisoo.
– Por que, pra quê? – perguntei rápido demais, quase gaguejando.
– Porque está chovendo, todos os seus vizinhos estão olhando e porque eu disse para você entrar. – Ele falou e virou-se em direção a um carro grande e preto parado na calçada.
Realmente todos os vizinhos deveriam estar comentando o pequeno show dado por eles na rua. Esfreguei a testa olhando a porta do passageiro aberta por Jin que me esperava batendo o pé na calçada.
Entrei logo no carro, ele bateu a porta com força deu a volta e entrou carrancudo, arrancando com toda velocidade fazendo os pneus cantarem.
– Muito bem! – eu disse. – Algumas pessoas ainda não tinham te visto.
Ele respirou fundo pelo nariz e não disse nada por longos e torturantes minutos, já estávamos bem longe do meu bairro quando ele abriu a boca.
– Por que você faz essas coisas, Jisoo? Eu não consigo te entender.