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ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤㅤ𝐎 𝐒𝐎𝐋 de Los Angeles brilhava em seu auge enquanto eu caminhava para o carro com minha mãe e minha avó. Ambas estavam impecavelmente vestidas: minha mãe em um conjunto de tweed Chanel azul-marinho, e minha avó em um vestido branco com pequenos detalhes florais e uma bolsa Hermès clássica.
A moda dos anos 80 era algo que as duas dominavam com perfeição — os óculos oversized da minha mãe, os brincos de pérolas da minha avó, tudo exalava uma elegância atemporal.
Quando nos acomodávamos no carro, minha mãe mencionou um café que havia acabado de abrir em Los Angeles, o Maison Parisienne.
──── Vocês vão adorar ──── disse ela, enquanto dirigia pelas ruas ensolaradas. ──── É um lugar charmoso, tem o melhor croissant que já comi fora da França.
Minha avó, sentada ao meu lado no banco de trás, assentiu, satisfeita.
──── Los Angeles sempre teve ótimos cafés, mas não posso negar que sinto falta de uma tarde tranquila como esta.
Vovó estava em Los Angeles para passar alguns dias conosco antes de voltar para Vancouver, onde morava. Sua presença sempre trazia uma calma especial, e eu sabia que aproveitaria cada momento.
Chegamos ao Maison Parisienne em pouco tempo. O café tinha uma atmosfera francesa, com cadeiras de ferro, mesas de mármore e um balcão onde expositores exibiam tortas e croissants dourados. A decoração, em tons de azul e dourado, evocava o charme dos cafés parisienses da década de 80.
Minha mãe escolheu uma mesa junto à janela, de onde podíamos observar a rua movimentada, e o garçom se aproximou para anotar os pedidos.
──── Um cappuccino, por favor ──── pediu minha mãe.
──── Chá Earl Grey, se não for muito incômodo ──── disse minha avó com um sorriso educado.
──── Eu vou querer uma limonada, bem gelada ──── acrescentei, ansiosa por algo refrescante.
Enquanto aguardávamos, minha avó se inclinou um pouco na minha direção, com um olhar cúmplice.
──── E então, querida... ouvi alguns rumores sobre um encontro.
Minha mãe, que estava ajeitando os talheres à sua frente, ergueu os olhos, surpresa e intrigada.
──── Encontro? Eu não sabia dessa parte.
Eu ri, tentando não parecer nervosa, mas era impossível não notar a curiosidade nos olhos delas.
──── Foi só um jantar com o Nicholas, nada demais.
Minha avó lançou um olhar divertido para minha mãe.
──── Nada demais, hein?
Minha mãe se animou.
──── Já que estamos aqui entre nós, queremos ouvir tudo. Foi um jantar agradável? Ele se comportou?
Suspirei, tentando não parecer muito animada, mas admiti:
──── Foi. Ele é... interessante. Ele me tirou um pouco da zona de conforto, mas, de um jeito bom.
Minha avó assentiu, satisfeita.
──── Isso é bom, querida. Às vezes precisamos de alguém que nos tire da rotina. O importante é que você se sinta bem.
O garçom trouxe nossos pedidos, e aproveitei a pausa para evitar um pouco mais de perguntas, mas as duas pareciam estar apenas começando.
──── Ele é um rapaz muito bonito, Sophia ──── disse minha mãe, levantando a sobrancelha e me observando enquanto dava um gole no cappuccino. ──── E muito confiante.
──── Não tão confiante assim, mãe. Ele só... gosta de provocar.
Minha avó riu, como se soubesse de algo que eu ainda não havia descoberto.
──── Provocações podem ser um ótimo sinal de interesse. Seu avô me provocava o tempo todo quando começamos a sair.
Eu sorri, lembrando de histórias que ela já havia me contado sobre meu avô. Aquele tipo de amor parecia raro hoje em dia, mas era o tipo de amor que eu esperava encontrar algum dia.
Minha mãe olhou pela janela e então se voltou para nós.
──── Seu avô era um homem admirável. Ele e sua avó tinham algo muito especial, algo construído com carinho, respeito e... desafios também.
──── Desafios? ──── perguntei, curiosa.
Minha avó assentiu, parecendo nostálgica.
──── Sim, desafios. Ele era um homem de personalidade forte, mas, quando se tratava de mim, sempre cedia um pouco. Aprendemos a encontrar um equilíbrio, algo que eu acho importante.
Minha mãe sorriu.
──── Às vezes, encontrar alguém que nos desafia a ser melhores é exatamente o que precisamos.
Eu suspirei, sentindo o peso das palavras delas. Era incrível ouvir suas histórias e conselhos.
──── Isso é verdade — respondi, com um sorriso. ──── Às vezes, acho que Nicholas e eu competimos demais para realmente sermos bons juntos.
Antes que eu pudesse continuar, uma figura conhecida entrou no café.
Era Elena Chavez, a mãe de Nicholas.
Elegante como sempre, ela usava um tailleur preto impecável e um broche de diamante na lapela.
Assim que nos viu, Elena sorriu e se aproximou.
──── Clarisse! Que coincidência agradável! ──── cumprimentou minha mãe, estendendo a mão com uma leve inclinação de cabeça.
──── Querida, Elena! ──── minha mãe exclamou, levantando-se para cumprimentá-la com um beijo no rosto. ──── Que delícia te encontrar por aqui.
Minha avó, sempre cordial, estendeu a mão para cumprimentá-la.
──── Elena, é um prazer revê-la. Está tudo bem com sua família?
Elena assentiu, um sorriso elegante no rosto.
──── Sim, tudo ótimo. Nicholas está... sempre ocupado, mas acho que isso faz parte. E vocês? Aproveitando um pouco de paz?
Minha mãe me lançou um olhar de lado, sorrindo.
──── Isso, e também aproveitando alguns conselhos de família para Sophia.
Eu revirei os olhos discretamente, mas mantive o sorriso.
Elena se despediu com um último aceno e nos deixou sozinhas novamente.
Minha avó, assim que Elena saiu, lançou um olhar brincalhão para mim.
──── Sophia, é bom ter amigas, mas... às vezes, amizade pode ser um pouco mais complexa, não acha?
──── Não sei, vovó. Nicholas é... um enigma, mas acho que ele gosta da amizade que temos.
Minha mãe sorriu, parecendo satisfeita com o que ouvia.
──── Vamos torcer para que tudo siga o curso que deve seguir.
