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ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤㅤ𝐀 𝐓𝐀𝐑𝐃𝐄 estava quente, e a brisa suave que entrava pela janela da cozinha era a única coisa que me fazia aguentar o calor. Eu estava sentada no balcão da cozinha, balançando as pernas, enquanto Beatrice preparava uma jarra de limonada gelada. Ela se movia pela cozinha com a eficiência de quem conhece cada canto daquela casa melhor do que eu mesma.
──── Bea, sério, como você aguenta esse calor todo dia? ──── perguntei, levantando uma sobrancelha enquanto a observava cortar os limões com precisão.
Beatrice riu, o som leve preenchendo o ambiente.
──── Ah, senhorita Sophia, eu já me acostumei. Mas você, toda mimada pelo ar-condicionado, não aguenta nem uma brisa quente, não é?
Eu revirei os olhos e ri, porque ela estava absolutamente certa.
──── Ok, você venceu essa. Mas, de verdade, eu não sei como você faz. Vou pedir para o papai instalar um ar-condicionado aqui.
Beatrice continuou rindo enquanto colocava os limões na jarra e misturava com cuidado.
A cozinha estava acolhedora como sempre, e eu adorava passar as tardes aqui com Bea, quando eu era criança, só conversando sobre tudo e nada. Ela sempre tinha um jeito de me deixar à vontade, e em dias assim, sem muito o que fazer, era uma das minhas atividades favoritas.
──── E seu aniversário está chegando, hein? Já pensou em como vai comemorar? ──── Beatrice perguntou, me lançando um olhar curioso.
Eu dei de ombros, ainda indecisa.
──── Ainda não sei, para ser honesta. Talvez eu faça algo pequeno. Não estou com vontade de uma grande festa esse ano. ──── respondi, apesar de saber que meus pais provavelmente iam querer algo bem maior.
Beatrice me lançou um olhar de quem não estava acreditando muito.
──── Ah, senhorita, com seus pais? Algo pequeno? Vou acreditar quando eu ver.
Eu ri, sabendo que ela tinha razão. Minha mãe, sempre fazia questão de transformar qualquer evento em algo digno de capa de revista.
Assim que pensei nela, ouvi o som da porta se abrindo. E minha mãe entrou na cozinha, ainda com as roupas de pilates, impecável como sempre, com o cabelo loiro preso em um rabo de cavalo perfeito. Ela estava radiante, como se tivesse acabado de sair de um comercial de academia.
──── Meninas, estou exausta! ──── exclamou, jogando a bolsa em uma das cadeiras e pegando uma das toalhas que estavam na bancada para secar o rosto.
Beatrice rapidamente ofereceu um copo de limonada para ela, o que foi prontamente aceito.
──── Pilates foi puxado hoje, mami? ──── perguntei, sorrindo enquanto minha mãe tomava um gole da limonada.
Ela fez uma careta leve, mas logo abriu um sorriso.
──── Ah, querida, você nem imagina! Essa nova professora de pilates é uma fera. Achei que meus braços iam cair no meio da aula. ──── respondeu, rindo enquanto se sentava ao meu lado no balcão.
Eu e Bea trocamos olhares cúmplices, ambas sorrindo.
──── Então, como está minha filha linda? ──── perguntou minha mãe, mudando de assunto. ──── Seu aniversário está chegando e nós precisamos conversar sobre isso. O que você tem em mente?
Eu fiz uma careta, antecipando a reação dela à minha resposta.
──── Eu estava pensando em algo bem pequeno, mãe. Talvez um jantar simples, só com amigos próximos. ──── sugeri, sabendo muito bem que a palavra "simples" não existia no vocabulário dela.
Ela me olhou como se eu tivesse dito algo absurdo.
──── Um jantar pequeno? Filha, você faz 19 anos! Isso precisa ser algo grandioso! Vamos ter uma festa incrível, com todos os nossos amigos e contatos. Não podemos deixar passar em branco!
Revirei os olhos, rindo.
──── Sabia que você diria isso.
Beatrice, que estava ocupada guardando as louças, olhou para mim com um sorriso divertido.
──── Ah, senhorita, acho que sua mãe está certa. Você só faz 19 uma vez!
Antes que eu pudesse responder, a porta da frente se abriu novamente. Charles, meu pai, entrou na casa, ainda com a gravata meio solta e um ar cansado, mas com um sorriso no rosto. Ele acenou para nós da cozinha.
──── Oi, querida. Como foi seu dia?
Eu sorri.
──── Normal, pai. Só tentando sobreviver ao calor.
Ele riu, passando a mão pelo cabelo e se aproximando da minha mãe para lhe dar um beijo rápido.
──── Sophia, será que você pode me acompanhar até a sala? ──── perguntou ele, com um tom mais sério, mas os olhos brilhando de uma forma que sugeria que havia algo mais.
Intrigada, eu assenti e desci do balcão.
──── Claro, o que foi?
Caminhamos até a sala de estar, onde ele me guiou até o sofá. Assim que nos sentamos, ele colocou a mão no bolso do paletó e tirou um envelope branco. Meu coração começou a acelerar sem que eu soubesse por quê.
Ele me entregou o envelope com um sorriso leve, e quando abri, senti uma onda de choque percorrer meu corpo.
O logo da UCLA estampava a carta. Eu li rapidamente, e lá estava: meu nome, aceito no curso de Administração.
Eu gritei. Literalmente gritei e pulei no colo do meu pai, o abraçando com força.
──── Pai, isso é incrível! Eu nem acredito! Você conseguiu!
Ele riu, claramente feliz com minha reação.
──── Sabíamos que isso era o que você queria. E é uma grande oportunidade para você, Sophia. Você vai se sair muito bem lá.
Ainda em êxtase, corri até a porta da cozinha e gritei para minha mãe.
──── Mãe! Mãe, vem rápido!
Minha mãe apareceu correndo, com uma expressão preocupada.
──── O que foi, o que aconteceu?
Eu sorri e levantei a carta, praticamente pulando de alegria.
──── Eu fui aceita na UCLA! Vou estudar Administração!
──── Sophia, isso é maravilhoso! Estamos tão orgulhosos de você!
Beatrice, que havia seguido minha mãe até a sala, aplaudia discretamente, com um sorriso enorme no rosto.
──── Parabéns, senhorita Sophia. Sabia que você conseguiria!
Eu abracei Beatrice também, sentindo-me completamente envolvida pela felicidade de todos ao meu redor.
Pela primeira vez em muito tempo, senti que tudo estava se encaixando perfeitamente.
