Capítulo 23

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Tempestade de Emoções.

O dia começou nublado, refletindo o turbilhão emocional que pairava sobre a mansão. Gustavo estava em seu escritório, absorto em pensamentos, quando decidiu procurar Eva. Ele a encontrou sentada no sofá da sala, a expressão carregada de tensão enquanto olhava fixamente para o celular. Seu coração apertou ao ver que ela estava lendo as mensagens de Clara novamente.

— Eva — chamou ele, aproximando-se cautelosamente.

Ela não respondeu, seus olhos fixos na tela como se buscasse respostas em meio às palavras cruéis da ex-namorada. Gustavo, preocupado com o que estava acontecendo, decidiu agir.

— Deixe-me ver isso — disse, estendendo a mão para pegar o celular.

Eva hesitou, mas ele tomou o dispositivo dela com determinação. As mensagens eram uma avalanche de insultos, e a raiva começou a borbulhar dentro dele.

— Isso precisa acabar! Eu vou bloquear a Clara e você vai fazer terapia — declarou Gustavo, a voz firme, mas seu coração batendo forte com a preocupação.

— Não, você não vai! — Eva retrucou, levantando-se e se aproximando dele. — Você não entende nada! Você só está tentando controlar tudo!

— Estou tentando proteger você! — respondeu ele, a frustração subindo. — Essas mensagens não são saudáveis, Eva!

— Saudáveis? Como você pode falar sobre saúde mental quando sua ex está me atacando e você não faz nada? — Ela estava à beira de uma explosão, a dor e a insegurança transparecendo em seu olhar.

— O que você quer que eu faça? Eu não posso simplesmente ignorar isso! — Gustavo gritou, perdendo a paciência. — Você precisa se valorizar e parar de se deixar afetar por uma pessoa tóxica!

A briga se intensificou, as vozes ecoando pela mansão. Eva se sentia cada vez mais pressionada, as palavras de Gustavo soando como um eco de suas inseguranças mais profundas. Então, em um momento de desespero, ela deixou escapar:

— Você nunca me amou! Ninguém poderia me amar, sendo a vadia fútil que sou! — As palavras cortaram como facas, e Gustavo ficou paralisado, a dor evidente em seu rosto.

A revelação do passado de Eva, sua rejeição do pai e a tragédia que a envolvia, ecoou na sala, e Gustavo a viu desmoronar. Ela se lembrou do dia em que sua mãe morreu e como a dor daquela perda a moldou. Criada como herdeira de uma fortuna bilionária, sempre sentiu a ausência de amor, a sombra da rejeição pairando sobre ela.

— Eva... — começou Gustavo, tentando alcançá-la, mas ela já estava se afastando, caminhando rapidamente até o banheiro.

— Você não sabe do que está falando! — ela gritou, se trancando na porta, o choro tomando conta dela.

Gustavo se sentiu impotente do lado de fora, batendo na porta.

— Eva! Por favor, abra a porta! — implorou, a preocupação crescendo a cada segundo. — Eu só quero ajudar!

Dentro do banheiro, Eva estava em um turbilhão emocional. O peso das palavras que tinha proferido a atingiu com força. Ela se deixou cair no chão, as lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto sua mente girava em torno de pensamentos sombrios e autocríticos.

— Ninguém me ama — sussurrou para si mesma, o desespero crescendo. O ambiente ficou turvo e, em um instante, tudo escureceu.

Quando Gustavo finalmente conseguiu arrombar a porta, encontrou Eva desmaiada no chão, o celular caído ao lado dela. O coração dele disparou. Ele se agachou, segurando seu rosto, a fragilidade dela o fazendo sentir-se perdido.

— Não, não, não! Eva, acorde! — Ele a sacudiu gentilmente, a voz cheia de pânico. — Por favor, não faça isso comigo!

O tempo parecia parar enquanto ele a segurava em seus braços, a angústia dominando sua mente. As brigas e os desentendimentos pareciam insignificantes agora, diante da realidade que se desenrolava.

Ele puxou o celular, ligou para Benjamim e pediu ajuda, a voz trêmula enquanto lutava contra o medo que o consumia. No fundo, Gustavo sabia que precisava encontrar uma maneira de ajudar Eva a ver o valor que ela realmente tinha, mas primeiro precisava trazê-la de volta.

A batalha interna que eles enfrentavam não era apenas sobre Clara ou mensagens cruéis, mas sobre amor, aceitação e a luta contra os demônios que atormentavam Eva. E, enquanto aguardava ajuda, Gustavo fez uma promessa silenciosa a si mesmo: ele não iria deixar Eva ir embora sem lutar por ela.

Depois de uma semana de angústia e incerteza, Eva finalmente começou a acordar do coma. A luz do sol filtrava-se pelas cortinas do hospital, e o cheiro de desinfetante ainda era forte no ar. A lembrança do que aconteceu antes de desmaiar ainda estava nebulosa, mas uma sensação de alívio tomou conta dela ao perceber que estava viva.

O primeiro rosto que viu ao abrir os olhos foi o de Gustavo, sentado ao lado de sua cama, com o olhar ansioso e preocupado.

— Eva! — ele exclamou, segurando sua mão. — Você está acordada!

Ela sorriu fraco, sentindo uma onda de emoções ao vê-lo. O alívio e o amor que emanavam dele a fizeram sentir que, apesar de tudo, ainda havia esperança.

— O que aconteceu? — perguntou Eva, a voz rouca.

— Você desmaiou. Eu estava tão preocupado... — Ele engoliu em seco, a emoção transparecendo em sua voz. — Estávamos com medo de que você não voltasse.

A dor e a tristeza que pairavam sobre ela não desapareciam completamente, mas a presença de Gustavo a confortava. Com esforço, ela tentou se sentar.

— Desculpe por tudo, Gustavo. Eu... — As lágrimas começaram a escorregar pelo rosto dela. — Eu não deveria ter falado aquelas coisas.

Gustavo a interrompeu, inclinando-se para ela, os olhos cheios de amor e compreensão.

— Não, Eva. Você não precisa pedir desculpas. Eu sei que você estava em um lugar escuro. Estamos juntos nisso. Eu vou te ajudar, você não está sozinha.

Eva sentiu um peso sair de seus ombros. Era uma luta difícil, mas agora ela sabia que tinha alguém ao seu lado. Ela precisaria enfrentar seus demônios, e a batalha ainda estava longe de terminar, mas com Gustavo ao seu lado, talvez pudesse finalmente encontrar a força que tanto precisava.

— Vamos passar por isso juntos — prometeu ela, segurando a mão dele com firmeza. — E eu vou trabalhar em mim mesma.

A jornada seria longa, mas, por fim, Eva começou a acreditar que poderia encontrar o caminho para a luz.


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