day one

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Um grito pulsou em meus ouvidos, acordando-me de um sono conturbado e sendo puxado para a realidade. Me sentia como se tivessem acabado de ressuscitar minha alma; quando seus olhos estão arregalados e você tenta puxar o oxigênio para seus pulmões, estando preso na sensação assustadora e gritante. Acabei sentando no sofá, ainda tentando acostumar meus olhos com a luz do sol que atravessava as cortinas mesmo fechadas, tentando afastar o zunido em minha orelha.

Quando por fim despertei notei Louis parado à minha frente, sua expressão parecia assustada e confusa, assim como na noite passada em que havíamos nos encontrado pela primeira vez. Meu cérebro revirou-se, tendo que conter meus olhos para não obedecer ao instinto de rolarem-se, apenas pensando se ele fosse algum tipo de cachorro amedrontado quando você o chuta para longe.

- Está tudo bem? - Perguntei, fingindo preocupação enquanto ainda coçava meus olhos com as costas da mão.

- E-eu pensei que fosse um sonho. - O garoto ainda tentava acalmar sua respiração pulsando, era fácil observar seu peito subindo e descendo em uma velocidade de dar inveja para carros de corrida; seu corpo parecia estar em modo de defesa e ele tremia, talvez por frio, talvez por medo.

Ingênuo.

- Está tudo bem... Pode não parecer, mas eu sou real, Lou. - Dei um sorriso forçado, sem mostrar os dentes, mas tendo a plena certeza que uma covinha estava aparecendo em minha bochecha.

- Louis. Esse é o meu nome. - Cuspiu as palavras, trazendo uma surpresa não tão conhecida para meu corpo, logo depois andando até a cozinha e somente deixando-me extasiado em pensamentos de sua individualidade e confiança.

- É apenas um apelido. - Fiz voz de cachorro sem dono, olhando para baixo e raspando minhas unhas na palma da mão, esperando que ele acreditasse nesse velho truque que todos caíam. Os olhos parecendo tristes, os lábios virados para baixo, a expressão de perda.

- Pois eu não gosto de apelidos. Meu nome é Louis, é assim que você vai me chamar. - Falou mais alto que o normal, mexendo em algo que eu não podia identificar, mas parando meus batimentos por um segundo após sua resposta. - Você deve estar com fome. Quer algo para comer?

- E-eu não s-sei. - Acabei por recorrer a timidez, tentando forçar minhas bochechas a tomarem um tom cor-de-rosa e encolhendo meus ombros, lembrando de como isso deveria dar certo para mostrar um nerd em uma escola qualquer, sofrendo bullying e correndo dos populares.

- Para de besteira, Harry. - Veio até mim e puxou minha mão até a cozinha, deixando minha mente confusa entre pensamentos. Sua forma arrastada de pronunciar meu nome era uma delas, o sotaque parecendo rasgar seus lábios e deixando o substantivo muito mais belo que aparentava ser.

Seu toque somente deixou meus dedos quando sentei-me no banco, vendo pontos brancos em minha visão pelo êxtase do choque que isso havia me trazido, me perguntando se ele sentia o mesmo, perguntando se seus pêlos estavam tão eriçados como os meus.

- Harry? - Louis estralou os pequenos dedos na minha frente, chamando minha atenção e me fazendo balançar a cabeça várias vezes na alternativa de espantar as sensações que estavam ali. Pensando que devia estar louco, com algum distúrbio psicológico ou somente sentindo a adrenalina de uma nova vítima.

- Hum? - Resmunguei, ainda piscando lentamente e focando meu olhar em seus lábios formados em um pequeno sorriso de canto.

- Você não precisa perder a concentração em mim, já disseram que sou muito bonito. - Riu baixo, mas deixando-me com o bonito som de sua risada, que ecoava em meu cérebro como uma melodia clássica e conhecida.

circus » larryOnde histórias criam vida. Descubra agora