Day nine

765 133 136
                                        

Meus joelhos estavam abraçados contra meu peito, eu estava encolhido encima do sofá. Meu peito doía, uma dor tão forte que não havia como negar as lágrimas em meus olhos.

As olheiras abaixo de meus olhos estavam cada vez mais fundas e minhas pálpebras doíam constantemente. Meu corpo inteiro doía para falar a verdade. E a noite de insônia fazia efeito no sono que havia em meu corpo.

Senti passos descendo as escadas e limpei a água em meu rosto, fungando baixinho e respirando fundo.

Apertei a almofada do sofá, ajeitando meu corpo e olhando para o chão, evitando contato visual com o menino.

- O que você está fazendo aqui? - Ouvi a voz fina do menino de olhos azuis.

Uma voz manhosa e calma, a voz que ele usava para me dar bom dia, olhando em meus olhos logo depois de acordar.

- Eu não consegui dormir, você estava resmungando. - Era difícil fingir, eu adorava seus resmungos. Eu adorava quando ele resmungava baixinho meu nome e eu soltava seu corpo com cuidado para fazer seu chá.

Adorava vê-lo tomando o chá enquanto abraçava meu corpo com força, sempre perguntando se eu queria um gole e levando a xícara até minha boca mesmo a força.

Adorava o efeito que esse mesmo líquido tinha, ele tomava e se ajeitava em meus braços, caindo em um sono pesado e sem barulhos a não ser sua respiração.

Louis sentou-se ao meu lado e eu puxei meu corpo para longe.

- E por que você não fez o meu chá? Você sempre faz.

Meu coração se quebrou ali mesmo, tive que respirar fundo várias vezes para não desabar e abraçar o garoto ao meu lado.

Eu estava tentando entender que ele era apenas a minha vítima. Estava tentando entender que daqui a vinte e um dias ele estaria morto assim como todos que estiveram em minhas mãos.

Não havia motivo para me apegar ao menino, não havia motivo para me apegar aos seus olhos azuis ou às suas ruguinhas.

- Eu estava cansado. - Minha voz saiu de modo cansado e meus olhos continuavam na televisão desligada da sala.

Um silêncio se apoderou de nós, o único som que ali havia era nossa respiração e alguns suspiros fortes vindo de Louis. Ele estava irritado, eu sabia disso. Mas eu já não podia pegá-lo em meus braços e fazer cócegas para fazê-lo rir.

- Você não vai ligar a televisão? - Tristeza estava estampada em minha voz.

Meu corpo e meu coração estavam em uma guerra interna contra a razão. Eles diziam para olhar para Louis, para abraçá-lo e beijá-lo ali mesmo.

Mas a razão está sempre certa.

- Não.

Senti uma falta no sofá e percebi que Louis havia saído dali, correndo como um flash escadas acima.

- Eu juro que não te entendo.

- Nem eu. - Sussurrei baixinho somente para mim.

-x-

Louis ainda estava trancado em seu quarto, nosso quarto. Eu estava apenas deitado no sofá, olhando para o teto.

O dia havia sido entediante, Louis não havia ido trabalhar, eu estava quieto. Tudo estava quieto.

Silêncio nunca me fez bem, mas nunca foi tão torturante como estava sendo agora. O silêncio do pequeno garoto me enlouquecia.

Eu preferia tê-lo gritando comigo, me dando ordens e provocando-me.

Vi a sombra de seu corpo passar por trás do pequeno sofá, seus passos eram curtos e pesados, como se ele quisesse avisar que estava ali.

- Você vai dormir aqui? - Sua voz era fraca.

- É melhor.

Senti seus passos na minha frente e enfim criei coragem para olhar em seus olhos. Seu pequeno corpo estava parado ali.

Abaixo de seus olhos as olheiras estavam de volta, fundas como nunca estiveram. Seus olhos tinham uma combinação de vermelho e azul. Não havia cor em seu rosto, apenas um amarelo, seus lábios ressecados.

Ele estava acabado assim como eu.

- Por que, Harry? - Falou baixinho. - Por que, porra?!

O garoto começou a gritar e eu me sentei no sofá, deixando meus olhos arregalados.

- Você fez tudo isso para simplesmente me ignorar depois? Isso é bom?!

- Tudo?

- Você me fez feliz, porra! Você conquistou a porra da minha confiança, me fez uma pessoa melhor em tão poucos dias... - Havia lágrimas caindo de seus olhos e meu coração estava cada vez mais comprimido. - Para apenas me deixar como todos fazem.

Seu corpo virou-se de costas para mim e ele fitou a televisão desligada por um tempo, olhando no horizonte. Meu olhar estava no chão e agora eu realmente estava triste.

Seus passos em direção à escada eram cada fracos e antes de poder pensar em qualquer coisa ouvi o baque de seus joelhos no chão.

Corri em sua direção e ele estava vomitando somente sangue, tossindo forte e segurando seu corpo com as mãos no chão.

Puxei-o em minha direção, abraçando seu corpo com força, me deixando levar pela emoção e pelo coração.

- Eu não te deixei. - Sussurrei baixinho, deixando carícias em seus braços descobertos.

Coloquei-o em meus braços e subi as escadas em direção ao quarto, o colocando na cama e me deitando ao seu lado.

- Você não comeu nada? - Ele negou. - Por que?

- Por que você não cozinhou. - Sua voz fraca proferiu, virando-se em minha direção.

Abracei seu corpo ainda mais forte, puxando sua cabeça para o meu peito. Apertando-o em meu abraço.

- Eu vou cozinhar agora. - Estava levantando-me da cama e senti meu toque gelado me segurar.

- Apenas fique aqui e durma comigo.

Olhei pela janela e já havia estrelas no céu, estrelas brilhantes assim como os olhos do menino ao meu lado.

Então deitei meu corpo na cama, virando-me para ele, deixando sua cabeça apoiada ao meu braço. Exatamente da forma que ele gostava de dormir.

Puxei sua perna por entre as minhas e passei meu braço livre em sua cintura, suspirando contra seu rosto.

Ele fechou os olhos e eu pude ver seus lindos cílios encontrando seu rosto. Deixei um beijo eu sua testa, usando meu braço para puxá-lo ainda mais para perto.

Sua respiração se tornou pesada contra meu rosto, sua boca entreaberta pedia para ser beijada. Mas apenas suspirei e fechei meus olhos.

- Eu não serei mais um que irá te deixar. - Sussurrei para seu corpo já adormecido ao seu lado.

N/A: Att dupla para o grupo larriethings! Eu não seria NADINHA sem vocês!!!

All the fucking love. Shuli, xx.

circus » larryOnde histórias criam vida. Descubra agora