Louis era, com certeza, a pessoa mais adorável do mundo.
Havíamos saído para comprar roupas para mim e eu passei o caminho inteiro ouvindo sua voz fina reclamar que eu precisava de um emprego, pois ele não ia me sustentar. Eu só ria e concordava com ele, mesmo sabendo que não, eu não precisava de um emprego.
Nós chegamos a uma loja comum e ele pegou alguns sweaters e entregou em minha mão, empurrando meu corpo para o provador. Os provei e saí de lá, o vendo bater palmas e pedindo para dar algumas voltinhas.
Esse garoto me fazia tão feliz.
De todas as formas eu ficava tentando colocar em minha cabeça que ele era somente mais uma das minhas vítimas, mais uma das vítimas que acabavam mortas depois de trinta dias. Mas não havia como, com Louis era diferente, era melhor.
Eu não deixaria minha ideia de lado, ele não poderia viver, mas eu não podia me prender somente a esse pensamento e não aproveitar a pessoa maravilhosa que estava ao meu lado.
Pagamos os sweaters e mais algumas roupas que o pequeno comprou e saímos da loja, indo em direção à casa de Louis.
- Estou com vontade de tomar sorvete.
- Mas Lou, está frio. - O respondi, abraçando meu corpo ao pequeno casaco que eu usava.
Ele já havia se acostumado com "Lou" e diferente das primeiras vezes em que o chamei assim, era realmente verdadeiro. Eu já não estava tratando ele bem somente para conquista-lo, apenas queria ficar ao seu lado.
Realmente, a vida é irônica.
Se minha vida tivesse sido só um pouco mais fácil, talvez estivesse tudo bem. Eu poderia estar com Louis, poderia fazê-lo meu namorado, sem cobranças e sem pensamentos de morte.
Mas nem tudo é como queremos.
- Então, sorvete? - Sua voz fina soou ao meu lado novamente, então assenti com a cabeça e ele me puxou pelas ruas de Londres.
Andamos por todos os lugares possíveis e nenhuma sorveteria estava aperta, Louis bufava a cada vez que passávamos por uma fechada.
- Espere. Tive uma ideia.
Caminhei até o mercado mais próximo, vendo a testa do menino franzida. Então peguei um pacote de sorvete pré-pronto e passei no caixa, esperando ele pegar o dinheiro.
- Vai demorar um pouco mais, mas é sorvete.
Seu sorriso estendeu-se por todo o seu rosto e tive que conter o instinto de passar minhas mãos pelas belas ruguinhas que se formavam em seus olhos. Isso o deixava ainda mais bonito, ainda mais adorável e charmoso. Suas pequenas rugas me faziam esquecer todos os problemas pelos quais eu havia passado.
Eu estava com Louis há cinco dias e não podia conter a vontade incontrolável de conhecer seus lábios.
- Vamos? - Notei que estava parado na frente do caixa de supermercado, olhando diretamente para sua boca.
Ele passou sua língua pelos lábios e puxou minha mão, ouvindo algumas pessoas comemorando por finalmente estarmos saindo da fila.
Olhei para suas bochechas e elas estavam coradas.
- O que aconteceu?
- Você parou lá, no meio do supermercado. E ficou me olhando.
- Eu estava pensando. - Ele juntou suas sobrancelhas e definitivamente isso o deixa completamente amável.
- Pensando no que?
- Em você.
Suas bochechas tomaram um lindo tom de vermelho vivo, como o sangue.
Talvez o sangue dele fosse dessa cor. Ou mais fraco.
Bem... Em trinta dias eu saberei.
-x-
Chegamos a casa e Louis foi até seu quarto trocar de roupa, enquanto eu fazia o maldito sorvete que ele tanto queria. Quando terminei coloquei-o na geladeira e me sentei no sofá, esperando o menino voltar.
Ele desceu as escadas e passou por mim, para sentar-se ao meu lado. Usava uma boxer e um sweater que supostamente era meu.
- É confortável. - Abraçou-se ao casaco e sorriu. Eu não me importava em deixa-lo com ele, até preferia que fosse assim, pois quando eu o pegasse, teria o cheiro mais gostoso de todo o mundo.
- Notei. - Falei rindo para ele.
Nós já estávamos na segunda temporada de Friends e essa série se tornava cada vez mais engraçada. O garoto ao meu lado me disse que eu não poderia ir embora até que a acabássemos. Contanto que ele estivesse ao meu lado, estaria tudo bem.
O menino começou a bocejar durante alguns episódios que vimos, olhei para o relógio na parede e ali já marcava 22 horas.
- Você quer sorvete? - Olhei para seus olhos azuis em meu ombro.
- Chá e cama. - Sua voz saiu manhosa e eu só queria o abraçar.
Levantei do sofá e fui até a cozinha, colocando água para esquentar e pegando a caixa de Yorkshire Tea que ele era acostumado a tomar. Fiz seu chá e quando voltei para o sofá ele estava em um sono leve. Seu corpo encolhido ali, tão vulnerável e frágil.
Minha mente estava em uma briga interna entre pensar em mata-lo e pensar em beija-lo. Todos os meus sentidos machucados diziam que ele era apenas uma vítima, que ele era apenas mais uma das pessoas que riam de mim quando eu colocava uma flor entre meus cachos. Mas os meus sentidos mais profundos diziam que eu estava me apaixonando por esse menino.
Eu já não sabia a qual lado seguir.
Soltei a xícara de chá na mesa central e peguei seu corpo frágil em meu colo, ele resmungou algo indecifrável e entrelaçou seus braços em meu pescoço. Subi as escadas com o pequeno em meu colo, sem muito esforço, pois seu peso era consideravelmente baixo.
Então o deitei na cama e arrumei uma posição confortável para ele, o cobrindo logo depois e me dirigindo à saída.
- Hazz? - A voz fina, manhosa e cansada atrás de mim soou baixinho.
- Hum? - Me virei para ele. Seus olhos estavam semiabertos e seu cabelo bagunçado, havia um tom rosado em suas bochechas e um sorriso preguiçoso em seus lábios.
- Fica aqui.
O ar foi tirado de meus pulmões no momento em que ouvi essas palavras saindo de sua boca, meu coração pegou um ritmo acelerado e pelo jeito em que estava podia parar a qualquer momento.
- Como? - Ele não podia estar falando sério.
- Dorme aqui. O sofá não é confortável.
Sorri tirando as calças que estava usando e calmamente indo em direção à cama.
- Não tem nenhum problema mesmo?
- Shhhh. Eu não gosto de dormir sozinho.
Eu estava prestes a puxa-lo em meus braços e beijar seus lábios, mas quando senti um peso leve em meu peito vi que era ali que ele estava instalado. Passou uma perna entre as minhas e pôs um braço em minha cintura. Coloquei meu braço em suas costas e fiz pequenos carinhos ali.
Sua respiração foi se tornando pesada e calma, ele havia dormido. E eu apenas queria ficar olhando para seu rosto subindo e descendo conforme minha respiração fazia.
Fechei meus olhos e me concentrei no prazer que sentia quando matava alguém, no prazer de ouvi-los gritando, na felicidade de sentir o sangue de minhas vítimas em minhas mãos.
Mas meu pensamento estava somente em como eu tenho prazer com esse menino, mesmo sem precisar o matar, mesmo sem precisar o foder.
Eu estava - realmente - fodido. E isso com certeza não era da maneira que eu esperava estar.
N/A: Não me responsabilizo por danos psicológicos. Não obrigo ninguém a ler, desculpem a grosseria, mas é necessário.
All the fucking love. Shuli, xx.

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circus » larry
FanfictionOlhos verdes e expressão ingênua, para os outros um simples palhaço abandonado pelo circo, para si mesmo um assassino em série em busca de vingança pela sua família. Louis será apenas uma vítima?