Flashback ON
- Harry!
Eu estava sentado no grande jardim do orfanato, as folhas do outono caíam em meus cabelos e faziam companhia para a coroa de flores que eu havia feito.
Pegava com cuidado as folhas e as cheirava, o cheiro do inverno se aproximando, da chuva que havia caído recentemente. O cheiro gostoso da grama molhada.
Havia um livro em meu colo, uma bíblia que eu ao menos havia aberto. Tudo o que havia ali dentro não fazia o mínimo sentido para mim, nem mesmo as palavras complicadas, eu me perdia.
- Hum? - Tirei meu olhar das folhas e virei para a freira irritada a minha frente.
- Por que você não está lendo?! E quantas vezes disse para não usar essa droga de tiara de flores?!
Ela puxou a coroa com força, a tocando no chão e pisando em cima, como fazia todo dia. Eu já era acostumado, eu era acostumado a sofrer. Mas isso sempre doía como se fosse a primeira vez.
- Deus diz que é pecado falar palavrão. - Minha voz rouca e baixa soou, meus olhos fitavam o chão.
- Deus diz que é pecado ser uma bicha e do mesmo jeito você é, então cale a boca e vá para o seu quarto.
Algumas lágrimas cortaram minhas bochechas, meu coração se apertava a cada palavra que saía da boca desta freira. Eu estava ficando louco.
Nenhuma criança de oito anos devia ouvir esse tipo de coisa. Nenhuma pessoa devia ouvir.
- Eu gosto de ficar no jardim. - Sussurrei baixinho.
- Você poderá ficar quando se tornar um homem.
A mulher agarrou meu braço e me levou para dentro, jogando meu pequeno e frágil corpo na cama e trancando a porta para me impedir de sair.
Deixou-me sozinho com meus pensamentos.
Gostar de homens é assim tão errado?
Deus pediu para amar o próximo, eu faço isso. Eu amo o próximo.
O que há de errado comigo?
Flashback OFF
Acordei suando frio e Louis ainda dormia em meu peito. Respirei fundo várias vezes, esses pesadelos me atormentavam desde o dia em que aconteceram.
Eu tinha apenas oito anos, uma pequena criança. Uma criança frágil que havia acabado de perder seus pais sem ao menos saber os motivos.
Todos esses acontecimentos desencadearam uma raiva desastrosa dentro de mim. Quanto mais eu crescia, mais as coisas explodiam.
Quando enfim completei minha maioridade e pude sair do orfanato não havia mais coração. Não havia compaixão, muito menos pena.
A primeira morte feita pelas minhas mãos foi a mesma freira do sonho, Sandra era seu nome.
Não acredito que posso a colocar na lista, pois a velha não vale nem mesmo isso. Ela era a pior pessoa que eu já havia conhecido, todos ao seu redor a temiam e odiavam secretamente.
Certamente ninguém chorou com sua morte. Vamos lá! Fiz um favor a humanidade.
Meu olhar estava no horizonte, então o baixei para o menino deitado, seus lindos olhos azuis me encaravam como se tentassem me decifrar.
Mal sabia ele que isso era impossível, nem mesmo eu conseguia me decifrar. Era só raiva acumulada, era necessidade de cuidado, necessidade de carinho.
Talvez fosse por isso que eu passava tanto tempo com uma pessoa antes de matá-la, assim eu ganhava carinho, mesmo que fosse um carinho forçado. Eu era amado por trinta dias e odiado por alguns minutos quando a pessoa realizava que estava prestes a ser morta pela pessoa que ela se apaixonou.
Gosto da ironia de tudo isso. Gosto de fazer todo o plano e de usar minhas melhores artimanhas, vendo as pessoas caírem de joelhos por mim para no final as matar sem um mínimo de pena ou remorso.
Ninguém teve pena de mim, como eu queria. Como eu queria que alguém me abraçasse e dissesse que estava tudo bem em ser gay.
As minhas ultimas palavras para Sandra foram "Talvez agora eu seja um homem".
E quando ouvi seus gritos dolorosos percebi que era assim que eu me vingaria, percebi que esses gritos me davam o maior prazer que já havia sentido.
- Pensando? - Louis perguntou com uma voz manhosa.
- São muitas lembranças.
Os cabelos do menor estavam espalhados para todos os lados, alguns para cima e para os lados, mas nenhum estava completamente arrumado. E por incrível que pareça, isso ainda o deixava mais sexy.
O seu rosto do menino continha uma expressão cansada e sua pele bronzeada brilhava com o sol que ali batia. Tentei respirar fundo várias vezes, tentando não o beijar, tentando não o foder ali mesmo.
- Sorvete? - Havia um sorriso com pequenas rugas em seu rosto.
- Sorvete!
Ele levantou-se do meu peito e sentou-se na cama então pude sair da cama e procurar minha calça. Quando a achei abaixei meu corpo para pegá-la e ouvi um suspiro vindo de Louis.
- Wow! Bela bunda. - Eu ainda estava de costas para o garoto e senti minhas bochechas se tornarem extremamente rosadas, como se fossem queimar a qualquer momento.
- Sinto vontade de lhe dizer isso desde o dia que você me encontro. - Falei baixinho e firme, me virando para ele.
Vi seu corpo andando em minha direção e parando na minha frente, nossos rostos colados.
- Devia ter dito. - Ele sussurrou em meu ouvido e correu, descendo as escadas apressadamente.
Argh! Eu vou enlouquecer.
Desci as escadas e o encontrei sentado no sofá, suas coxas grossas estavam cruzadas e eu podia ouvir claramente sua gargalhada pela série que estava passando na televisão.
Havia um pote de sorvete na mesa da cozinha então servi um pouco para mim e o guardei, levando meu corpo à sentar-se ao lado do menino.
- Você me enlouquece. - Sussurrei, olhando para a televisão.
A resposta demorou para sair, ele apenas continuava comendo seu sorvete como se não fosse de sua importância o que eu havia acabado de dizer.
- Essa é minha intenção. - Seu olhar ainda estava na televisão.
- O que?
- Tenho certeza que você é o típico homem que tem quem quiser aos seus pés. - Ele me olhou. - Não estou dizendo que não me terá, apenas que será difícil.
Soltei um sorriso de orelha a orelha, ele era ousado e isso me deixava ainda mais excitado, ainda mais louco para tê-lo logo.
- Suas regras. - Lancei uma piscadela para ele.
Vi seu corpo se virar de costas para mim, ele chegou perto e encostou sua bunda em meu membro. Mordi os lábios com força para conter um gemido.
- Eu irei te provocar o quanto quiser e você fará o que eu mando. - Sua voz era confiante. - Agora comece com uma massagem em minhas costas.
Soltei uma gargalhada e passei minhas mãos por seus ombros, começando uma massagem calma e gostosa, vendo-o se deliciar com isso.
Eu mostraria a Louis Tomlinson que nessa relação quem manda sou eu.

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circus » larry
FanfictionOlhos verdes e expressão ingênua, para os outros um simples palhaço abandonado pelo circo, para si mesmo um assassino em série em busca de vingança pela sua família. Louis será apenas uma vítima?