Há meses que estou nessa busca exaustiva, analisando currículos, fazendo entrevistas e ainda sem encontrar alguém que realmente se encaixe no perfil. O tempo corre contra mim, e sinto cada vez mais a pressão de lidar com o acúmulo de tarefas que vão além das minhas obrigações diárias.
Enquanto reviso alguns horários na minha agenda e analiso documentos ao mesmo tempo, solto um suspiro de exaustão. Escuto uma batida na porta e suspiro novamente, torcendo para que seja algo importante.
- Pode entrar.
- Senhor, desculpe incomodar. - Diz, abrindo a porta. - Uma moça deixou esse currículo lá embaixo. - Ela coloca o currículo sobre a minha mesa.
- Obrigado, vou dar uma olhada. - Respondo, pegando o currículo. - Pode sair.
Começo a examinar o currículo com atenção. Meus olhos deslizam pelas linhas do currículo, absorvendo as informações com ceticismo. Eu já vi muitas descrições bem-feitas, mas que não se traduziam em habilidades reais. No entanto, algo me chama a atenção neste: a formação sólida, as experiências anteriores e a maneira concisa como cada habilidade é descrita.
Ela se chama Antonella Navarro, e parece ter um histórico consistente em cargos administrativos. Curiosamente, ela menciona experiências com gestão de agenda e organização de documentos, exatamente o que preciso. Dou uma olhada rápida na idade e no local onde mora, tentando identificar se algum detalhe pode ser um ponto contra, mas tudo parece promissor.
Levanto o olhar, pensativo. Talvez eu devesse dar uma chance e chamá-la para uma entrevista. Pego o telefone e ligo para a recepção.
- Marque uma entrevista com a senhorita Navarro.
DIA DA ENTREVISTA
Acordo com o despertador tocando; essas noites mal dormidas estão me deixando exausto.Desligo o despertador com um suspiro e permaneço deitado por alguns instantes, encarando o teto. O cansaço acumulado torna difícil reunir forças para levantar, mas a perspectiva de encontrar finalmente uma secretária qualificada me dá um impulso. Penso na entrevista marcada com Sra. Antonella Navarro e me sinto levemente esperançoso.
Após me arrumar, dou uma última olhada no espelho e respiro fundo, pronto para mais um dia cheio. No entanto, antes de ir direto para a empresa, decido fazer uma visita rápida aos meus pais. Faz semanas que não apareço, e embora o tempo esteja apertado, sinto que eles ficariam felizes em me ver, nem que seja por alguns minutos.
No caminho, o tráfego matinal segue denso, mas tento aproveitar a pausa forçada para refletir. Minha mãe sempre teve o dom de acalmar minha mente quando as coisas ficam intensas, e talvez hoje eu precise exatamente disso. Estaciono em frente à casa onde cresci e, ao descer do carro, sinto um familiar ar de tranquilidade que a casa deles sempre emana.
Minha mãe me recebe com um sorriso caloroso.
- Filho! Que surpresa boa. Achei que já estivesse no escritório a essa hora.
- Também achei - Respondo, sorrindo. - Mas resolvi passar aqui antes. Sabe como é, um café caseiro e uma conversa com você podem salvar meu dia.
Ela ri, me conduzindo para a cozinha, onde o cheiro do café fresco me faz relaxar. Meu pai, lendo o jornal na mesa, levanta o olhar e sorri em minha direção.
- Finalmente decidiu dar o ar da graça - Ele diz, colocando o jornal de lado. - E então, como vão as coisas no trabalho?
Passamos alguns minutos conversando sobre o escritório, os desafios de encontrar uma boa secretária e o acúmulo de responsabilidades. Eles escutam com atenção, e minha mãe, em sua habitual sabedoria, apenas me dá um conselho simples.
- Às vezes, você só precisa dar uma chance e ver onde ela leva. Pode ser que essa Antonella seja exatamente o que procura.
Saio de lá com uma sensação de leveza. As palavras dela ficam na minha mente enquanto me dirijo à empresa. Afinal, o dia de hoje pode trazer uma boa surpresa.
Ao chegar na empresa, olho para o relógio e percebo que ainda são sete e quarenta. Como a entrevista está prestes a começar, dirijo-me diretamente à minha sala, que fica no último andar. Faço uma rápida revisão em um contrato antes de assinar. Após revisar tudo, coloco a caneta no papel e olho novamente para o relógio: já são sete e cinquenta e cinco. Faço mais uma leitura no contrato, quando alguém bate na porta. Ainda concentrado nos papéis, digo para entrar.
A porta se abre, e ao erguer a cabeça, vejo uma mulher que parece ser jovem entrando na sala. Ela começou a se apresentar com a voz suave, mas eu a interrompi com um gesto educado. Cumprimentei-a, questionando se ela era a candidata para a vaga de secretária, mantendo minha voz firme, porém cordial. A jovem confirmou, visivelmente tentando controlar o nervosismo que se instalava em seu olhar. Apresentei-me como Luca Ferrarini, estendendo a mão, e notei como seu rosto reagiu ao meu sobrenome; o reconhecimento estava claro. Ela apertou minha mão, e ao pedir que se sentasse, transmiti o respeito que mantinha pela formalidade do momento. A intensidade de sua presença se tornou palpável enquanto folheava seus documentos, envoltos em um silêncio calculado que a fazia tentar esconder o nervosismo crescente. Comentei sobre sua boa experiência, fixando os olhos nas páginas antes de incentivá-la a compartilhar mais sobre suas responsabilidades nos empregos anteriores.
Durante a entrevista, notei que ela se comportava de maneira muito adequada. Diferentemente de outras candidatas, que muitas vezes se atiraram em cima de mim, ela parecia extremamente profissional e focada no que queria. Apreciei sua pontualidade e o compromisso que demonstrou ao longo de nossa conversa.
Após um tempo, eu a observei atentamente e disse que acreditava que ela poderia se encaixar bem na equipe. Fechei a pasta com seus documentos e, mantendo o olhar fixo nos olhos dela, finalizei a conversa informando que encerrávamos as avaliações e que entraríamos em contato em breve. Ela se levantou, e eu percebi a confiança em seu gesto ao apertar minha mão novamente, um sinal de que estava ciente da importância daquele momento.
ESPERO QUE GOSTEM!
BEIJOSS!