LUCA CONHECENDO MIGUEL

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Um mês se passou, estou me dando bem no trabalho. Miguel se adaptou bem à nova rotina. Dona Cecília me mantinha informada sobre seu dia, e ele sempre me recebia com um sorriso, contando suas aventuras na escola e mostrando desenhos que havia feito para mim. Meu coração aquecia cada vez que ele me abraçava ao final de um dia longo.

Ontem, Dona Cecília ligou dizendo que não poderá ficar com o Miguel. Não sei o que fazer, já que não tenho mais ninguém para cuidar dele. Não queria pedir um dia de folga, especialmente porque comecei no emprego há apenas um mês.

Acordei antes do alarme tocar. Fico deitada, observando o Miguel dormir, até que o alarme soa. Desligo e decido me levantar para começar o dia. Como vou levar o Miguel comigo, preparo uma mochila com as coisinhas dele. Acho arriscado, mas prefiro arriscar.

Após prepara tudo, vou ao quarto chamar Miguel. Eu entro no quarto, e Miguel ainda dorme profundamente, o rostinho calmo entre as cobertas. Me aproximo e, com carinho, acaricio seus cabelos, chamando-o baixinho.

- Miguel, meu príncipe, está na hora de acordar.

Ele se remexe, esfregando os olhos com as mãozinhas antes de abrir um sorriso sonolento ao me ver.

- Mamãe... - Ele murmura, esticando os bracinhos para que eu o abrace.

- Bom dia, meu príncipe. Hoje você vai passar o dia com a mamãe no trabalho, que tal?

Os olhos dele se iluminam de empolgação.

- Sério, mamãe? Vou poder ver onde você trabalha?

- Vai sim, meu príncipe. Só precisamos arrumar tudo para o nosso dia especial.

Com Miguel acordado, ajudo-o a tomar banho e a se vestir com suas roupas favoritas: uma camiseta azul com o desenho de um dinossauro e uma calça confortável. Ele parece animado, conversando sem parar enquanto lavo o seu rostinho e ajudo a pentear o cabelo. Miguel não para de perguntar como é o meu trabalho, o que eu faço lá, e se ele vai conhecer meus colegas.

Quando terminamos, volto para a cozinha e preparo um café da manhã rápido. Coloco uma torrada com geleia no prato dele e sirvo um copo de suco. Miguel começa a comer, distraído com a ideia de passar o dia comigo no trabalho.

Enquanto ele termina, reviso sua mochila para garantir que está tudo ali: lanche, brinquedinhos, um livrinho de colorir e lápis de cor. Respiro fundo, torcendo para que o dia corra bem e que Miguel se sinta confortável.

Logo saímos de casa, e Miguel segura minha mão o tempo todo, olhando a paisagem com curiosidade. Quando chegamos ao trabalho, ele fica admirado com o tamanho do prédio e aperta minha mão com mais força, talvez um pouco intimidado.

- Uau, mamãe, é enorme! – ele exclama, os olhos brilhando de fascinação.

Dou risada e aperto sua mão de volta, passando-lhe confiança. Ao entrarmos, explico que ele precisa ficar quietinho e que vamos encontrar um lugar para ele ficar confortável, mas já penso em uma forma de torná-lo meu "assistente" por hoje, caso ele precise se distrair.

Assim que entramos na empresa, sou recebida por vários olhares curiosos. Para evitar que Miguel saia correndo, seguro seu bracinho e seguimos juntos até o elevador. Quando chegamos ao nosso andar, levo-o até minha mesa e ajeito tudo em cima dela. Ele observa tudo ao redor com interesse, e eu o coloco sentado na minha cadeira, entregando-lhe uma folha de papel e uma caneta.

- Meu príncipe, a mamãe precisa ir naquela sala ali, tá bom? - Digo, apontando para a sala do chefe. - Você pode ficar aqui desenhando no papel ou pegar os seus brinquedos na bolsa. Qualquer coisa, chame a mamãe.

- Tá, mamãe. - Ele responde, já concentrado no desenho.

Respiro fundo, pego o tablet e vou em direção à sala do Luca. Bato na porta e escuto a voz dele me convidando para entrar. Deixo a porta entreaberta e começo a falar sobre a agenda do dia, mas, de repente, ouço passinhos rápidos. Antes que eu possa reagir, Miguel entra correndo na sala, carregando seu desenho.

- Mamãe! Olha o que eu fiz! - Ele exclama, com um grande sorriso no rosto.

Luca ergue uma sobrancelha, surpreso, mas depois esboça um leve sorriso ao ver Miguel.

- Desculpe, Sr. Ferrarini, não tinha com quem deixá-lo, então resolvi trazê-lo hoje... Peço desculpas... - Digo, meio sem jeito.

- Não tem problema, Sra. Navarro. Da próxima vez, peça um dia de folga que eu libero. - Ele responde, lançando um olhar tranquilo para Miguel. - E aí, pequeno. - Diz Luca, sorrindo.

Miguel olha para ele, curioso, e dá um aceno tímido, segurando o desenho que acabou de fazer. Luca sorri com mais intensidade e me lança um olhar tranquilo, deixando claro que está tudo bem.

- Miguel, volta para a mesa, a mamãe já está acabando. - Digo, tentando convencê-lo.

- Não, mamãe, eu quero ficar aqui! - Ele responde, com determinação, ainda corre sentando no chão ao lado da mesa de Luca.

- Não tem problema, Sra. Navarro. Continue com a minha agenda do dia.

Suspiro e termino de falar sobre a agenda. Quando termino, percebo que Miguel está desenhando em outro papel.

- Miguel, vamos voltar para a mesa com a mamãe.

Miguel faz uma careta, mas obedece, levantando-se do chão. Ele olha para Luca e ergue o desenho, orgulhoso, como se estivesse oferecendo seu melhor trabalho.

- Esse aqui é você, tio. - Ele aponta para um rabisco que representa Luca com um sorriso largo e os braços abertos.

Luca ri, claramente se divertindo, e inclina-se para dar uma olhada mais de perto.

- Ficou ótimo, Miguel. - Ele diz, com um tom gentil. - Vou guardar aqui na minha mesa para lembrar do meu novo artista favorito.

Miguel sorri, encantado, e olha para mim, como se buscando aprovação. Eu me agacho ao seu lado, acariciando seus cabelos com carinho.

- Viu só, Miguel? O tio Luca gostou do seu desenho. Mas agora vamos deixar ele trabalhar, tá bom? - Falo, em um tom mais suave, tentando convencê-lo.

Miguel finalmente concorda e me acompanha de volta à minha mesa, onde o coloco novamente na cadeira com os brinquedinhos e os lápis de cor. Ele começa a desenhar outro papel, entretido, enquanto eu me sento, sentindo um peso sair dos meus ombros por Luca ter sido compreensivo.

Enquanto trabalho, de vez em quando olho para Miguel, certificando-me de que ele está bem. Ele continua desenhando e, para minha surpresa, interage educadamente com os colegas que passam e sorriem para ele. Em um intervalo, um dos colegas até traz um biscoito para ele, o que o deixa ainda mais animado.

ESPERO QUE GOSTEM!
BEIJOSSSS!

O CEO E A MÃE SOLOOnde histórias criam vida. Descubra agora