Após terminarmos o jantar, ele sugere que saíamos para dar uma volta. Luca paga a conta sem pestanejar, ignorando minha tentativa de dividir os custos. Ele apenas sorri e diz:
- Hoje é por minha conta.
Cedo, sem insistir. Há algo na firmeza gentil dele que me faz aceitar sem discussão. Quando saímos do restaurante, o ar noturno da cidade nos envolve. A brisa fresca contrasta com o calor que ainda sinto no rosto. Ele caminha ao meu lado, nossas mãos quase se tocando, mas sem cruzar a linha invisível que parece nos separar.
Enquanto caminhamos pelas ruas tranquilas da cidade, o silêncio entre nós é confortável, quase íntimo. A lua ilumina suavemente as calçadas, e o som distante do tráfego parece um lembrete de que o mundo continua girando, mesmo que, por um momento, tudo pareça estar em pausa.
Luca olha ao redor como se estivesse buscando algo, e, depois de alguns minutos, aponta para uma pequena praça adiante.
- Vamos sentar ali? - Ele pergunta, sua voz baixa, quase como se temesse quebrar o encanto da noite.
Concordo com um aceno, e seguimos em direção ao banco de madeira sob uma árvore antiga. Ao nos sentarmos, ele se inclina para trás, apoiando um braço no encosto, enquanto eu me mantenho mais ereta, brincando com a alça da minha bolsa para conter o nervosismo.
- Está sendo uma noite agradável, não acha? - Ele diz, virando-se ligeiramente para mim. Seus olhos, agora mais suaves, parecem estudar cada reação minha.
- Sim, está. - Respondo, tentando não soar tímida, mas falhando miseravelmente.
Ele sorri de lado, como se percebesse meu esforço, e faz algo que me pega completamente desprevenida: tira o paletó, dobra-o com cuidado e o coloca sobre o encosto do banco. A ação é tão casual, mas, ao mesmo tempo, revela uma faceta mais descontraída de Luca que eu não esperava.
- Antonella, você é uma mulher intrigante. - Ele começa, sua voz um pouco mais grave. - Tem uma força em você que é difícil de ignorar, mesmo quando tenta se esconder por trás da rotina e das responsabilidades.
Sinto meu coração acelerar com suas palavras, mas antes que eu possa responder, ele continua:
- Eu sei como é carregar o peso do mundo. Sei como é sentir que precisa ser forte o tempo todo. Mas quero que saiba que, esta noite, você não precisa ser nada além de você mesma.
As palavras dele me atingem com uma força inesperada. É raro ouvir alguém falar assim, com tanta sinceridade. Meu olhar se fixa no dele, e, por um momento, esqueço como respirar.
- Obrigada. - É tudo o que consigo dizer, minha voz quase um sussurro.
Luca parece satisfeito com minha resposta, e o silêncio que se segue é preenchido apenas pelo som das folhas balançando ao vento. Quando finalmente desvio o olhar, percebo que ele está observando algo em minha mão.
- Posso perguntar algo?
Assinto e ele continua a falar.
- O pai do Miguel? - Ele pergunta, curioso, me encarando. - Se não quiser contar, tudo bem.
- Tudo bem. O pai do Miguel, quando engravidei, pediu para abortá-lo. Eu não poderia fazer isso, ele era uma vida. - Dou uma pausa para respirar. - Ele então me pediu para escolher entre ele e o meu filho, mas, claro, eu escolhi o Miguel. Quando meus pais descobriram, minha mãe tentou fazer de tudo, mas meu pai me expulsou de casa. Ela começou a me ver escondido do meu pai, porque se ele descobrisse, ele batia nela. Fui um dos motivos de ela ter vindo morar comigo há dois meses. - Termino de falar, e ele continua me encarando, praticamente ouvindo a minha vida inteira.
- Sinto muito. - Ele fala, e eu solto um sorriso. - Você namorou alguém durante esse tempo todo?
- Não. - Respondo, olhando-o. - Além do mais, quem iria querer uma mulher gorda e com um filho?
LUCA
Quando escuto ela falar isso, uma raiva sobe em mim. Não consigo acreditar no que acabei de ouvir.A raiva que sinto não é por ela, mas pelo mundo que a fez pensar assim. Pela maneira como pessoas como Antonella são reduzidas a padrões ridículos, ignorando a força, a beleza e o coração que carregam.
Respiro fundo, tentando conter o tom da minha voz. Não quero assustá-la. Olho para ela, seus olhos hesitantes, quase como se estivesse esperando que eu confirmasse suas palavras.
- Não diga isso de novo. - Minha voz sai firme, mas calma. - Você não tem ideia do quanto é especial, Antonella.
ANTONELLA
As palavras dele me pegam de surpresa, quase me roubando o ar. Olho para Luca, seus olhos intensos, fixos nos meus, como se ele estivesse tentando gravar cada detalhe do meu rosto. Nunca alguém havia dito algo assim para mim, pelo menos não com tanta convicção.
- Especial? - Pergunto, a voz tremendo, meio incrédula.
Ele se inclina levemente na minha direção, apoiando o braço no encosto do banco, encurtando a distância entre nós.
- Sim, especial. - Ele repete, sua voz agora mais suave, mas carregada de uma intensidade que faz meu coração disparar.
Sinto meu rosto esquentar ainda mais, enquanto seu olhar parece vasculhar minha alma. Por um momento, estou convencida de que ele pode ouvir cada batida acelerada do meu coração.
Luca levanta a mão lentamente, como se me desse tempo para recuar, mas eu não me movo. Seus dedos roçam levemente uma mecha do meu cabelo que caiu sobre meu rosto, e ele a coloca atrás da minha orelha. O toque dele é delicado, mas eletrizante.
- Você merece alguém que veja o que vejo agora. - Ele diz, e sua voz está tão próxima que consigo sentir o calor de suas palavras contra minha pele.
Não consigo responder, nem ao menos piscar. Há algo na forma como ele me olha que me prende no lugar, e, antes que eu possa raciocinar, ele se aproxima ainda mais.
LUCA
Antonella está tão perto que consigo sentir a leve fragrância de sua pele, uma mistura de algo doce e natural, como ela mesma. Minha mão ainda está próxima do rosto dela, hesitante. Dou um pequeno sorriso ao notar como ela está imóvel, mas seus olhos… Eles dizem tudo.
- Posso? - Pergunto, baixinho, minha voz carregada de um respeito que ela claramente merece.
Ela não responde de imediato, mas o sutil aceno de cabeça e a maneira como seus olhos se fixam nos meus são tudo o que preciso.
Fecho a distância entre nós, encostando meus lábios nos dela. O beijo é gentil, quase uma pergunta. Quero que ela saiba que não há pressa, que é ela quem comanda esse momento.
ANTONELLA
O toque dos lábios dele nos meus é mais suave do que imaginei, mas é o suficiente para me fazer esquecer o mundo ao nosso redor. Meu coração bate tão forte que tenho certeza de que ele pode sentir. Hesito por um momento, mas então, algo dentro de mim cede, e eu retribuo o beijo.
Meus dedos tremem quando tocam o braço dele, como se buscassem alguma âncora para me manter nesse momento. Luca aprofunda o beijo, ainda cuidadoso, mas agora mais certo, mais intenso. Sinto-me derreter sob o peso da sinceridade e ternura que ele transmite.
Quando nos separamos, ambos respiramos fundo, como se tivéssemos esquecido como fazer isso antes. Ele mantém sua testa encostada na minha, os olhos fechados por um breve momento.
- Você é ainda mais incrível do que imagina, Antonella. - Ele sussurra, a voz rouca, e sinto um arrepio percorrer meu corpo.
Dessa vez, sou eu quem sorri, finalmente permitindo que suas palavras se alojem dentro de mim, expulsando as dúvidas que me assombravam.
FICOU BOM O PRIMEIRO BEIJO DO CASAL. ESTOU TENTANDO CRIAR ALGO MAIS ROMÂNTICO, MAS LOGO VAI TER HOT.
BEIJOSSSSS!