DOIS MESES DEPOIS

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Durante esses dois meses que se passaram, desde aquele dia, minha mãe está morando comigo e com Miguel. Ela explicou que meu pai descobriu que ela falava comigo e, ao descobrir, quebrou o celular dela e começou a agredi-la. Naquele dia, ela o pegou traindo e decidiu sair de casa. Durante esses dois meses, dona Cecília teve uma piora significativa e acabou falecendo. Nesse dia, fiquei completamente devastada, como se meu mundo tivesse acabado. Mas consegui seguir em frente. Miguel, naquele dia, ficou muito triste, chorou até não aguentar mais, e meu coração ficou em pedaços ao vê-lo assim.

Acordo como todos os dias, sigo minha rotina. Minha mãe já está acordada; ela está dormindo comigo e com o Miguel na cama. Estou pensando em alugar ou comprar outra casa, talvez com dois ou três quartos. Deixo Miguel ainda dormindo e me organizo para ir trabalhar. Após tomar banho e me arrumar, tomo café e faço tudo o que preciso. Saio de casa e sigo para o ponto de ônibus.

Ao chegar na empresa, vou em direção ao elevador. Quando ele abre, saio e sigo até minha mesa. Arrumo tudo, pego o tablet e sigo para a sala do Luca. Após terminar de passar sua agenda, ele me encara, e isso faz meu corpo arrepiar.

LUCA

Esses dois meses se passaram e eu não consigo tirar Antonella da minha cabeça. Me sinto o homem mais frouxo do mundo, incapaz de convidá-la para um jantar.

Levanto e sigo minha rotina. Durante esses meses, voltei a malhar pela manhã, tentando esquecer ela. Volto para o meu apartamento, tomo banho, me arrumo e sigo para a empresa sem tomar café. Ao chegar, vou direto para minha sala. Os minutos passam, até que Antonella entra na minha sala e fala toda a minha agenda. Fico a encarando.

É agora ou nunca, penso. Não posso continuar adiando o que sinto. Decido, finalmente, tomar coragem.

- Antonella, espere um pouco. - Digo, antes que ela consiga sair da sala.

Ela para, me olhando com uma expressão confusa, talvez até um pouco preocupada. Suspiro, me levantando da cadeira e caminhando em sua direção. Meu coração está batendo mais rápido do que eu gostaria de admitir, mas tento manter minha expressão neutra.

- Eu sei que pode parecer um pouco inesperado... mas gostaria de te convidar para jantar hoje à noite. - A pergunta sai da minha boca antes que eu possa hesitar.

Vejo os olhos dela se arregalarem levemente, claramente surpresa. Ela fica em silêncio por alguns segundos, que para mim parecem uma eternidade. Tento manter a compostura, mesmo sentindo uma onda de nervosismo.

ANTONELLA

Eu mal consigo acreditar no que acabei de ouvir. Durante esses dois meses, Luca sempre foi educado e profissional, mas eu percebia seus olhares intensos, como se quisesse dizer algo, mas nunca disse. E agora, aqui estamos, ele me convidando para um jantar.

- Um jantar? - Repito, tentando ganhar tempo enquanto processava a proposta.

Ele acena com a cabeça, com uma expressão quase esperançosa. É raro ver Luca Ferrarini vulnerável, e essa pequena demonstração de incerteza é algo que nunca imaginei presenciar.

- Sim, pensei em um jantar. Algo mais descontraído, para relaxarmos depois de um dia cansativo. Mas só se você se sentir à vontade com isso. - Ele sugere, a voz um pouco mais rouca.

Deveria recusar? Deveria manter a postura profissional? Mas a verdade é que, nesses dois meses, Luca não saiu dos meus pensamentos. Toda vez que o vejo, meu coração acelera. Sinto-me tentada a dizer sim, a descobrir o que pode haver por trás desse convite.

- Tudo bem, eu aceito. - Digo finalmente, esboçando um pequeno sorriso, enquanto minha mente corre a mil por ter tomado essa decisão.

Vejo os ombros dele relaxarem em alívio, e algo parecido com uma faísca de felicidade brilha em seus olhos.

- Que tal às oito? Eu passo para te buscar. - Ele sugere, o sorriso agora mais confiante.

Concordo com um aceno de cabeça e deixo a sala com o coração acelerado, tentando não pensar demais nas implicações desse jantar.

LUCA

Ela disse sim. Uma onda de alívio e felicidade me invade de uma forma que há muito tempo não sentia. Eu me recosto na cadeira, tentando conter um sorriso, mas falho miseravelmente. Durante esses dois meses, Antonella tem sido uma presença constante nos meus pensamentos, e agora finalmente terei a chance de conhecê-la fora desse ambiente profissional.

Passo o resto do dia tentando me concentrar no trabalho, mas minha mente insiste em voltar para o jantar de mais tarde. Devo optar por um restaurante mais sofisticado ou um local mais discreto e acolhedor? Acabo decidindo ligar para o restaurante da minha mãe, meu restaurante favorito, elegante, mas não excessivamente formal, com o ambiente perfeito para uma conversa tranquila.

O dia parece se arrastar, mas finalmente chega o fim do expediente. Arrumo minhas coisas e saio do escritório, sentindo uma antecipação nervosa que raramente experimento. Ao chegar em casa, tomo um banho rápido e escolho um terno escuro, nada exagerado, mas ainda assim adequado para a ocasião. Quero impressioná-la, mas sem parecer que estou tentando demais.

ANTONELLA

Saio da sala do Luca com as pernas trêmulas, tentando processar o que acabou de acontecer. Será que tomei a decisão certa? Talvez um jantar não signifique nada além de uma tentativa de nos conhecermos melhor, mas é difícil não imaginar que esse convite possa ter um significado mais profundo.

Volto para minha mesa, tentando manter a calma, mas minha mente está a mil.

ESPERO QUE TENHA FICADO BOM.
O PRIMEIRO JANTAR VEM.
BEIJOSS!!

O CEO E A MÃE SOLOOnde histórias criam vida. Descubra agora