A Descoberta Parte 2

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E lá estava ele, com seu sorriso de lado, passando a língua pelos dentes enquanto avaliava a situação. Meu coração disparou; na minha frente estava a pessoa em quem eu mais havia confiado, a única que não levantara nenhuma suspeita.

Luka? — consegui murmurar, a incredulidade sufocando minha voz.

O que eu via era a face familiar de alguém que havia prometido que iria me proteger. O amigo leal que sempre esteve presente, mas agora, nesse momento aterrador, revelava-se como o verdadeiro monstro. Um nó se formou na minha garganta enquanto a traição se instalava em meu peito.

— Surpresa, Annia — ele disse, a malícia em sua voz tornando tudo ainda mais insuportável. — Desculpe o atraso.

Eu não conseguia falar. O olhar dele, fixo e perturbador, enviava ondas de desespero pelo meu corpo.

— É, você ficou surpresa mesmo — ele sorriu, a satisfação estampada em seu rosto. — Aposto que deve ter uma pergunta, não? Sem perguntas?

— Como você... como pode?! — A incredulidade quase me deixou sem fôlego.

— Não era bem a pergunta que eu queria, mas tudo bem — ele respondeu, esticando o braço e apontando a arma para mim. — Nós vamos conversar, mas não aqui. Solta a faca, princesa.

Senti o peso do pânico crescendo em meu peito, enquanto lutava contra o impulso de obedecer

— Luka, isso não precisa ser assim — eu tentei argumentar, a voz tremendo, enquanto ele permanecia firme, a arma apontada para mim.

— Precisa sim — ele respondeu, a frieza em seu olhar cortando mais do que a faca que eu segurava. — Eu tentei fazer você gostar de mim, e estava disposto a fazer isso diferente do que fiz com Hanna. Mas quando vi você e Derick juntos na noite em que ataquei a Lia, meu coração se despedaçou — ele riu, mas não havia humor em suas palavras. — Como você  teve coragem de fazer isso comigo? Eu te amo, Annia.

— Meu Deus, você atacou sua própria irmã? Por quê? — Eu estava horrorizada, as peças do quebra-cabeça se encaixando de maneira perturbadora.

— Aí está uma boa pergunta — ele disse, a malícia retornando ao seu tom. — Mas antes, solta a faca.

Senti a adrenalina correr por minhas veias enquanto ponderava minhas opções. Luka, que eu pensava conhecer, agora parecia um completo estranho.

Ele disparou um tiro de aviso no chão, e o som ecoou pela sala, fazendo meu corpo tremer e me afastar instintivamente. Com medo, joguei a faca para o lado, a lâmina rangendo ao tocar o chão.

— Isso mesmo, princesa — Luka disse, com um sorriso sarcástico nos lábios. — Agora estamos prontos para conversar.

Eu não conseguia tirar os olhos da arma. O pânico pulsava nas minhas veias, mas uma parte de mim ainda se negava a acreditar que a pessoa que estava na minha frente era capaz de tamanha crueldade. Eu achei que era meu amigo, mas agora parecia um monstro.

— Luka, por favor, você não precisa fazer isso.

— Sério? — Ele riu, mas havia uma nota de desespero em seu riso. — Você realmente acha que tem alguma opinião? Isso é sobre controle, Annia. E eu estou no controle agora.

Eu olhei ao redor, buscando qualquer possibilidade de fuga. O galpão estava mal iluminado, com sombras se estendendo pelas paredes, e eu sabia que precisava pensar rápido. Luka estava obcecado e ferido, e era difícil prever o que ele poderia fazer em um momento de raiva.

— Luka, você está se deixando levar pela dor — eu disse, tentando manter minha voz firme. — Isso não é você. Lembre-se de quem você era antes.

— Antes?! — Ele quase gritou, os olhos se incendiando de raiva. — Antes eu era apenas cara rejeitado, trocado por quem? Derick, o infeliz manipulou a Hanna, e estava te manipulando, não vou deixar que ele faça isso com você!

Luka começou a andar em minha direção, e o instinto de sobrevivência tomou conta de mim. Eu corri, torcendo para que uma das portas estivesse aberta, e a risada dele ecoava pelo galpão, fria e ameaçadora.

— Sinto muito, amor — ele disse, com um tom de desprezo na voz. — Você está trancada aqui comigo.

A adrenalina disparou em meu corpo enquanto eu procurava desesperadamente uma saída.

— Luka, você não precisa fazer isso! Podemos resolver tudo de uma maneira diferente — tentei apelar, mas ele continuava se aproximando, a arma em punho, sua expressão se transformando de tristeza para uma determinação sombria.

— Não, Annia, você não entende. Eu estou cansado de ser a segunda opção. Você fez sua escolha, e agora eu estou fazendo a minha.

Eu precisava ganhar tempo. Se conseguisse distrair Luka, talvez conseguisse encontrar uma maneira de escapar. Enquanto ele se aproximava, comecei a girar em torno da sala, mantendo um olhar atento nas suas mãos, a arma sempre em foco.

— Luka, eu não imaginava que se sentia assim!  — eu gritei — Você pode ser melhor que isso!

 Ele parou de repente, a raiva crescendo em sua voz. — Você acha que eu posso ser melhor? Você me escolheu, Annia? Não, você preferiu transar com aquele idiota do Derick

O desespero em sua voz fez meu coração pesar. Ele estava quebrado, e por trás da raiva, eu via um pouco do Luka que eu conhecia. Se houvesse uma chance de trazê-lo de volta, eu tinha que tentar.

— Você é especial, Luka. Não precisa dessa violência para se sentir importante. — Eu avancei um passo em sua direção, tentando criar uma conexão. — Eu me importo com você. Podemos conseguir sair disso.

Mas, em um movimento rápido, ele ergueu a arma, e o mundo ao meu redor parou.

Outro tiro de aviso.

— Fica quieta — ele disse pausadamente, e meu coração quase parou junto com a respiração.

 O som do meu celular tocando freneticamente no meu bolso, cortou o silêncio tenso do galpão. Era Derick.

— Se você atender, eu atiro. Eu te perco Annia, mas ele te perde também. E depois vou atrás dele.

Fiquei parada, minha respiração acelerada, peguei o celular e joguei para longe, agora minhas mão estavam vazias e sem nenhuma oportunidade de fugir ou lutar, mas a verdade era que se ele machucasse Derick eu me perderia e neste momento entendi que o que eu sentia por Derick era mais que paixão.

— Boa garota — Luka disse, sua voz suave, mas carregada de um veneno. Ele se aproximou de mim, e a distância entre nós se dissolveu rapidamente. Seu olhar examinava cada centímetro do meu rosto, como se estivesse buscando uma resposta que não tinha.

Ele segurou meu queixo, fazendo com que eu o encarasse. Por um breve momento, o medo se transformou em confusão. O Luka me avaliava como se eu fosse algo precioso.

— Entre — ele ordenou, puxando meu braço com força até uma porta que estava escondida em uma parte escura do galpão. O som do trinco se destrancando ecoou, e eu sabia que não tinha escolha.

Caminhei para dentro, o coração acelerado. Luka seguiu logo atrás de mim, fechando a porta com um estalo ensurdecedor que reverberou na minha cabeça.

 A sala era pequena e mal iluminada, com apenas uma janela suja que deixava entrar um pouco da luz do dia, mas o ambiente estava impregnado de um cheiro de mofo e desespero.

Havia uma cama pequena no lugar, com lençóis recém-trocados e algemas penduradas nos quatro cantos. 

Um arrepio percorreu meu corpo ao imaginar o que ele faria com aquelas algemas.

 Em seguida, avistei uma mesa coberta por velas aromatizadas, que exalavam um perfume doce e enjoativo, como se tentassem disfarçar a verdadeira essência daquele espaço. 

— O que você vai fazer comigo? — eu perguntei, tentando manter a voz firme.

Mas ele não respondeu, apenas me prendeu nas algemas saindo em seguida do quarto e o trancando.

Nota: Ei você ainda está aqui querido leitor, obrigada por me acompanhar! estamos chegando ao final do livro e eu espero que goste!

A verdadeira obsessão. 🥀Onde histórias criam vida. Descubra agora