A Confiança

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Corri apressadamente para o quarto de Derick. Meu coração batia tão forte que parecia querer saltar do peito. Quando finalmente consegui passar pela porta, tentei fechá-la rapidamente, mas senti uma pressão do outro lado. Ele estava ali, a mão segurando a porta com força, impedindo que eu a fechasse.

Uma onda de adrenalina percorreu meu corpo, e eu reuni toda a força que tinha para empurrar a porta, lutando contra a resistência oposta. A porta cedeu um pouco, e, com um último impulso, consegui fechá-la com um estalo, trancando-a em seguida.

Corri para a mesa de Derick, minhas mãos tremendo tanto que foi difícil segurar o celular antigo dele para discar o número da emergência. Eu não sabia se o telefone funcionava mas para a minha sorte ele estava ligado. Respirei fundo, tentando conter o desespero. Só conseguia pensar em uma coisa: se ele me pegasse, eu não teria chance.

— Central de polícia de Stowe, em que posso ajudar? — a voz do atendente soou firme, mas distante, através do telefone.

Engoli em seco e sussurrei, tentando ao máximo manter a calma.

— Tem uma pessoa me perseguindo em casa, venham rápido! — Minhas palavras saíram entrecortadas, o pânico transbordando na minha voz. Passei o endereço o mais baixo que pude, rezando para que eles conseguissem entender.

— A senhora está sozinha? — a voz do atendente parecia um pouco mais tensa agora.

— Sim, estou trancada no quarto... mas não sei por quanto tempo a porta vai aguentar — respondi, olhando fixamente para a maçaneta que estava girando apressadamente.

Me escondi entre os cabides do guarda-roupa e me posicionei para ter uma visão mínima da porta. Abri a porta alguns centímetros, espiando se a pessoa tentava entrar. O atendente ainda estava na linha, tentando me manter calma enquanto confirmava que a viatura estava a caminho. Mas eu não tinha certeza se ela chegaria a tempo.

Sem querer chutei algo no fundo do armário. A caixa.

O telefone estava preso entre meu ombro e ouvido, mas meu foco estava todo naquela caixa. Puxei-a para perto, lembrando do celular de Hanna que estava dentro. Minhas mãos tremiam enquanto eu pegava o celular e rezava para que não tivesse senha. Mas, claro, tinha.

Minha mente corria, buscando alguma ideia. Primeiro, tentei "Hanna". Nada. Depois, "Derick". Também não. Lembrei do pouco que sabia sobre ela. Então, me veio à mente o nome que Derick mencionou, "Mary", o nome que ela daria se tivesse uma filha. Digitei, e o celular desbloqueou.

Engoli em seco.

Minhas mãos suavam enquanto eu rolava a tela do celular. Vi várias conversas com nomes conhecidos: Lia, Derick, Luka e Amber. Mas uma em particular fez meu coração parar por um instante. "Stalker bizarro."

Sem hesitar, abri a conversa. O que encontrei fez minha pele arrepiar. Eram mensagens perturbadoras. Algumas xingavam Hanna com uma raiva doentia, enquanto outras descreviam onde ela estava, quase como um jogo sinistro de proximidade e haviam mensagens perguntando se ela gostou do presente. Em uma delas, o stalker ordenava que ela usasse uma saia para ir ao mercado. "Pervertido", pensei, enojada.

Continuei a ler, lembrando como é o desconforto e o medo que ela deve ter sentido ao receber aquelas mensagens. Mas, então, cheguei a uma que me fez respirar fundo.

"Ou você vem até mim, ou eu mato seu querido Luka." Abaixo, um endereço.

"Querido Luka?" Pensei, surpresa. Então eles eram mais próximos do que eu imaginava. A data da conversa marcava 6 de outubro de 2020, o dia em que Hanna desapareceu. Será que a polícia chegou a investigar esse endereço? Será que foram até lá?

A verdadeira obsessão. 🥀Onde histórias criam vida. Descubra agora