O Stalker

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Derick não estava na cama quando acordei, então decidi trocar de roupa para verificar onde ele estava. Ao abrir a gaveta, notei que algumas peças estavam faltando, incluindo a calcinha muito parecida com a de Hanna, minha blusa preferida que eu usava quando cheguei e a jaqueta que usei na festa.

Levantei-me, colocando a primeira camiseta que encontrei, e ainda intrigada com a ausência das peças, segui para a cozinha. Derick estava lá, mexendo em algo no fogão, sem perceber minha chegada.

—Derick, você viu... — comecei, hesitando por um segundo antes de continuar —... A jaqueta que usei na festa?

Ele virou-se lentamente, com um olhar sério, e, depois de um instante, deu de ombros.

— Não... — ele se aproximou e segurou minha cintura. - Por quê?

—Ah, eu não encontrei algumas peças — respondi, tocando seu ombro.

— A gente procura depois — ele sorriu, beijando meu rosto. - Fiz café.

— Ótimo.

Nos acomodamos à mesa, e agora Derick parecia mais disposto a conversar.

—Sabe...—ele começou, com um tom suave -—eu gostei do que a gente teve.

— Eu também — sorri, tomando um gole do meu café.

— Me sinto bem com você.

A verdade é que, depois do que aconteceu, não tivemos tempo para falar sobre isso, mas o momento havia sido agradável, e eu estava feliz... talvez até me apaixonando por Derick.

— Preciso começar a trabalhar — sorri, lembrando-o de que ainda era sua governanta.

-—Não se preocupe com isso... Pode fazer o que achar melhor, eu ainda vou te pagar.

— Claro que vai, você me contratou pra isso - sorri.

Ele riu, passando a mão pelo cabelo enquanto me observava. Por um instante, senti que queria dizer algo mais, mas parecia hesitar.

— Derick... —comecei, tentando quebrar aquele silêncio um pouco tenso. —Tem algo que você quer falar?

Ele balançou a cabeça, pensativo.

—Acho que... — ele parou, olhando diretamente para mim. - Quero te perguntar algo. Por que você aceitou vir pra cá? Cuidar de uma casa enorme, sozinha, num lugar que nem conhece?

A pergunta me pegou de surpresa. Era verdade que aceitar aquele emprego foi uma decisão impulsiva, mas estar ali parecia ser exatamente o que eu precisava.

— Eu... não sei ao certo. Acho que queria uma mudança, um recomeço. Talvez uma fuga também — admiti, percebendo que minha resposta ia além do que eu planejava dizer. — E você? Por que me contratou?

Ele desviou o olhar, respirando fundo.

— Sabe, as coisas aqui sempre foram bem... solitárias. A ideia de ter alguém por perto parecia... reconfortante.

— Imagino que deve ter sido muito difícil depois que a Hanna... — não consegui completar a frase.

—É —ele suspirou. — Éramos novos, tínhamos planos, ela queria filhos e se fosse menina seria Mary, ela era obcecada por esse nome—ele riu— Mas as coisas não saíram como queríamos.

Eu fiquei em silêncio, sentindo o peso da história dele pairar no ar. Queria perguntar mais, mas temia trazer à tona lembranças dolorosas demais.

— Mas... isso foi a alguns anos — ele disse, como se tentasse se convencer. —Eu precisava seguir em frente, e você... bom, você apareceu.

A verdadeira obsessão. 🥀Onde histórias criam vida. Descubra agora