O Quase Beijo

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Os dias passaram tranquilos, e logo o aniversário de Luka chegou. A festa começaria às oito da noite, e, de certa forma, eu estava ansiosa para participar. Minha mente estava confusa; já não sabia mais se gostava tanto do silêncio. Precisava ouvir pessoas, talvez uma música que me fizesse querer dançar.

O dia mal havia amanhecido, mas eu já estava de pé antes do sol aparecer. Fazia uma semana que estava na casa.

Sentada no balcão, tomando um café e lendo as notícias locais, notei que a cidade era pacata: pequenos furtos, brigas causadas por bêbados, nada que desse muito trabalho à polícia. O que é bom visto que ninguém quer viver em uma cidade perigosa.

Um vento frio percorreu a casa, e eu me arrepiei, abraçando meus próprios braços para me esquentar. O inverno estava chegando, e em breve começaria a nevar. A parte boa era que a famosa estação de esqui em Stowe logo abriria. Será que Derick poderia me levar?

Fui interrompida de meus questionamentos quando li algo interessante, ou talvez assustador.

"Hoje completam-se quatro anos desde o desaparecimento de Hanna. A noticia quebrou o silencio da cidade e deixou a população em pânico. No dia 6 de outubro de 2020 a jovem sumiu após voltar da casa do namorado. Na época, a polícia suspeitou fortemente dele, mas, após investigações, constataram que ele tinha um álibi e não havia saído de casa. Hanna segue desaparecida desde então, e o caso foi encerrado por falta de recursos. No entanto, ela permanece nos corações de amigos e familiares."

A garota na foto do cartaz de desaparecida tinha um sorriso genuíno, como o das pessoas da cidade. Mesmo sem conhecê-la, desejei que fosse encontrada logo, embora já tivessem se passado três anos.

Derick logo me interrompeu da minha leitura, atravessando a cozinha e indo em direção à geladeira.

- Tem café - gesticulei com a cabeça em direção à cafeteira em cima da bancada.

- Certo - ele me olhou com um copo de suco de laranja nas mãos. - Você levantou cedo hoje.

- Sim, me senti animada, eu acho.

- Que bom - ele acenou levemente com a cabeça.

O silêncio reinou. Era frustrante como, em alguns momentos, ele era receptivo e, em outros, parecia não se importar.

- Quantos anos você tem? - perguntei.

Ele me olhou, parecendo confuso com a pergunta, intrigado, eu diria.

- Vinte e sete - ele respondeu de forma breve. E, antes que eu pudesse ir para a próxima pergunta, ele disse: - Você tem vinte e cinco, acredito.

- Sim - confirmei, acertou em cheio. - Qual sua cor favorita?

- Azul.

- Qual seu tipo de mulher? - A pergunta simplesmente escapou. Ele me olhou, me analisando, pensando no que poderia responder.

- Eu não tenho um tipo - ele tomou um gole do seu suco e se sentou na minha frente.

- Todo mundo tem.

- Eu não... - ele fez uma breve pausa e começou a me analisar. - Mas, se eu tivesse que escolher... escolheria alguém que fosse tranquila, mas comunicativa, que gostasse de ler, que gostasse de cozinhar e que tivesse cabelos pretos e longos. Alguém como... você.

Eu não vi, mas com certeza fiquei vermelha e talvez meus olhos redondos se arregalaram. Eu me senti estranhamente bem com o que ele disse, e um pequeno sorriso se formou no meu rosto. Era a primeira vez que ele dizia algo voltado a mim. Seria verdade ou ele estava apenas me provocando? Bom, independente do que fosse, eu não queria que ele parasse.

A verdadeira obsessão. 🥀Onde histórias criam vida. Descubra agora