A mensagem de texto

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A chuva lá fora se estendia suave, as gotas tocando delicadamente as folhas das árvores, e pela primeira vez desde que cheguei, senti uma verdadeira paz na casa. Eu estava sentada na cama, rabiscando personagens em meu caderno de desenhos. Era domingo, e o sol começava a despontar no horizonte. Desde a festa, tenho me levantado cedo, sempre antes de Derick. Não estava conseguindo organizar meus pensamentos; tanta coisa aconteceu em tão pouco tempo. Já fazia três semanas e meia desde que eu havia chegado.

Derick saía de manhã e voltava à noite durante a semana. Eu sempre arrumava um jeito de estar na cozinha quando ele chegava, para evitar outra surpresa como a da vez em que ele viajou por três dias.

Ainda não sabia o que fazer. Jenna me contou que meu antigo apartamento já havia sido alugado e que Miller, não estava preso, pois ela o viu em uma festa com uma garota qualquer.

Eu ainda tinha duas opções: ir para a casa de Jenna ou voltar para a dos meus pais, mas não queria me dar por vencida.

Queria acreditar que tudo o que aconteceu - o manuscrito, os barulhos e o que Luka me disse - fosse apenas uma brincadeira ou coincidência, algo que minha mente estava criando.

Enquanto eu estava imersa nos meus desenhos, escutei um rangido vindo do corredor. Não me assustei, pois já havia me acostumado com os sons da casa, mas meu corpo ainda reagia, um frio na barriga que não dava para controlar.

Virei a cabeça devagar, esperando ver Derick na porta do meu quarto, mas não havia ninguém. Suspirei, sentindo uma leve tensão no ar. Era sempre assim, uma mistura estranha entre tranquilidade e alerta.

Decidi levantar e ir até a cozinha. Precisava de um café. Os finais de semana com Derick em casa eram silenciosos, ele quase não falava, o que me deixava com a sensação de estar convivendo com um fantasma.

Às vezes, eu o observava enquanto ele lia, os olhos fixos no livro, as mãos firmes, como se ele estivesse mergulhado em um mundo que eu jamais entenderia.

De repente, ouvi passos vindos da sala. Meu coração deu um salto. Não era Derick - ele costumava ser mais silencioso, quase como uma sombra.

Quando cheguei na sala, tudo estava no lugar. A lareira apagada, os livros de Derick organizados na estante, as poltronas vazias. Nenhum sinal de alguém. Respirei fundo e voltei para a cozinha. "Isso é só a casa, nada mais", sussurrei para mim mesma, tentando me convencer. Mas no fundo, algo me dizia que havia mais por trás daqueles barulhos, algo que eu ainda não tinha descoberto.

Voltei para a cozinha, decidida a me distrair. Peguei o primeiro copo para lavar, mas antes de conseguir abrir a torneira, meu celular vibrou.

"Eu esperava que você fosse mais esperta, mas aparentemente é só burra mesmo."

Era o número desconhecido de novo. O tom agressivo da mensagem me fez estremecer. Meu primeiro instinto foi pensar que a pessoa ainda estava mandando mensagens para o número errado. Pensei em ignorar, mas antes que eu pudesse processar isso, outra mensagem chegou.

"Eu achei que tinha dito para usar um vestido curto."

Revirei os olhos. Só podia ser brincadeira, né? Respirei fundo e decidi responder.

"E eu acho que você errou o número."

Assim que enviei a mensagem, outra resposta chegou quase que instantaneamente.

"Não, eu não errei o número, Annia. Aliás, qual a cor da sua calcinha?"

Meus dedos ficaram paralisados na tela do celular. Isso era alguma piada?

Alguém estava tentando me assustar. Mas por quê?

"Quem é você?" escrevi, esperando uma resposta.

A verdadeira obsessão. 🥀Onde histórias criam vida. Descubra agora