Ali estava eu parada diante da porta de madeira da casa de Derick. Algo dentro de mim gritava que não era uma boa ideia entrar. Os acontecimentos recentes tinham me deixado um pouco assustada. Eu queria ir embora. Nada me prendia ali, exceto o olhar de desaprovação da minha mãe quando soubesse que eu estava desempregada e sem dinheiro.
Derick havia me pago há alguns dias, e eu consegui mandar um pouco para minha família. Com o que restou, eu certamente compraria roupas. O inverno estava chegando, e eu não tinha peças adequadas para o frio.
Fiquei parada por alguns segundos antes de colocar a mão na maçaneta. A ideia de ver Derick irritado não era das melhores. Mas, então, meu celular vibrou. Um calafrio percorreu meu corpo quando ele começou a apitar desesperadamente, avisando que várias mensagens haviam chegado, uma atrás da outra. Torci para que fosse minha mãe ou qualquer pessoa me contando alguma novidade.
Peguei o celular com as mãos trêmulas e desbloqueei o aparelho. Na minha cabeça, eu só pensava: "Por favor, não seja ele. Por favor, não seja ele."
Bom, minha vida atual não estava me dando muitas escolhas, e parecia que o karma estava me testando de vez.
"Annia"
"Annia"
"Annia"
As mensagens se seguiam assim, uma atrás da outra, do número desconhecido. Ele queria minha atenção, e algo me dizia que eu logo descobriria o porquê. Respirei fundo e enviei:
"Olha só, é melhor você parar."
Eu estava de saco cheio. Já tinha problemas demais para resolver. Talvez fosse uma brincadeira sem graça e eu estivesse apenas delirando. Se eu soubesse quem era, já teria gritado com a pessoa, mas como não sabia, só podia xingá-la mentalmente.
Mais uma mensagem.
"Olhe para trás."
Senti minha pressão cair lentamente. A única coisa que me veio à cabeça foi que a pessoa estaria ali, atrás de mim, pronta para me matar. Meu estômago se revirou, e meu cérebro parecia congelado. Minhas mãos começaram a gelar, e aquele arrepio que me acompanhava desde que cheguei aqui ficou mais forte. Engoli em seco, respirei fundo e cerrei o punho, pronta para atacar quem quer que estivesse ali.
Me virei rapidamente, tentando entender o que estava acontecendo, mas, ao olhar, nada. Somente as árvores balançando ao vento e o sol se pondo, quase se escondendo. Olhei para todos os lados. Não havia ninguém ali. Nem sequer ouvi qualquer som.
Minhas mãos ainda tremiam quando gritei:
— Quem é você?! O que você quer?! Eu não tenho dinheiro, então não seja estúpido!
Ninguém respondeu. Mas, ao olhar para uma das árvores, pude ver alguém - ou algo - se escondendo. Quem quer que fosse, estava se divertindo com o fato de me deixar fora de controle. Pisquei, assustada, e não vi mais nada nos dois minutos que passei encarando aquela árvore. Ninguém se mexia. Se alguém estava ali, certamente tinha um ótimo autocontrole.
Respirei fundo e coloquei a mão na cabeça. Preciso de um psicólogo. Talvez seja estresse pós-traumático depois de quase morrer nas mãos de Miller.
— Annia? — a voz era de Derick, vindo por trás de mim. Me virei, encarando-o. Ele me olhava com uma expressão confusa e preocupada. - Com quem você está falando?
Eu o encarei por alguns segundos, tentando processar suas palavras. Minha mente ainda estava presa àquela árvore e ao que eu achava ter visto. Mas o rosto de Derick estava tão sereno que, por um momento, eu pensei estar imaginando tudo. Respirei fundo, queria o abraçar, me envolver em seus braços, por algum motivo, ali dentro de um abraço com ele, parecia seguro.
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A verdadeira obsessão. 🥀
Tajemnica / ThrillerEle está mais perto do que você imagina. "Ali, na parede diante de mim, vi fragmentos da minha vida que nem eu mesma lembrava: momentos de distração, uma foto minha indo ao mercado, até uma foto minha dormindo no sofá de Amber. A proximidade com q...