🌞CAPÍTULO 49🌻

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Boa leitura




O jantar beneficente oferecido pela família Traipipattanapong começaria pontualmente às 19h, enquanto a coletiva de imprensa de Gulf estava marcada para as 20h. Gulf havia planejado cada detalhe minuciosamente. Conversou em segredo com alguns garçons que trabalhariam no evento beneficente, oferecendo uma boa quantia em dinheiro para que ligassem o telão no momento exato. Ele sabia que o telão estava programado para exibir homenagens à família Traipipattanapong, mas queria garantir que, antes dessas mensagens, sua própria voz ecoasse por todo o salão. Gulf pretendia contar ao público o que sabia sobre os Traipipattanapong e revelar verdades que muitos ali prefeririam não ouvir.

Em suas visitas disfarçadas ao local do evento, ele tinha se passado por um potencial cliente interessado em alugar o espaço. Isso lhe permitiu observar cada canto estratégico do salão, principalmente o telão, onde, por fim, seus aliados fariam o ajuste para transmitir sua mensagem. Tudo estava combinado – um dos garçons acionaria o telão no momento certo, antes que as homenagens se iniciassem.

A festa beneficente começou de forma impecável. Carros luxuosos se alinhavam à porta, convidados elegantemente vestidos desfilavam pelo local, e doações generosas enchiam o cofre do evento. O suficiente para construir três orfanatos, se assim quisessem. Porém, Gulf sabia que muitos daqueles presentes não doavam por genuína preocupação com as crianças, mas por desejarem a boa imagem que poderiam projetar na mídia. Para a família Traipipattanapong, tudo era parte de uma encenação; o evento não passava de uma fachada conveniente para lavar o dinheiro sujo do tráfico de armas.

Na boate, Gulf sentia o nervosismo crescendo conforme o relógio avançava. Ele observava os repórteres chegarem, fotógrafos se posicionando, câmeras apontadas para capturar o que seria a noite de revelações. Alguns jornalistas estavam dentro do salão da boate, outros aguardavam do lado de fora, ansiosos para registrar cada momento da coletiva. Gulf sabia que a primeira coisa a ser revelada seria o letreiro da boate – um nome escolhido com cuidado, representando uma parte de sua vingança – e, em seguida, ele exporia toda a verdade.

Ele estava em um quarto nos fundos da boate, cercado de aliados de confiança: Boun, Prem, Mild e mais dois seguranças. Conversavam calmamente, mas atentos a cada detalhe do plano. Sabiam dos riscos, e Boun não hesitou em reforçar as instruções para o caso de qualquer situação fora do previsto. “Se houver algum sinal de perigo, vocês tiram o Gulf daqui imediatamente, mesmo contra a vontade dele,” ordenou, sua voz firme, mas cautelosa.

Gulf lançou um olhar sério para Boun. “Você não pode fazer isso, Boun.”

“Posso sim,” respondeu Boun com determinação. “Como seu amigo, advogado e segurança, minha obrigação é proteger você, até mesmo de si próprio.”

Gulf suspirou, resignado. Ele sabia que estava cercado por pessoas que realmente se preocupavam com seu bem-estar e que fariam de tudo para protegê-lo, independentemente das circunstâncias.

Conforme o horário se aproximava, a ansiedade crescia. A boate estava impecavelmente organizada, e alguns clientes já ocupavam o salão – homens que preferiam observar, jogar, beber e fumar charutos, aguardando o momento mais movimentado da noite. Gulf, Boun, Prem e Mild fizeram uma última inspeção, garantindo que cada detalhe estivesse em ordem. Faltava muito pouco para a coletiva começar, e a tensão no ar era palpável.

Naquele momento, Gulf sentiu uma pontada de medo, mas também uma certeza – ele não podia voltar atrás agora. Sabia que expor os Traipipattanapong o colocaria em risco, mas precisava fazer isso, precisava encerrar aquela história. Enquanto aguardava o início, o pensamento em  Mew o fortaleceu. Gulf desejava mais que tudo voltar para o namorado com o coração em paz, livre de qualquer segredo. Sabia que seria difícil, mas uma nova vida o aguardava se pudesse enfrentar essa tempestade.

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